Caro amigo Paulo Mourão,
Estou terminando os preparativos para sair de viagem na manhã desta terça-feira, quando seguirei para o Paraná e o interior de São Paulo. Mas não poderia pegar a estrada e encarar mais de 2 mil quilômetros sem antes comentar com você, que é um dos maiores e mais sérios pensadores do Tocantins, sobre os números que me assombraram nessa segunda-feira. Quase um terço de nossa população, bom amigo, vive abaixo da linha de pobreza! Isso é assustador.
Ao me deparar com esses números trágicos lembrei das nossas frequentes conversas sobre a necessidade de este Estado levar a sério o planejamento para as próximas décadas, de forma a contribuir decisivamente para o fortalecimento de nossas cadeias produtivas para gerar emprego e renda e, assim, promover inclusão social, garantir efetiva cidadania a essas famílias e acabar com esses índices que envergonham todos os que temos compromisso com a construção de um Tocantins verdadeiramente justo e para todos.
Claro que precisamos comemorar a redução desses indicadores, uma vez que os tocantinenses que viviam abaixo da linha de pobreza somavam 42,8% em 2021 e agora são 28,6%, uma queda de 14,2 pontos percentuais, o que significa 217 mil tocantinenses retirados desse contingente. Eram 682 mil em 2021 e em 2023 totalizaram 465 mil. Em parte pelo aquecimento do nosso mercado no pós-pandemia, mas, principalmente, graças ao fortalecimento dos programas sociais no governo do presidente Lula. Importante lembrar, Paulo, aos que veem como mero “gasto”, que esse — na verdade — investimento não assegura só dignidade às famílias que deixam a linha de pobreza, mas também fomenta a economia, porque, com a melhora de sua renda, elas são incluídas no mercado de consumo. Ganham, sobretudo, as pequenas cidades, onde faltam oportunidades de trabalho e o pobre é usado como moeda de barganha pelos coronéis locais nas eleições.
De toda forma, amigo, num Estado com tantas potencialidades como o nosso, não é possível aceitar que as pessoas continuem a depender de programas sociais, que são, sim, absolutamente necessários. Contudo, precisamos dar o passo seguinte. A solução definitiva passa pelos líderes, aqueles que hoje detêm o poder. Como sempre defendemos em nossos colóquios, é fundamental que as entidades da sociedade civil sejam convidadas a se sentar à mesa para um grande trabalho de planejamento do Estado. Primeiro do próprio governo, que já está tendo que efetuar desembolsos milionários para cobrir o déficit da Previdência, recursos que deixam de ser investidos em saúde, educação, segurança e infraestrutura. Depois para definir que Tocantins queremos e como aproveitar nossas vocações regionais. Enfim, pla-ne-jar as próximas décadas. Sair do provincianismo de fazer política visando as eleições seguintes, como ocorre desde o final do segundo governo Siqueira Campos.
Se não nos vermos até o fim do ano, amigo, um feliz Natal e um 2025 de muita prosperidade para você, sua família e a este Estado que tanto amamos, mas que insiste em olhar para os pés e não para o horizonte, para um futuro de efetivo progresso.
Saudações democráticas,
CT