Caro amigo Paulo Sidnei,
Vendo os dois incumbentes dos mais elevados postos do executivo tocantinense, o governador Wanderlei Barbosa e a prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro, se portarem publicamente como legítimos liliputianos, não tive como não me lembrar de você e do governador Moisés Avelino. Não que também o sejam. Muito pelo contrário. Justamente porque são duas das personalidades da nossa política que sempre se mostraram à altura dos cargos que ocuparam.
Longe de querer com esta epístola mandá-los para a Lilipute de Wanderlei e Cinthia, e envolvê-los nessa nano querela de governador e prefeita. Apenas gostaria de lembrar que já tivemos homens públicos neste Estado dados aos grandes interesses de uma sociedade que tem desafios gigantescos a vencer — um terço de nossa gente está abaixo da linha de pobreza! — e às discussões estruturantes mais fundamentais ao nosso desenvolvimento.
Querido Paulo, eu o conheci como deputado estadual no início dos anos 2000, na fileira ainda esvaziada de adversários do siqueirismo. Como democrata de raízes profundas, mesmo sendo opositor histórico do governador Siqueira Campos, você nunca foi à tribuna ou à imprensa para uma discussão ao rés do chão contra o grande líder da União do Tocantins ou aliados dele. Sempre manteve a espinha ereta, com a postura altiva em discursos e entrevistas — e fizemos várias na época –, ainda que crítico e firme em suas posições. Isso é grandeza do espírito público. Da mesma forma o comportamento do governador Moisés Avelino. Por isso, desde os nossos primeiros contatos, eu os tive como duas personalidades que dignificavam os cargos e, consequentemente, o Tocantins e sua população.
Vocês, amigo, fazem falta à política estadual. Hoje o que prevalece é isso: de um lado, os ataques públicos gratuitos via redes sociais, em busca de engajamento e mais seguidores, ou mera pirraça, com debates marcados pela superficialidade e pela fulanização; e, de outro, a práxis política em que o cérebro não é órgão de onde jorram a ponderação, a diplomacia e a inteligência, mas o fígado, que conduz com a bile amargosa as reações infantis que culminam invariavelmente em excessos de testosterona, como era comum da Idade Média aos tempos das cavernas.
Para você ter ideia, Paulo, nem prefeita, nem governador emitiu qualquer mensagem de Natal à sua população. Assim, o espírito natalino que avocaram foi tão somente as palavras da diatribe que travaram via redes sociais e imprensa, quando, pela tristeza e luto que vivemos, deveríamos ter ouvido dos dois grandes líderes do Tocantins mensagens de esperança de dias melhores.
Minha expectativa sempre presente é de que o eleitor possa renovar nossa liderança, um campo hoje de um deserto desalentador. Que outros Paulo Sidnei e Moisés Avelino possam emergir para devolver grandeza à vida pública do Estado. Mas, reconheço, não está fácil.
Que o amigo tenha tido um bom Natal e que seu 2025 seja de muita paz, saúde, felicidades e prosperidade.
Saudações democráticas,
CT