Cara Polyanna,
Não poderia encerrar este ciclo de epistolografia eleitoral sem me dirigir à nossa próxima primeira-dama, quem mais emocionou a mim e a grande parte da Capital com aquele vídeo do início do segundo turno. Sua coragem de expor a dor da perda de seu amado filho, o abismo profundo em que se viu naquele momento e como conseguiu, pela fé e por sua família, encontrar tamanha força para a superação, nos cativou. Contemplamos nos poucos minutos do vídeo um imenso ser humano que, após todo esse padecimento, se empoderou a ponto de abraçar o marido e travar a cruzada tão brutal dos últimos meses. Essa saga que assistimos, Polyanna, mostrou que você está mais do que preparada para ser co-prefeita desta cidade que tanto amamos.
Enquanto seus adversários foram buscar cabos eleitorais poderosos, Eduardo Siqueira Campos tinha a seu lado uma aliada de luz e energia inesgotáveis. Não tenho dúvida de que você foi a pedra angular que deu sustentação à campanha vitoriosa do prefeito eleito. Esses dias me questionaram pela análise que fiz em que afirmava que essa batalha foi de Davi contra Golias. Apresentaram a contra-argumentação: Eduardo teve ao seu lado, no segundo turno, a prefeita Cinthia Ribeiro, o deputado federal Vicentinho Júnior, os estaduais Jair Farias e Vanda Monteiro e os ex-prefeitos Carlos Amastha e Raul Filho, inclusive, chamados pelo senador Eduardo Gomes de “Sine político”.
Sem dúvida, apesar desse deboche próprio de campanha, um grupo com muita disposição e prestígio, mas nada se compara ao que vimos no outro palanque: governador, dois senadores, uns cinco deputados federais, 17 deputados estaduais, Jair e Michelle Bolsonaro, Nikolas Ferreira, ex-ministros, mais de metade da Câmara de Palmas e depois 16 vereadores eleitos e os que não se elegeram, além de secretários de Estado e recursos empregados de que nunca se teve notícia em outra eleição da Capital. Dessa forma, foi, sim, uma batalha histórica de Davi contra Golias sem precedentes nesta jovem cidade. Claro que cada um tem o direito líquido e certo de sofismar a derrota como quiser.
Que toda essa sua sensibilidade e essa sua luz possam ser colocadas no cuidado com os menos favorecidos. Cara Polyanna, Palmas, com todos os encantos, é também enganosa, com um projeto que esconde suas desigualdades. Em grande parte do plano diretor resplandecem nossas belezas e nossa pujança, porém, há muitas famílias lutando diariamente pelo acesso a uma única refeição e para sobreviver dentro de muquifos totalmente impróprios à vida. É uma dor diferente da que você enfrentou, mas, sem dúvida, também extremamente dilacerante.
Sua trajetória e “ressurreição” somadas à sua sensibilidade, que a forjaram para essa abençoada missão, me lembram de trecho de Jeremias sobre o choro de Raquel: “Assim diz o Senhor: Ouviu-se um clamor em Ramá, pranto e grande lamento; era Raquel chorando por seus filhos e inconsolável por causa deles, porque já não existem. Assim diz o Senhor: Reprime a tua voz de choro e as lágrimas de teus olhos; porque há recompensa para as tuas obras, diz o Senhor” (Jr 31:15-16).
Boa sorte nessa grande empreitada e que você possa continuar irradiando luz, força e sabedoria para todos os palmenses.
Saudações,
CT