Em meio à crise com MDB, o candidato a governador do PSB, Carlos Amastha, tentou mostrar que nem todos no partido têm a mesma aversão a ele, como se propaga. Para isso, fez uma visita de cortesia na manhã desta terça-feira, 21, a um dos emedebistas mais respeitados do Tocantins, o ex-governador e prefeito de Paraíso, Moisés Avelino, com a mediação do senador Vicentinho Alves (PR), que integra a majoritária de Amastha e é amigo pessoal do cacique. Mas deu ruim.
“Eu o recebi muito bem aqui, foi uma visita de cortesia e ele me pediu apoio”, contou Avelino ao blog no início da tarde desta terça. Contudo, o ex-governador respondeu a Amastha que não tinha condições de apoiá-lo, como já tinha avisado à cúpula do MDB na última reunião do partido. “Eu disse a ele da minha posição. Na reunião do MDB, feita dias atrás, em que se decidiu apoiá-lo, eu disse à cúpula do partido que não acompanhava, eu era um voto dissidente”, lembrou Avelino.
Amastha então inventou de perguntar o porquê de o prefeito de Paraíso não poder apoiar sua candidatura a governador. Avelino, com sua conhecida franqueza e transparência, detalhou os motivos: “Eu expliquei a razão, já que ele me perguntou o porquê. Eu disse que era em função das declarações dele durante essa caminhada de muito tempo para cá, em que postou nas redes sociais que, dos políticos velhos do MDB e do Tocantins, ninguém prestava, que tinha que renovar tudo”, contou Avelino ao blog.
Para o ex-governador, Amastha “generalizou”. “E generalizando, eu disse a ele que me incluía dentro desses políticos velhos. Portanto, reafirmei ao Amastha que eu não tinha condições de apoiá-lo”, arrematou o ex-governador. “Ele me pediu para rever essa situação, mas não prometi nada. Mantenho a minha posição.”
Apesar de não seguir com Amastha, Avelino disse ao blog que sua proposta “é ficar quieto”. “Não vou subir no palanque de nenhum para não prejudicar os companheiros das proporcionais”, avisou.
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Era previsto
O líder emedebista disse que preferia não comentar o episódio de Sítio Novo, onde, no sábado, 18, no lançamento da candidatura a deputado estadual do ex-prefeito Jair Farias (MDB), Amastha se recusou a subir no palanque por causa da presença do ex-governador Marcelo Miranda e da ex-primeira-dama e deputada federal Dulce Miranda, também dois importantes líderes do MDB. “Mas eu já tinha previsto esse tipo de postura na última reunião do MDB. Sabia que iria ocorrer”, resumiu Avelino.
Apesar da franqueza dos esclarecimentos, publicamente Amastha preferiu ver o lado positivo da visita a Avelino: “Foi um encontro muito bom, amigável e proveitoso. O doutor Moisés Avelino é uma das principais figuras políticas do nosso Estado, um homem sábio, respeitado e que muito contribuiu e contribuiu para o Tocantins”, elogiou o candidato do PSB, num texto distribuído por sua assessoria à imprensa.
Reunião nesta quarta
O MDB se reunirá na manhã desta quarta-feira, 22, e um dos pontos do encontro será o constrangimento que o partido e seus líderes passaram em Sítio Novo. Nessa segunda-feira, 20, dois importantes nomes da legenda reagiram ao episódio. O presidente regional, Derval de Paiva, disse que a relação com Amastha “está impossível”. “É o desrespeito, é o desapreço, é a deseducação”, lamentou.
O deputado federal Freire Júnior defendeu que o MDB libere seus líderes a declarar apoio a quem quiserem. “Um cara que até poucos dias atrás nos enxovalhava, xingando os nossos líderes todos de ‘vagabundos’, a menor ofensa que ele fez foi nos chamar de ‘vagabundos’. Isso não podia dar em outra coisa”, afirmou.