Conheci o ex-prefeito de Sítio Novo Jair Farias (MDB) no segundo semestre do ano passado. Políticos de correntes diferentes já tinham me falado do líder que, segundo eles, é hoje o de maior ascensão no Bico do Papagaio. Jair veio até meu apartamento, onde trabalho, e conversamos longamente sobre as desigualdades da região, a necessidade que o Estado tem de renovar seus representantes e, claro, sobre o cenário para 2018. Fiquei impressionado com o carisma e a qualificação dele e, desde então, desenvolvemos uma boa amizade e uma relação muito sadia. O ex-prefeito de Sítio Novo é uma das grandes novidades políticas do Tocantins, e a expectativa de todos nós é de que bons líderes como ele consigam chegar à Assembleia e à Câmara.
Por isso, também senti muito pelo constrangimento que ele, como anfitrião, teve que enfrentar no sábado à noite, com mais uma crise de bipolaridade do candidato do PSB, Carlos Amastha. Não adianta tentar desmentir o óbvio. Como Jair tem uma excelente relação com o ex-governador Marcelo Miranda (MDB) e com a ex-primeira-dama e deputada federal Dulce Miranda (MDB) é claro que o casal estaria no lançamento da candidatura dele a deputado estadual.
[bs-quote quote=”Quando pensa primeiro em si e não valoriza seus líderes, Amastha reforça a imagem da pessoa que não passa segurança e confiança que construiu ao longo de sua meteórica carreira política. O maior desafio do candidato do PSB hoje era justamente mostrar-se confiável aos olhos de prefeitos, ex-prefeitos, vereadores e ex-vereadores. Contudo, nessa seara está obtendo um retumbante fracasso com suas crises de ego” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Amastha poderia tranquilamente ter evitado o constrangimento que gerou com uma conversa franca com Jair. Combinaria de não ir no sábado para evitar o encontro com Marcelo e Dulce e marcaria para estar nesta semana com o ex-prefeito em Sítio Novo e fazer uma grande festa. Elegantemente manteria a amizade e uma boa relação política.
O que não dá para entender é como vai à casa de Marcelo na quinta-feira, 16, como o CT revelou na noite desse domingo, 19, conversa como bom amigo e reforça a necessidade de apoio, e dois dias depois dá o maior piti. É incrível!
Vem muitas críticas de que o CT “só fala do Amastha”, o que não é verdade, mas nenhum outro candidato produz tanta notícia desfavorável gratuitamente contra si como o ex-prefeito de Palmas. O que fazemos? Simplesmente ignoramos para não magoar os eleitores dele? Desculpem-me, mas se o candidato do PSB não quer notícia ruim, então, que não as produza. Porque enquanto ele der suas mancadas, desrespeitando pessoas como Jair, o CT não vai fechar os olhos. Veja: há 15 dias desistiu da candidatura e refluiu 24 horas depois. Em seguida, dá piti para não aparecer em foto com Marcelo e Dulce. E o que fazemos? Fingimos que não vemos?
Aí vem uma questão crucial para tentar refletir e tirar lições desse episódio tragicômico. Ao fugir do palanque de Sítio Novo para não aparecer na foto com o casal, Amastha, como no episódio da desistência “the flash”, só pensou nele mais uma vez. Não levou em consideração o grande líder que preparou um palanque especial para recebê-lo e que arregimentou quase 4 mil pessoas para ouvi-lo. Nada disso. O que importa é o Amastha e o resto que se adeque a ele.
O candidato a governador do PSB não entendeu até hoje a lógica simples de um processo eleitoral como este. Em última instância, ele não fala com o povo, mas com os líderes. Estes que falam com o povo e pedem voto a Amastha. Ou seja, as palavras e gestos do ex-prefeito de Palmas deveriam primeiro considerar o que é mais essencial para a sua campanha: o líder. Ele tendo a confiança dos caciques, o povo vem junto, atraído por quem, de fato, detém o poder de influenciar na decisão do voto.
Quando pensa primeiro em si e não valoriza seus líderes, Amastha reforça a imagem da pessoa que não passa segurança e confiança que construiu ao longo de sua meteórica carreira política. O maior desafio do candidato do PSB hoje era justamente mostrar-se confiável aos olhos de prefeitos, ex-prefeitos, vereadores e ex-vereadores.
Contudo, nessa seara está obtendo um retumbante fracasso com suas crises de ego. Num dia desiste de sua candidatura, noutro recua. Depois constrange um dos maiores líderes de uma região considerada estratégica no mapa eleitoral e à qual sequer tinha acesso. No dia seguinte grava um vídeo mequetrefe tentando terceirizar a responsabilidade que é dele apenas e para lamber as feridas que provocou. Pior: acha que isso põe ponto final e que está tudo bem. Não está.
O MDB discutirá o episódio na quarta-feira, 22. O partido já está na coligação de Amastha, que tem seu horário de rádio e TV, e não há o que se fazer sobre isso. Contudo, os emedebistas, que estão enraizados nos 139 municípios do Estado, têm dezenas de prefeitos, centenas de vereadores, quatro deputados estaduais e uma deputada federal, podem decidir desconhecer a campanha de governador e cuidar apenas de suas candidaturas proporcionais, como já fez Dulce, ao discursar no sábado. Rasgou elogios a Jair Farias, falou do próprio projeto, mas ignorou solenemente a figura de Amastha.
Com um candidato de oposição desse, uma coisa é certa: o inquilino do Palácio Araguaia só tem a agradecer.
CT, Palmas, 20 de agosto de 2018.