O ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB) não sabe de nada, não viu nada e tudo é culpa de seus ex-auxiliares. É o nosso Luiz Inácio Lula da Silva. Tinha a caneta na mão, nomeou os “zé ruelas” para comandar o PreviPalmas, o instituto de Previdência dos servidores da Capital, mas, depois, até esqueceu que eles existiam e só soube pela imprensa dos R$ 50 milhões que o órgão jogou fora. Um roteiro digno do ex-presidente petista.
[bs-quote quote=”Como o ex-prefeito, que se vende como o suprassumo da gestão, permitiu que dois ‘zé ruelas’ pegassem R$ 50 milhões dos servidores de Palmas e aplicassem sem que tivesse conhecimento? Se isso é verdade e se ainda é verdade que só soube pela imprensa, Amastha é incompetente. Se sabia, é, no mínimo, corresponsável” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
A tarde de depoimentos da CPI, nessa terça-feira, 6, foi um dos episódios mais lamentáveis da história do Legislativo palmense. Os vereadores membros da comissão deram a impressão de que sequer sabiam do que se tratava. Perguntas óbvias de quem não sabe o que perguntar, ou silêncio inadmissível de quem estava ali para questionar.
Pior: o único que tentava emparedar Amastha e os demais depoentes, o vereador Léo Barbosa (SD), era interrompido insistentemente pelo presidente Júnior Geo (Pros). A desculpa era que Amastha estava ali como testemunha, não como investigado. Outro absurdo: testemunha é a secretária dele, o motorista, a copeira, o segurança. Amastha deveria ter sido convocado como investigado. Afinal, tinha poder de mando.
Outra desculpa que passaram à coluna: convocaram o ex-prefeito como testemunha porque, como investigado, ele poderia se calar e não responder nada. Ótimo. Que se calasse e todos o assistiríamos por horas ele dizendo que se recusava a responder. Outro erro absurdo da CPI.
O primeiro equívoco foi a formação da comissão, com vereadores que não têm perfil de enfrentamento. Os que poderiam fazer o debate e que acompanhavam mais de perto as denúncias ficaram de fora. Omissão deles ou critério do Regimento? De toda forma, escalaram retranqueiros no lugar de goleadores.
Então, vimos nessa terça-feira o que pareceu um peça teatral de péssima qualidade, com atores tímidos, medrosos, recolhidos e com total desconhecimento de causa. De novo: absurdo!
Em relação a Amastha, foi a terceira vez em 40 dias que ele tangencia para não enfrentar as denúncias. A primeira foi na entrevista à TV Jovem/Record no final de setembro e a segunda no debate da TV Anhanguera no início de outubro. Ele demonstra que não tem disposição de debater o que realmente importa no tema e sai pela lateral.
Como sempre, traz a cantilena de que repassou corretamente as contribuições trabalhistas e patronal do PreviPalmas, quando não é esta a questão que se discute. O que se discute é por que o instituto pegou R$ 30 milhões e depois mais R$ 20 milhões e, de forma desenquadrada, fez investimentos de alto risco num empreendimento que não demonstra nenhum futuro, inclusive as obras estão paradas há meses.
Amastha vivia dizendo à imprensa — só para este colunista, foram várias vezes — que se orgulhava do fato de os recursos do PreviPalmas não saírem da Caixa e do Banco do Brasil, pela solidez e segurança dessas instituições. Afirmava isso quando estourou o escândalo do Igeprev. Então, por que foi tirado? Inclusive, para uns vigaristas que deram prejuízo de R$ 303 milhões ao Igeprev.
O ex-governador do Paraná Jaime Lerner é o elo de Palmas com o tal Cais Mauá? Arquiteto renomado, Lerner é o autor do projeto e amigo pessoal de Amastha. O ex-governador paranaense foi alvo de busca e apreensão no escritório e na residência na Operação Nosotros. Lerner indicou o Cais Mauá para o PreviPalmas? Ele precisa ser convocado pela CPI.
Como o ex-prefeito, que se vende como o suprassumo da gestão, permitiu que dois “zé ruelas” pegassem R$ 50 milhões dos servidores de Palmas e aplicassem sem que tivesse conhecimento? Se isso é verdade e se ainda é verdade que só soube pela imprensa, Amastha é incompetente. Se sabia, é, no mínimo, corresponsável.
Fontes da CPI afirmam que as empresas serão convocadas a se explicarem, questionamento que o CT fez nessa terça. Dizem que isso foi aprovado na quinta-feira, 1º. Só não dá para entender porque não tinha sido divulgado até a crítica do site. O fato é que outros vereadores, sindicalistas e especialistas do mercado que acompanham o caso do PreviPalmas saíram totalmente frustrados dos depoimentos dessa terça. Uma expressão a coluna ouviu de todos: “Uma palhaçada”.
Como ainda não terminou, é preciso aguardar as próximas semanas da comissão. No entanto, essa primeira impressão que deixou foi a pior possível.
CT, Palmas, 7 de novembro de 2018.