Horas depois dessa nova loucura do ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB) de desistir da candidatura de governador, sem pensar num monte de pessoas sérias que acreditaram nele, como os senadores Vicentinho Alves (PR) e Ataídes Oliveira (PSDB) e o empresário Oswaldo Stival Júnior (PSDB), seu candidato a vice, conversei por muito tempo com um amigo vereador, ex-apaixonado pelo pessebista. “O encanto passou, ainda que ele reflua dessa decisão”, avisou ele.
Esse líder me disse que vai pedir voto para seu candidato a deputado estadual e para seu senador, mas não quer mais conversa com Amastha e não acredita em outro candidato a governador.
[bs-quote quote=”O ex-prefeito se comportou como um riquinho mimado, que, quando não aceitam as regras dele, pega a bola e vai embora, egoisticamente, sem pensar nos demais companheiros” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Essa foi a coisa mais estranha que aconteceu nos 30 anos da política tocantinense. Inclusive, um amigo que há três décadas está na estrada me afirmou isso. “Nunca vi algo assim”, me disse, perplexo.
O pior é a desculpa: por causa da saída do PTB e PCdoB da coligação. Com o tempo de TV absurdo, com infindável fundo eleitoral e as centenas de milhares de militantes desses dois partidos, realmente, é impossível fazer campanha no Tocantins sem eles. Por favor, conta outra! Com PSDB, MDB e PR na coligação, qual o peso do PTB e PCdoB? Valor sentimental? Então vai ser candidato a frei franciscano, não a governador.
Desculpem-me os puros de coração. Caminhando para quase 30 anos de cobertura de política, no meu sobra malícia e falta candura. Para mim, o buraco é muito mais embaixo.
Ora, Amastha achava mesmo que atraindo PSDB, MDB e PR conseguiria comportar todas as demandas dos candidatos proporcionais? Os candidatos Márlon Reis (Rede) e Mauro Carlesse (PHS) tiveram problemas, momentos de tensão, de incompreensão, dúvidas. Nem por isso ameaçaram desistir.
Amastha foi candidato a prefeito em 2012 e 2016, sem qualquer problema para compor as proporcionais? Nas últimas eleições municipais perdeu o grupo da senadora Kátia Abreu (PDT) porque não cedeu a vaga de vice para o filho dela, Iratã Abreu. Sequer ameaçou a desistir por causa disso.
Mas ele só não vive sem o PTB e o PCdoB? Os demais podem sair todos, desde que fiquem esses dois? Continua nos tratando como retardados.
Além disso, o empresário Carlos Amastha é um negociante magnífico, até onde se sabe. Mas, na política, abandona a mesa de conversa com a primeira baixa de aliados? Me engana que gosto.
O ex-prefeito se comportou como um riquinho mimado, que, quando não aceitam as regras dele, pega a bola e vai embora, egoisticamente, sem pensar nos demais companheiros.
Pior: fala como se a substituição de seu nome, pura e simplesmente, resolvesse o problema. Esse projeto já está seriamente comprometido, e todos ficaram fragilizados: candidatos a senador, deputados federais e estaduais. Isso se o mimado retomar a candidatura ou se continuar fazendo birra.
Amastha já era visto com desconfiança pela classe política de todo o Estado por ser passional, temperamental, por não dar segurança de que leva a política a sério. Com a decisão inédita, intempestiva e até irresponsável dessa segunda-feira, 6, agora é que terá muita dificuldade de convencer alguém a caminhar com ele. Diga-se: a começar dos próprios companheiros, que estão abismados e desanimados.
E a militância? Como vai confiar que amanhã ou depois seu comandante não acordará sem vontade de “brincar” e resolverá ficar em casa de beiço derrubado, carente de afagos para voltar à campanha?
Um experiente político há uns meses foi procurado por homens fortes de Amastha, dizendo que o então prefeito queria uma conversa. Esse político disparou a pergunta que se revela fulcral nessa desistência de candidatura: “Qual Amastha quer conversar comigo? O das 6 da manhã, o do meio-dia ou o das 6 da tarde?”.
Tem muita especulação sobre os reais motivos dessa desistência. Não vou embarcar nessa seara porque odeio teorias da conspiração. Fazem seus defensores parecerem debilóides. Veja os petistas “explicando” a “perseguição” a seu presidiário, o Lula. Parecem com déficit de QI. Falam do juiz Sérgio Moro a serviço da CIA e até da influência dos Illuminati.
De toda forma, uma coisa é certa: não tem qualquer relação com a saída do PTB e PCdoB da base.
Essa justificativa é mais uma demonstração de que o ex-prefeito nos considera todos débeis mentais.
CT, Palmas, 7 de agosto de 2018.