A coluna já afirmou aqui algumas vezes — e reforça — que, se o ex-presidente Michel Temer, de um lado, foi tragado pela crise moral que contamina os principais líderes do país, e que resultou na prisão dele semana passada; de outro, salvou o Brasil do abismo econômico para o qual nos conduzia o PT. No entanto, a desmoralização advinda do caso JBS impediu que Temer conseguisse realizar a principal de todas as reformas, a da Previdência.
[bs-quote quote=”Cada dia mais fica evidente que falta ao presidente senso da grandeza do cargo que ocupa. Bolsonaro ainda não se institucionalizou, continua num palanque eleitoral, quixotescamente, combatendo moinhos de vento” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
O presidente Jair Bolsonaro foi eleito de forma consagradora e, com isso, tem todas as condições de realizar a Reforma da Previdência que o Brasil precisa, para equilibrar as contas, garantir justiça e o futuro das aposentadorias e pensões.
É preciso acabar com o déficit da Previdência, que fechou 2018 em R$ 288,8 bilhões e, para 2019, deve ficar em R$ 309 bilhões. Os que mais estrebucham são os servidores de elite, que ganham muito e se aposentam em torno dos 50 anos. Assim, eles têm todo interesse em manter o atual sistema, com todas as suas injustiças, fazendo com que o País continue a carregá-los nas costas.
No entanto, o presidente parece que ou não entendeu o tamanho do seu desafio, ou não tem interesse de fazer a reforma. A coluna, ainda durante as eleições, defendeu que Bolsanaro não é um liberal, mas um nacionalista, cuja visão é tão deturpada quanto a de um socialista. Assim, fica realmente a impressão de que o presidente está criando uma cortina de fumaça para evitar que tenha que fazer essa importante reforma.
A energia que o presidente e seus filhos destrambelhados perdem com discussões inócuas nas redes sociais, criando teorias absurdas da conspiração, ou brigas grandes com importantes aliados, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), parece sinal de quem quer colocar o mais importante debate do País como algo acessório neste momento. O Brasil não tem mais condições nem mesmo — diante da responsabilidade com a recuperação da economia e com as futuras gerações — direito de adiar mais uma vez essa reforma.
No entanto, cada dia mais fica evidente que falta ao presidente senso da grandeza do cargo que ocupa. Bolsonaro ainda não se institucionalizou, continua num palanque eleitoral, quixotescamente, combatendo moinhos de vento.
Coloca em debate a tal “nova” e “velha” política, reprisando uma discussão que o Tocantins assistiu nos últimos anos e que se revelou um grande engodo.
Bolsonaro e seus filhos precisam encarar com mais seriedade os desafios do Brasil, ou também correrão o risco de ficar pelo caminho. Afinal, o País é maior do que eles e pode atropelá-los quando se cansar de suas macaquices para entreter seus fanáticos.
Reforço o que já escrevi em outras oportunidades: pena que do outro lado estava o PT.
CT, Palmas, 25 de março de 2019.