Daqui a pouco mais de 30 dias completará um ano que o prefeito de Miracema, Moisés da Sercon, foi covardemente assassinado. Um crime que chocou não só a família e a cidade, mas todo o Estado. Do lado da Polícia, o que se vê é só pedido de paciência e da Associação Tocantinense de Municípios (ATM), que tem como missão também defender os prefeitos, um silêncio assustador. Porquê nada aconteceu até agora, ninguém sabe.
No meio do caminho o que se viu, ao invés de algum indício que desse esperança, foi a família reclamando da falta de estrutura para as investigações e da redução da equipe que tenta desvendar o que ocorreu.
[bs-quote quote=”O tiro que matou Moisés, de certa forma, atingiu todos os representantes populares, que, sem a solução para esse crime e a exemplar punição dos culpados, devem questionar até que ponto estão seguros para exercer a missão que suas comunidades lhes delegaram” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2019/07/ct01-60-final.jpeg”][/bs-quote]
Ainda que óbvio, é sempre importante frisar que há uma família desesperada, atormentada pela falta de respostas e com a lentidão da Polícia. Conforme irmãos do prefeito assassinado, a viúva é outra pessoa desde o crime, deprimida, sofrendo. Além disso, existem aqueles que, por falta de qualquer demonstração de empatia com o sofrimento alheio, espalham fuxicos, que só se disseminam porque justamente a Polícia não dá a resposta que a família e a sociedade querem.
É lamentável também a falta de ação da ATM, que parece ter esquecido que um dos seus membros foi eliminado e que talvez isso tenha relação com o exercício do mandato que a população lhe deu. Ou seja, o tiro que matou Moisés, de certa forma, atingiu todos os representantes populares, que, sem a solução para esse crime e a exemplar punição dos culpados, devem questionar até que ponto estão seguros para exercer a missão que suas comunidades lhes delegaram.
Ainda é importante frisar que o assassino [ou assassinos] está solto, curtindo a vida como se nada tivesse ocorrido, colocando em risco a sociedade, já que fica evidente que é capaz de repetir o ato ignominioso e covarde.
Por isso, a decisão da família, diante da total falta de resposta da Polícia, de contratar uma investigação particular é absolutamente compreensível. O interessante é que se optou por profissionais de fora do Tocantins para não correr o risco de haver interferência política ou corporativa nos trabalhos. Até porque já começam a surgir especulações nas redes sociais de que o culpado [ou culpados] seria alguém poderoso a ponto de fazer as investigações se arrastarem lentamente. Prefiro não acreditar nisso.
Esse crime não pode ficar sem resposta, porque, como a coluna afirma desde que ocorreu, foi um tiro certeiro na democracia do Estado.
CT, Palmas, 25 de julho de 2019.