Empresários da Capital se mostram extremamente insatisfeitos com os rumos que o prefeito de Palmas, Carlos Amastha (PSB), deu ao Conselho de Inovação e Desenvolvimento Econômico de Palmas (Cidep). A promessa inicial, quando da criação do órgão, em janeiro de 2014, era fomentar negócios e fortalecer o empresariado. Mas, passados, quatro anos, nada disso aconteceu.
A ideia surgiu a partir do exemplo da Associação Comercial e Industrial de Maringá (Acim), no Paraná, para onde um grupo de mais de 30 empresários de Palmas foram em 2013. Voltaram encantados com a proposta do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá (Codem), que funciona dentro da Acim e é comandado pelo presidente da associação comercial da cidade paranaense.
No modelo de Maringá, a prefeitura arca com os custos de quatro executivos, que desenvolvem projetos e estudos. O Codem é composto por diversas câmaras técnicas, de variadas cadeias produtivas, um trabalho que movimenta cerca de 400 pessoas.
[bs-quote quote=”Contudo, reclamam os empresários, veio a reeleição e, depois dela, as coisas mudaram, e desandaram” style=”default” align=”left” color=”#ffffff” author_name=”Cleber Toledo” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
O conselho de Maringá se tornou um grande catalizador das necessidades da economia e de segmentos diversos da sociedade e indutor de soluções. O sucesso foi tão grande que o órgão passou a ter um grande peso político na cidade. A consequência natural é que dele acabaram saindo prefeitos, deputados e vereadores maringaenses.
Vendo esta exitosa experiência, os empresários palmenses voltaram empolgados. O prefeito Carlos Amastha rapidamente se movimentou, a Câmara aprovou e a lei de criação do Cidep foi publicada no dia 1º de janeiro de 2014. Além do conselho, o município criou o Fundo de Inovação e Desenvolvimento Econômico (Fidep), que estabelece que 1% de todo pagamento feito pela prefeitura será destinado a ele para custear as ações de fomento do conselho.
O parágrafo 3º do artigo 5º da lei que criou o Cidep em 2014 previa que a presidência do órgão seria exercida pelo representante da Associação Comercial e Industrial de Palmas (Acipa) — modelo idêntico ao da Acim, em Maringá. Na ausência ou impedimento, seria substituído pelo vice-presidente, vaga que caberia à Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Palmas.
Contudo, reclamam os empresários, veio a reeleição e, depois dela, as coisas mudaram, e desandaram. No dia 30 de março do ano passado, Amastha aprovou na Câmara a Lei 2.305, que tirou o comando da Acipa e da CDL e passou para a indicação do prefeito. Literalmente, o mesmo parágrafo 3º do artigo 5º da lei que criou o Cidep passou a ter o seguinte teor:
“O cargo de Presidente e Vice-Presidente do Cidep serão exercidos por empresários atuante no município de Palmas, indicados mediante ato do Chefe do Poder Executivo”.
Ou seja, os nomes da Acipa e do CDL evaporaram.
Além disso, o fundo – Fidep — já conta com mais de R$ 1 milhão, que estão parados, sem qualquer utilização para fomentar o mercado palmense. Pior que isso: para a implantação do conselho, os empresários contrataram especialistas para montar projetos, estudar a legislação, formatar as câmaras técnicas, entre outros, com o compromisso de que seriam pagos com os recursos do Fidep. Trabalharam por mais de um ano e estão até agora sem receber.
Campanhas promocionais realizadas por entidades empresariais, com a promessa de pagamento pelo Fidep, também aguardam o repasse dos recursos.
E as câmaras técnicas, que uniriam gestão municipal, mercado e academia? Só ficou no papel, e, diga-se, o especialista que as elaborou também ficou sem receber.
Importantes empresários palmenses não têm a menor dúvida: falta vontade política para fazer o Cidep sair do marketing de sempre e chegar à promessa nunca alcançada.
Pena. Mais uma oportunidade perdida para oxigenar a economia da Capital.
CT, Palmas, 26 de fevereiro de 2018.