Não é nada contra o pré-candidato A ou B, mas em favor do Estado que a coluna tem defendido desde o início das discussões sobre a eleição suplementar que quem estiver com questionamento jurídico não deve colocar seu nome na disputa. É necessário ter nobreza e espírito público neste momento. Vivemos um tempo de exceção que torna a situação jurídica, política e econômica do Tocantins muito frágil. Assim, alguém que não atende os requisitos querendo apenas se manter em evidência para as eleições de outubro demonstra, inequivocamente, que não tem compromisso com o Estado, e, sim, tão somente com seu projeto pessoal de poder.
Por isso, é muito oportuno o critério estabelecido pelo deputado federal César Halum (PRB) de não dar seu apoio a quem esteja sub judice. Afinal, o líder deve ser o primeiro a mostrar para a sociedade que se preocupa com a segurança do Tocantins, que está comprometido em garantir estabilidade ao Estado neste momento de fragilidade, e também com a democracia.
[bs-quote quote=”Qual o compromisso que tem com o Estado alguém que tenta atropelar as regras democráticas, sabendo desse possível custo social que poderá gerar?” style=”default” align=”left” color=”#ffffff” author_name=”Cleber Toledo” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Assim, quem tenta se impor neste momento, atropelando as regras do processo democrático, precisa ser rechaçado num primeiro momento por quem tem força eleitoral. Nossa liderança deve dizer um sonoro “não” a quem, obcecado pelo poder, ignora que o Estado deve estar acima dos interesses pessoais.
Se não fizerem isso, serão responsabilizados pelas consequências. A vitória de um candidato sub judice nessa eleição suplementar — veja: usando recursos públicos do fundo eleitoral e do tempo de rádio e TV, mesmo em situação irregular (coisas de nossas leis absurdamente benevolentes) — vai aprofundar ainda mais o caos vivido pelo Tocantins. Não poderá ser diplomado, nem tomar posse. Como já estaremos nos seis meses finais do mandato, a solução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) será aquela contra a qual tanto nos colocamos: eleição indireta. Ou seja, no final das contas, a sucessão será decidida mesmo pela Assembleia. É isso mesmo que vamos querer?
Agora, qual o compromisso que tem com o Estado alguém que tenta atropelar as regras democráticas, sabendo desse possível custo social que poderá gerar? Nenhum. Só com ele mesmo. Por isso, candidatos sub judice devem ser vistos com total antipatia pelo eleitorado e serem solenemente ignorados pelos líderes, ou todos seremos cúmplices dos males que um mal-intencionado desses fará ao combalido Tocantins.
Quem realmente tem compromisso e amor por este Estado deve abrir mão neste momento em prol da segurança política, jurídica e econômica. Se tiver força eleitoral, poderá vencer as eleições de outubro. Ou a intenção seria vencer agora para meter a mão na máquina pública para financiar sua campanha em seguida?
Não há nada que justifique essa degradante decisão de disputar a eleição sem atender as regras do processo. A não ser o excesso de compromisso com a própria sede de poder, a falta de espírito público e o desapego à democracia.
Vamos todos dar um não a essa tentativa irresponsável de aprofundar uma crise que já é muito grave.
CT, Palmas, 20 de abril de 2018.