O atentado contra a vida do prefeito de Novo Acordo, Elson Lino de Aguiar Filho, o Dotozim (MDB), foi o terceiro caso registrado no Tocantins contra chefes de Executivos municipais em apenas um ano. De um lado, há o crescimento da violência no Estado; de outro, os riscos inerentes à gestão pública, uma vez que interesses mais diversos podem ser contrariados por medidas tomadas pelos prefeitos.
[bs-quote quote=”Os prefeitos precisam estar atentos, garantir sua segurança pessoal e evitar exposição a condições em que fiquem fragilizados, e, quando necessário, por imposição de seu mister, que a precaução não seja ignorada” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Em fevereiro de 2018, o prefeito de Tocantínia, Manoel Silvino, teve a casa invadida por criminosos e foi baleado. Em agosto do ano passado, o caso mais grave até agora, o assassinato do prefeito de Miracema, Moisés Costa da Silva, o Moisés da Sercom, que chocou todo o Estado e até hoje permanece sob uma nuvem espessa de dúvidas pela falta de resposta da Polícia.
Nessa quarta-feira, 9, o prefeito Dotozim foi alvejado dentro da própria casa por uma pessoa que já o teria ameaçado antes e que até chegou a ser presa por isso.
Segundo o Atlas da Violência 2018, o número de homicídios saltou 152% no Tocantins entre 2006 e 2016. A taxa de assassinatos no Estado é superior à nacional — e olha que o Brasil, pela primeira vez na história, atingiu 30 homicídios para cada 100 mil habitantes. Por aqui, esse indicador está em absurdos 37,6 pessoas a cada 100 mil habitantes.
Claro que o dado, quando cruzado com o risco inerente ao ato de administrar a coisa pública e, com isso, contrariar interesses, deve, ou deveria, aumentar os alertas dos próprios gestores como também das autoridades da Segurança Pública.
Ou seja, os prefeitos não devem descuidar por nenhum minuto de sua segurança, cuidado que também deveria estar nos planos das autoridades estaduais para os municípios. Está certo que é pedir muito que a Polícia destaque homens para garantir a segurança pessoal dos prefeitos, quando, desaparelhada, ela mal está dando conta da proteger a sociedade. Contudo, deveria pelo menos haver a orientação básica para os chefes de Executivos e dos homens que eles indicarem.
Por sua vez, é imperativo reforçar que os prefeitos precisam estar atentos, garantir sua segurança pessoal e evitar exposição a condições em que fiquem fragilizados, e, quando necessário, por imposição de seu mister, que a precaução não seja ignorada.
Do ponto de vista da sociedade, é importante entender que não se trata de privilégio a uma pessoa, mas defender uma instituição. Afinal, o prefeito não representa seus interesses, mas os da coletividade. Quando ele toma uma medida que fere grupos em benefício da sociedade pode colocar a própria vida e de sua família em risco em prol do bem comum, e, por isso, não deve ser jogado à sorte. O mesmo princípio é válido para todas as demais autoridades.
Na segunda metade dos anos 1980, o Maluco Beleza Raul Seixas já alertava numa de suas inesquecíveis músicas:
“Mamãe, não quero ser prefeito
Pode ser que eu seja eleito
E alguém pode querer me assassinar”.
CT, Palmas, 10 de janeiro de 2019.