O maior desafio dos dois candidatos que foram para o segundo turno é interromper a onda crescente de abstenções, brancos e nulos, que tende a recrudescer. Isso porque os eleitores de dois candidatos derrotados com excelente desempenho no primeiro turno — Carlos Amastha (PSB) e Márlon Reis (Rede) — são mais críticos e não veem como algo positivo as candidaturas de Mauro Carlesse (PHS) e Vicentinho Alves (PR), cercadas pelas oligarquias que sempre comandaram o Tocantins, e que foram os principais alvos combatidos por Amastha e Márlon.
Dos 1.018.329 eleitores, 443.414 (43,54%) ou abstiveram, ou anularam, ou votaram em branco. Amastha fez 123.103 votos e Márlon Reis outros 56.952. Ou seja, por aí dá para perceber o potencial de crescimento da onda do “não voto”.
[bs-quote quote=”As campanhas vão caminhar em dois sentidos: buscar os eleitores da candidata Kátia Abreu (PDT), que tem mais identificação com o perfil de Carlesse e Vicentinho, já que sua líder possui configuração semelhante; e também tentarem votos do quintal do vizinho, ou seja, um vai para cima do eleitor do outro” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Para reforçar essa possibilidade, a tendência dos dois candidatos derrotados é não apoiar nenhum dos grupos tradicionais. Uma estratégia coerente com o discurso que sustentaram durante toda a campanha, mas também uma medida de autopreservação visando outubro. Márlon disputará o “terceiro turno” e Amastha flerta com esta possibilidade. Assim, dar apoio neste momento a Carlesse ou Vicentinho é uma forma de derrubar seus palanques já que os dois representam o que os candidatos derrotados sempre classificaram de retrocesso e causa do sofrimento do povo tocantinense.
Assim, já que não poderá ter os dois em seus palanques, restará a Carlesse e Vicentinho ajustar o discurso e o programa de governo para tentar atrair pelo menos parte dos eleitores dos dois derrotados e ainda aqueles que não tiveram interesse de ir às urnas no domingo, 3, ou que anularam ou votaram em branco.
Não será uma tarefa fácil, e um percentual muito pequeno desses eleitores tendem a ser demovidos da ideia de desperdiçar o voto. Contudo, será preciso tentar.
Paralelo a isso, as campanhas vão caminhar em dois sentidos: buscar os eleitores da candidata Kátia Abreu (PDT), que tem mais identificação com o perfil de Carlesse e Vicentinho, já que sua líder possui configuração semelhante; e também tentarem votos do quintal do vizinho, ou seja, um vai para cima do eleitor do outro.
Uma estratégia é se aproveitar das disputas locais. Exemplo: um grupo de oposição de determinada cidade que apoiou Kátia, contra um prefeito aliado de Vicentinho, dificilmente esses líderes derrotados subirão no palanque do republicano. O inverso também é verdadeiro: se a oposição apoiou a pedetista contra um prefeito pró-Carlesse, não estará com o governador interino no segundo turno.
Essas são nuances do processo eleitoral que as duas campanhas estão estudando profundamente. Cada milímetro de território conquistado pode ser decisivo. Por isso, nenhum aspecto da disputa vai passar despercebido.
CT, Palmas, 5 de junho de 2018.