A nota do pré-candidato a governador e prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas (PR), à imprensa, na segunda-feira, 29, tem uma mensagem muita clara, a quem interessar possa: ele quer se descolar do Palácio Araguaia. No momento em que a verborragia descontrolada do também pré-candidato e prefeito de Palmas, Carlos Amastha (PSB), se volta para o “novo” — rótulo que o pessebista se dá, apesar de todos fatos que mostram se tratar mais do mesmo —, não é interessante para Dimas se colocar no conjunto daqueles apontados como “velha política”.
Como a coluna já afirmou, o republicano é o mais perfeito antiamastha entre os pré-candidatos colocados na corrida sucessória, ainda que não queira sê-lo. Ambos são empresários bem-sucedidos, bons gestores e com administrações municipais bem avaliadas. No entanto, tem uma virtude em Dimas que o torna o pré-candidato preferido da classe política e econômica do Tocantins: o ótimo trânsito junto aos líderes do Estado, o que Amastha, pela verborragia inflamada, não possui.
Do ponto de vista do populacho, o discurso do prefeito de Palmas é perfeitamente recebido. Nenhum político presta, tudo é “vagabundo”. É a tese popular que se sobressai na esteira do descrédito da política e dos políticos, situação crítica que está levando o País ao desconhecido, em meio a denso nevoeiro, que pode dar num abismo. A leitura das pesquisas eleitorais sobre a disputa pela Presidência deixa isso bem evidente, quando despontam um ladrão e um louco.
No entanto, entre homens e mulheres de responsabilidade e de compromisso com o Estado e o País, existe uma preocupação com o crescente populismo que se aproveita para surfar na onda de todo esse descrédito. O Brasil e o Tocantins precisam de mudanças radicais na cultura política, isso é inquestionável. Agora, a dúvida é qual o caminho seguir. No plano nacional, repetir toda a lama que estamos assistindo ou entregar o poder a um lunático? No Tocantins deve prevalecer a obscuridade de um “novo” que, cercado de estranhos que lembram gafanhotos que pousam, comem tudo que veem pela frente e voam para longe; repete as práticas daqueles de quem diz virtualmente discordar, mas, como bom vendedor, oferece um embrulho bonito, pensado e produzido pelo marketing?
Essas são as questões que hoje mais ocupam as mentes daqueles que têm compromisso com o Brasil e com o Tocantins, e que mobilizam muitas intensas conversas e reflexões.
É nesse contexto que se coloca o significado da nota de Dimas enviada à imprensa na segunda-feira. Num momento de extrema nebulosidade, o que se apreende de suas palavras, quando agradece à proposta de frente ampla do MDB mas diz ter um projeto diferente para o Estado, é que pretende se descolar enquanto o nevoeiro se esvai e o cenário se torna mais claro.
Homem de gestos e palavras sóbrias, o prefeito de Araguaína envia a mensagem de que prefere continuar trilhando caminho próprio, mas respeitando todos que peregrinam pela mesma estrada. Afinal, ao contrário de outros, não tem esfíncter vocal para produzir diarreia verbal crônica.
CT, Palmas, 31 de janeiro de 2018.