Os “não votos”— abstenções, brancos e nulos — cresceram 19,04% em relação ao primeiro turno, quando somaram 443.414, ou 43,5% do eleitorado. Nesse domingo, 24, essa foi a opção de 527.868 eleitores, ou 51,8% do eleitorado. Que cresceu é fato, ainda assustador como no dia 3, mas nem tanto quanto se esperava. Por exemplo, havia a expectativa de que a votação do governador eleito Mauro Carlesse (PHS) seria menor do que o total de abstenções, e não foi.
Outro ponto é que se esperava que os eleitores dos candidatos que dizem não representar o status quo da política tocantinense — Carlos Amastha (PSB) e Márlon Reis (Rede) — votariam maciçamente em branco, nulo ou que não iriam às urnas. Mas não foi isso que ocorreu.
A soma dos votos dos dois no primeiro turno dá 180.055 e o incremento de abstenções, brancos e nulos neste segundo turno foi de 84.454. Assim, em tese, 95.601 eleitores de Amastha e Márlon (46,9%) foram às urnas e votaram em Mauro Carlesse, já que Vicentinho Alves (PR) teve menos votos neste segundo turno do que no primeiro (127.758 contra 121.908, ou -4,6%).
Como a outra candidata de peso derrotada no primeiro turno Kátia Abreu (PDT) é tida como do mesmo perfil tradicional da política e considerando que a maioria de seus líderes foi para a campanha do governador eleito é muito provável que os eleitores dela foram às urnas e votaram.
Sobre o crescimento dos “não votos”, é bom observar que já foram extremamente elevados no primeiro turno. Ou seja, esses eleitores rejeitaram mesmo os candidatos que se dizem representantes da suposta “nova política”. O acréscimo agora de 19% reflete o eleitor mais engajado com esses candidatos alternativos.
Contudo, não coloca em risco em outubro os candidatos tradicionais, sobretudo Carlesse, que saiu muito fortalecido com a votação expressiva. Como a coluna sempre defendeu e os números do primeiro e segundo turnos confirmam, o voto que prevalece é o conquistado pelo líder.
No primeiro turno, Vicentinho deu um enorme volume à sua campanha, a ponto de as lideranças discutirem quem iria com ele para o segundo turno, considerando que o republicano teria uma votação muito superior ao segundo colocado. Por isso, ele colocou ao seu lado uma enorme quantidade de líderes. Falava-se em 95 prefeitos, por exemplo.
Quando as urnas mostraram a força de Carlesse no primeiro turno, houve uma revoada de lado a lado do Estado para a sua candidatura, prefeitos, deputado, vereadores, entre outras centenas de líderes. Com eles, migraram os votos para o governador eleito, que teve 174.275 no dia 3 e 368.553 nesse domingo, um aumento de 194.278 votos, que representam um crescimento de 111,5%.
Assim, os votos brancos, nulos e abstenções em protesto a Carlesse e Vicentinho foram mínimos (19,04% de aumento entre o primeiro e o segundo turnos) porque seguem uma tendência nacional, que deve se repetir no Tocantins e no Brasil em outubro, e, assim, esse quadro de insatisfação não beneficiam aqueles que se apresentam como novidade.
Isso é muito bom para quem tem a máquina nas mãos e saiu de uma vitória altamente significativa e inconteste.
CT, Palmas, 25 de junho de 2018.