A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga os investimentos temerários de R$ 50 milhões do PreviPalmas está buscando caminhos para fazer com o que o ex-presidente do instituto de Previdência do servidor da Capital Max Fleury vá depor. Todas as tentativas até agora foram frustradas. Ele se recusa terminantemente a falar sobre o que levou o PreviPalmas a jogar R$ 50 milhões de aposentadorias e pensões do funcionalismo municipal numa operação de elevado risco.
O que intriga é por que Max Fleury não quer depor? Não quer simplesmente assumir o que era de sua responsabilidade, ou está protegendo terceiros? Se não deve, o que teme?
[bs-quote quote=”Por que Max Fleury não quer depor? Não quer simplesmente assumir o que era de sua responsabilidade, ou está protegendo terceiros? Se não deve, o que teme?” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
De toda forma, o presidente da CPI, Milton Neris (PP), contou à coluna ter se reunido com a prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro (PSDB), nessa segunda-feira, 1º, e ficou decidido que ao município fará um convênio com a Câmara para disponibilizar um oficial de Justiça ad hoc para intimar os “fujões”. A prefeitura já tem uma parceria com o Tribunal de Justiça, que agora, portanto, será estendida ao Legislativo da Capital.
Sem a intimação por um oficial de Justiça, a CPI não pode pedir a condução coercitiva quando há resistência de comparecer à comissão. Com esse profissional, envolvidos no caso dos investimentos de risco do PreviPalmas, como Max Fleury, serão citados por hora certa, quando o oficial vai à residência em data e hora determinadas, e a intimação será realizada mesmo que o alvo não seja encontrado. Ou a intimação se dará por edital. Se ainda assim o intimado não comparecer, será “arrastado” à comissão sob condução coercitiva, levado, como se ilustra no meio jurídico, debaixo de vara pela Polícia.
Mas o que causa estranhamento é justamente a questão inicial: por que deixar chegar a este ponto? Por que não atender a convocação, como cidadão responsável que é, ir à Câmara e contar o que ocorreu? O que impede Max Fleury de comparecer à CPI do PreviPalmas?
Ele precisa esclarecer vários pontos até para provar que é inocente. Como ele soube do tal Cais Mauá, de Porto Alegre, lá no Rio Grande do Sul? Ele é daquela região ou conhece alguém de lá que o apresentou “uma excelente” oportunidade de negócio? Foi procurado pelos fundos de investimentos? Fleury tinha autonomia para, sozinho, mandar aplicar R$ 50 milhões, equivalente um prêmio da Mega-Sena acumulado várias vezes? Decidiu isso em conjunto com outro diretor do PreviPalmas? Obedeceu cegamente a uma ordem superior? Era amigo do responsável pelo projeto do Cais Mauá, o arquiteto e ex-governador do Paraná Jaime Lerner?
São essas e muitas outras questões que Max Fleury precisa responder à sociedade palmense. O ex-presidente do PreviPalmas estava no comando quando o instituto fez um investimento de R$ 30 milhões no Cais Mauá, através da Icla Trust, antiga NSG Capital, a mesma que geria o Fundo BFG, das churrascarias Porcão, e que deu prejuízo de R$ 330 milhões ao Instituto de Gestão Previdenciária do Tocantins (Igeprev). Ainda sob sua batuta, o PreviPalmas fez outra operação de R$ 20 milhões no Fundo Tercon. As duas aplicações nos últimos meses de 2017. No dia 15 de março de 2018, o titular da 6º Relatoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE), conselheiro Alberto Sevilha, emitiu recomendação ao então prefeito Carlos Amastha (PSB) para que afastasse Max Fleury da presidência do instituto. Pressionado, o dirigente enviou uma carta a Amastha no dia 16 de março do ano passado entregando o cargo. Por quê?
Por todo esse contexto, e para provar que não deve, Max Fleury precisa vir a público e responder todas as questões que tornam esse caso nebuloso e coloca o nome dele sob total suspeição.
Assim, pedimos: fala que queremos te escutar, Max Fleury!
CT, Palmas, 2 de abril de 2019.