O ex-deputado federal Eduardo Gomes (SD) é visto de lado a lado como um dos maiores articulares políticos do Estado. Talvez seja o único dos principais nomes da política tocantinense com trânsito livre em todas as correntes. Atribui-se a ele, em grande parte, toda a musculatura construída no primeiro turno da eleição suplementar pelo senador Vicentinho Alves (PR), que chegou a anunciar 95 prefeitos em sua base. Por isso, Gomes é cortejado por todas as frentes.
Tanto que no grupo do governador eleito Mauro Carlesse (PHS) se levanta uma tese inovadora para a história política do Estado. Influentes nomes da base palaciana defendem o lançamento de três candidatos a senador, e não de dois, como seria o tradicional. O Palácio Araguaia tem dois fortes nomes, o ex-governador Siqueira Campos (DEM) e o deputado federal César Halum (PRB).
[bs-quote quote=”A vitória com votação recorde no dia 24 dá a Carlesse uma vantagem competitiva muito grande para as disputas de outubro. Contudo, precisará de muita habilidade para manter essa “arca de Noé” coesa” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
A ideia é que cada partido lance isoladamente um candidato ao Senado e o SD poderia colocar o nome de Gomes ao lado de Carlesse. As possibilidades jurídicas da operação estão sendo estudadas. A questão agora é política, e aí a situação se complica.
Halum não vê a proposta com simpatia, o que é um problema sério a ser contornado pelo grupo, caso queira insistir nessa tese. Além disso, é preciso aguardar o presidente do Solidariedade, deputado estadual Vilmar Oliveira, chamar o partido para definir os rumos nas eleições de outubro. Na suplementar, o SD foi dividido.
Gomes e Vilmar estiveram no palanque de Vicentinho, mas importantes nomes como os pré-candidatos a deputado federal Eli Borges e Thiago Dimas, recém-filiados mas de forte base eleitoral, acompanharam o governador eleito Mauro Carlesse. Porém, passada a eleição suplementar, a realidade agora é outra e tudo está sendo repensado.
Essa discussão está no bojo do inchaço da base do governador. Carlesse construiu um amplo arco de aliança em praticamente 24 horas, à véspera e no dia da convenção para a suplementar, em abril. Com a vitória folgada que obteve no primeiro turno, houve a revoada de líderes dos candidatos derrotados e do próprio Vicentinho, que estava no segundo turno, para a campanha palaciana. Em várias cidades, o governador contou com apoio de todas as correntes.
É uma situação confortável, que, somada à vitória com votação recorde no dia 24, dá a Carlesse uma vantagem competitiva muito grande para as disputas de outubro. Contudo, precisará de muita habilidade para manter essa “arca de Noé” coesa.
É nesse contexto que a ideia de lançar três candidatos ao Senado precisa ser avaliada. O base governista vive confortavelmente sobre um barril de pólvora. Qualquer movimento brusco pode implodi-la.
Palmas, 4 de julho de 2018.