O cientista político Alberto Carlos Almeida mostrou esta semana o tempo para a queda do primeiro ministro nos últimos governos. De Fernando Henrique Cardoso foram 323 dias, de Luiz Inácio Lula a Silva, 385; de Dilma Rousseff, 157; e do atual, Jair Bolsonaro, somente 48. Isso diz muito sobre os solavancos que os próprios membros da família “reinante” provocam no governo, que deveria cultivar a estabilidade e a segurança política, com tantos e pesados desafios à sua frente.
[bs-quote quote=”No caso de Bolsonaro, seus fanáticos juram que tudo que ele faz não é por falta de equilíbrio emocional, mas por um patriotismo de pureza virginal e para colocar ‘Deus acima de todos'” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
A queda do ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência Gustavo Bebianno é típico das turbulências que a família Bolsonaro gosta de gerar, com suas fantasias, síndromes persecutórias e teorias da conspiração mais estapafúrdias. Essa prática absurda ficou implicitamente resumida numa pergunta feita por Bebianno e repetida várias vezes nos áudios que ouvimos todos boquiabertos nessa terça-feira, 19: “Qual a relevância disso, capitão?”.
Essa família do barulho vai aprontar demais, o que tenho dito desde as eleições. É uma pena que do outro lado estava o PT. Torci muito para qualquer outro ir para o segundo turno.
Veja alguns exemplos da total alopração da família Bolsonaro. As loucuras do pai dispensam apresentações. Foram dezenas ao longo dos anos. Os filhos também já colecionam as histórias mais exdrúxulas: Eduardo, deputado federal, foi o que disse que, só com um jipe, um soldado e um cabo, ele fechava o Supremo Tribunal Federal. Depois das eleições, viajou pelo mundo como se fosse embaixador do Brasil, falando bobagens e mais bobagens. Entre elas, que o pai não conseguiria fazer a Reforma da Previdência, gerando desconfiança do mercado contra um governo que sequer havia iniciado.
Flávio, o senador, está às voltas com a nada explicada história do motorista que movimentou milhões. De todos, o mais aloprado é o tal do Carlos, vereador do Rio, que tem mania de perseguição e ama teorias da conspiração, o que parece que tentou usar contra Bebianno, numa demissão de ministro por absolutamente nada, levando o governo a uma crise simplesmente por conta de um sujeito totalmente descompensado.
Esse moço não regula bem mesmo. Veja: O Globo analisou 500 tuítes do vereador fluminense e chegou à conclusão de que 72,2% deles são ataques. Confirma o que Bebianno disse em sua entrevista ao programa Pingos nos Is, da rádio Jovem Pan, nessa terça-feira: o rapaz “tem um nível de agressividade acima do normal”.
O pior de tudo é constatarmos que saímos de uma idolatria absurda ao cadeeiro Luiz Inácio Lula da Silva para a de Bolsonaro. Os fanáticos do petista acham que ele é a maior vítima da face da Terra e que o mundo todo conspira contra o pobre perseguido, o mártir digno de um Nobel da Paz, algo para alguém com muito déficit mental acreditar.
No caso de Bolsonaro, seus fanáticos juram que tudo que ele faz não é por falta de equilíbrio emocional, mas por um patriotismo de pureza virginal e para colocar “Deus acima de todos”. Se o presidente age como um doidivanas, não é por ser descompensado, mas porque descobriu um “X-9” infiltrado ou então é a “mídia vendida” que quer destruir o governo mais fantástico, messiânico e salvador da história do Brasil.
Essas teorias da conspiração, me perdoem, são para apedeutas petistas ou bolsonaristas. Qualquer cidadão com o mínimo de bom senso e QI, seja eleitor de Lula, Bolsonaro ou outro nome, não cai nessa cortina de fumaça que jogam nas redes sociais, de forma selvagem e incivilizada, para encobrir uma verdade nua e crua: que o pior do governo Bolsonaro são os Bolsonaros.
CT, Palmas, 20 de fevereiro de 2019.