O anúncio da pré-candidatura à reeleição do governador Marcelo Miranda no 3º Encontro Estadual do MDB, no sábado, 27, pegou a militância de surpresa. Isso porque o próprio Marcelo já havia avisado que só se pronunciaria em março. No entanto, pesou a pressão dos caciques, como relatou o prefeito de Paraíso, Moisés Avelino, em seu discurso.
Sem um pré-candidato definido, que bandeira o MDB levaria às ruas? Esta era a questão muito bem pontuada pelos caciques. Marcelo entendeu a mensagem e, então, decidiu que não teria mais como protelar.
Uma questão que parece ter reverberado de forma equivocada foi a declaração sobre o ex-governador Siqueira Campos (DEM). Uma coisa é estar aberto à conversa, outra é a disposição à aliança. O que o governador colocou é que todos devem ser procurados para uma conversa neste período de pré-campanha. Afinal, avaliam os políticos tradicionais, há um alvo comum a todos — o prefeito de Palmas e pré-candidato a governador, Carlos Amastha (PSB) —, e uma estratégia conjunta precisa ser delineada, o que não significa necessariamente estarem no mesmo palanque. Isso vale para todas as correntes políticas, não só para Siqueira.
Tanto é assim que a coluna conversou com siqueiristas muito influentes que garantiram que não vislumbram a possibilidade de ver os dois grupos aliados. “É tudo que o Amastha quer, e não vamos dar isso a ele”, revelou uma das fontes. Nem Siqueira, nem o deputado estadual Eduardo Siqueira Campos (DEM) falam sobre o assunto. O momento é de silêncio, de ouvir e não de falar, explicou um siqueirista.
Segundo ele, neste primeiro momento, o objetivo é conversar com os próprios aliados, os partidos próximos a Siqueira, para só depois pensar em ampliar esse leque de diálogos. Ou seja, não está descartada a conversa com o marcelismo. Ela só não é prioridade. Agora, aliança eleitoral, não passa pelo radar.
Outro ponto do discurso do governador que gerou debates foi sobre a restrição à senadora Kátia Abreu (sem partido), enquanto o presidente regional do MDB, Derval de Paiva, admitiu ao CT que as portas não estão fechadas para a ex-aliada, que, assim, também deve ser procurada. Claro que Marcelo está muito magoado com as críticas constantes de Kátia via discursos e redes sociais. No entanto, Derval, um animal político por excelência, sabe que o momento não é de se deixar levar pelo fígado, mas o guia-mestre deve ser o cérebro. A senadora também está pra lá de irritada com Amastha, que vem colocando-a no pacote de agredidos. Fez isso, por exemplo, no sábado pela manhã em Araguaína.
Contudo, Derval e os caciques emedebistas entendem que é preciso chamá-la para o debate até para que ela também compreenda que o foco mudou. Lógico que o pacto de não agressão terá que ser “assinado” por todos os que o presidente do MDB tem chamado de “conjunto do bom senso”. Kátia vai aceitar? Aí é outra história. Um aliado dela, contemporizou o clima pesado da verborragia virtual da aliada no sábado: “A senadora pode ter seus rompantes, mas o tempo tem lhe ensinado a importância de não fechar janelas e ela está se tornando mais pragmática e menos impetuosa”, garantiu.
O fato é que a definição de Marcelo pela reeleição coloca o cenário eleitoral do Estado numa nova realidade. A coluna tem dito que o governador é candidato forte pela boa imagem pessoal que ele tem, ainda que com o forte desgaste de sua gestão; pela máquina que comanda, que é sempre fator decisivo; e pela imensa estrutura partidária. O MDB é a sigla de maior capilaridade, com presença marcante e decisiva atuação em todos os 139 municípios tocantinenses, estando ou não no comando das prefeituras.
Por isso, a entrada de Marcelo na pré-campanha será decisiva para a definição dos pré-candidatos que sobreviverão e um componente a mais para os prefeitos que estão na corrida sucessória pensarem se devem ou não renunciar em abril.
CT, Palmas, 29 de janeiro de 2018.