O pré-candidato da Rede, Márlon Reis, e o governador eleito Mauro Carlesse (PHS), por motivos diferentes, devem estar torcendo por um entendimento entre seus adversários de outubro Carlos Amastha (PSB), Kátia Abreu (PDT) e Vicentinho Alves (PR). Ainda que esta seja a melhor saída para a oposição a Carlesse, a união dela pode não mudar os rumos da campanha.
Os três candidatos derrotados na eleição suplementar devem se encontrar esta semana para discutir uma possível aliança para outubro. Pelo menos é o que fontes diferentes desses grupos afirmam. A ideia é construir uma frente ampla, liderada por Amastha, que, dessa forma, ganharia a capilaridade que, isolado, como ficou evidente na eleição suplementar, não tem.
Assim, Vicentinho e Kátia, com o apoio do prefeito de Gurupi, Laurez Moreira (PSB), levarão a proposta a Amastha para que todos possam caminhar juntos nestas eleições. Mas a vaga de vice seria indicação da pedetista e uma de Senado iria para a candidatura à reeleição de Vicentinho. A outra vaga de senador ficaria para o ex-prefeito de Palmas negociar mais apoios à chapa. Uma possibilidade seria de atrair o PSDB, com Ataídes Oliveira disputando a reeleição ao Senado.
[bs-quote quote=”Sem se juntar a esse grupo, Amastha continuará insistindo no erro do isolamento que o tirou do segundo turno da eleição suplementar. Está matematicamente provado que, sem a capilaridade que só se obtém com o apoio dos políticos tradicionais do interior, o ex-prefeito será muito bem votado nos maiores colégios, mas não passará disso” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
O acordo ainda incluiria o PT, que seria levado para a aliança com o compromisso com o diretório nacional de eleger Donizeti Nogueira deputado federal.
Nos bastidores, se diz ainda que os deputados estaduais do MDB também pretendem apoiar o ex-prefeito de Palmas. Ou seja, veríamos juntos os grupos de Kátia, Vicentinho, Marcelo Miranda e Amastha.
Com isso, o ex-prefeito arrastaria para a sua candidatura uma quantidade enorme de líderes tradicionais. Unido ao que chama de “velha política”, o pessebista teria capilaridade para uma disputa mais equilibrada com Carlesse, uma vez que a estratégia de Amastha de apostar todas as fichas nos principais colégios eleitorais já mostrou que não o levará ao Palácio Araguaia.
O que pesa nesse antídoto ao governador eleito, contudo, são seus efeitos colaterais. Unindo-se à “velha política”, Amastha perderia o discurso e daria ainda mais legitimidade a Márlon Reis como único candidato de terceira via, o que só fortaleceria uma candidatura que naturalmente deve vir mais forte em outubro do que já tinha sido na eleição suplementar.
Esse drama foi criado pela própria verborragia de Amastha. Com a radicalização do discurso contra os políticos tradicionais, ele os afastou e construiu para si um muro difícil de transpor. Como ficariam seus ataques ao marcelismo e ao siqueirismo, se os seguidores deles estarão em seu palanque? E os ataques à familiocracia? A “Kátia e o katito” e “Vicente e o Vicentinho” estarão pedindo votos a ele.
De outro lado, sem se juntar a esse grupo, Amastha continuará insistindo no erro do isolamento que o tirou do segundo turno da eleição suplementar. Está matematicamente provado que, sem a capilaridade que só se obtém com o apoio dos políticos tradicionais do interior, o ex-prefeito será muito bem votado nos maiores colégios, mas não passará disso e será novamente derrotado.
Para piorar tem o fenômeno Márlon Reis num crescendo e ainda há a possibilidade de César Simoni (PSL) buscar muitos votos do protesto e da indignação — com tendência, a princípio, pró-Amastha —, caso seja significativa no Tocantins a transferência de votos da onda tsunâmica de Bolsonaro.
Esses são os cenários dramáticos que vislumbram os grupos de oposição, diante da musculatura conquistada por Carlesse junto aos líderes e nas urnas no dia 24. O sucesso ou fracasso do governador eleito hoje depende mais de seus erros e acertos do que dos movimentos dos adversários. Mas seus aliados não podem comemorar, porque a possibilidade de erros numa gestão ilhada num mar de crises é muito alta.
CT, Palmas, 3 de julho de 2018.