Quem tem um mínimo de conhecimento de economia, e, claro, não é populista nem oportunista, sabe que tratar da crise da saúde, educação e segurança pública, setores mais estratégicos para a sociedade, não é uma tarefa simplista. Existe uma demanda enorme de investimentos maciços em todas elas, mas também um Estado de custeio pesadíssimo a ser mantido, com todas as suas benesses e salários fora da realidade, e ainda o fato de que do bolso do contribuinte não tem mais como se tirar um centavo. Está acima do limite.
Por isso, o Poder Público precisa trabalhar com prioridades, e não tem nenhuma maior do que salvar vidas. Sobretudo, de bebês recém-nascidos. O coração de todos nós, pais e mães, dilacera quando vemos esses anjos sofrendo já ao nascer. Torcemos, então, pelo Ministério Público e Defensoria, que tentam na Justiça vencer o implacável tempo, conseguir recursos e enviar essas crianças para cirurgia. Só este ano perdemos quatro bebês cardiopatas, vítimas de histórica má gestão. Não se trata aqui de fulanizar a culpa. Porque o Tocantins sofre há mais de uma década com uma sequência de administrações ruins, em que a prioridade é a próxima eleição e não os interesses do Estado.
[bs-quote quote=”É claro que a sociedade precisa avançar nas garantias sociais, mas essas conquistas não podem ser alcançadas desvinculadas do crescimento da arrecadação. Estamos assistindo a isso: um Estado que inchou com obrigações que não tem condições de manter e agora se deteriora, perde tempo e, pior, compromete o atendimento básico, emergencial” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
É curioso quando vemos setores ditos “progressistas” da sociedade defendendo o populismo sob as mais diversas formas. Querem que o Estado dê conta de todas as demandas, claro, sempre ligadas às suas bandeiras ideológicas ou “da moda”. Não há o mínimo cuidado de refletir sobre os limites do erário. De outro lado, bacanas do alto funcionalismo se deliciando em benesses e querendo cada dia mais e mais, também a despeito da capacidade do contribuinte.
Tacham de “neoliberais”, “desumanos” e outras bobagens aqueles que alertam que o sufocamento dos cofres públicos leva ao endividamento, que reduz a capacidade de investimento e tira do Estado o poder de cuidar da qualidade de vida das pessoas e até de salvar bebês que nascem com sérios problemas de saúde.
Na verdade, cuidar do equilíbrio das contas públicas é ter um Estado leve, saudável e, assim, capaz de garantir aquilo que é essencial à vida de seus cidadãos. Dessa forma, o Poder Público consegue alocar maior volume de investimentos, recursos que serão canalizados para equipamentos de alta tecnologia e treinamento de profissionais para salvar vidas. Só uma administração pública equilibrada pode investir pesadamente na segurança, na educação e na infraestrutura.
Aqueles que apenas impõem gastos e mais gastos, sem a mínima noção de onde sairão os recursos para bancar os excessos, agem por populismo irresponsável, pensando somente em vencer as próximas eleições.
É claro que a sociedade precisa avançar nas garantias sociais, mas essas conquistas não podem ser alcançadas desvinculadas do crescimento da arrecadação. Estamos assistindo a isso: um Estado que inchou com obrigações que não tem condições de manter e agora se deteriora, perde tempo e, pior, compromete o atendimento básico, emergencial. É o pano de fundo da falta de recursos para salvar a vida de bebês recém-nascidos, idosos, para remédio do tratamento contra o câncer, etc.
Outro aspecto fundamental para a conquista do mais alto nível de bem-estar é o desenvolvimento econômico. O Brasil e o Tocantins não precisam de mais Estado e, sim, de mais capitalismo, que é o responsável pela geração de emprego e renda, fonte da arrecadação do setor público.
Quanto mais fortes nossas empresas, quanto mais empreendedores com coragem de investir, mais o Estado vai arrecadar, mais a receita vai crescer e mais qualidade de vida e benefícios o Poder Público poderá garantir à população.
Mas um país contaminado pelo simplismo populista à esquerda — e agora também pela extrema direita —, que vende um Estado que “pode tudo”, a despeito da realidade arrecadatória, está fadado a condenar seus anjos, seus idosos e seus trabalhadores ao que existe de pior de atendimento na saúde e, por fim, à morte.
O Brasil e o Tocantins precisam de um choque de liberalismo, se tornarem um país e um Estado que oferecem efetivamente condições para a expansão e fortalecimento do empreendedorismo. Devemos, com urgência, deixar a mentalidade apequenada de que o Estado é o “pai de todos” e “pode tudo”. Não é o “pai de todos” e não pode tudo. Na verdade, a cada dia pode menos.
Enquanto isso, seguem os órgãos de controle em pleno desespero para tentar salvar bebês vítimas da má gestão e de uma sociedade de mentalidade estatizante.
CT, Palmas, 12 de junho de 2018.