Não se tira quase 18 milhões de votos de diferença em três semanas. Nas últimas eleições presidenciais, todos os candidatos que venceram o primeiro turno repetiram a dose no segundo, e com numa vantagem muito menos significativa. Fernando Haddad (PT) vai crescer, mas seu concorrente também. No entanto, não é nenhuma espécie de cabalística que leva à conclusão de que Jair Bolsonaro (PSL) será eleito presidente no dia 28. O que fará o capitão sair vitorioso é o apoio do maior partido do Brasil, o antipetismo.
O grande e imperdoável erro do PT e das esquerdas foi ignorar e atropelar a verdade de que o Brasil é um país conservador. Como ouvi esses dias de um analista, esse conservadorismo estava no armário do PSDB — legenda hoje de terra arrasada — e do qual saiu a partir dos movimentos de rua de junho de 2013.
[bs-quote quote=”É a reação daqueles que viram seus valores sendo desprezados e ridicularizados, as escolas de seus filhos sofrendo a tentativa de invasão de ensinos extravagantes dos quais discordam e sobre os quais sequer foram ouvidos. A democracia é a prevalência da maioria, respeitando a minoria. Mas os governos do PT inverteram e queriam submeter a maioria às vontades da minoria” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
A força dos conservadores foi vista como tsunami no domingo, 7, jogando a credibilidade do Ibope e outros institutos de pesquisa na sarjeta e varrendo do mapa petistas ilustres como Eduardo Suplicy, em São Paulo, Dilma Rousseff, em Minas, o “lindinho” Lindberg Farias, no Rio, além da comunista Vanessa Grazziontin, no Amazonas. Essa mesma onda gigante e furiosa fez ascender candidatos ao Senado e a governos que sequer pontuavam na corrida eleitoral.
É a reação daqueles que viram seus valores sendo desprezados e ridicularizados, as escolas de seus filhos sofrendo a tentativa de invasão de ensinos extravagantes dos quais discordam e sobre os quais sequer foram ouvidos. A democracia é a prevalência da maioria, respeitando a minoria. Mas os governos do PT inverteram e queriam submeter a maioria às vontades da minoria.
Na economia, o populismo que vislumbrava o poder pelo poder agia com total irresponsabilidade e levou o Brasil à maior crise de sua história. Como é do seu costume, o partido do cadeeiro Luiz Inácio Lula da Silva tenta terceirizar uma culpa que é exclusiva dele.
No campo da moralidade, o que se viu foi uma legenda, que, no seu farisaísmo, sempre pregou a lisura e a transparência, chafurdar no maior escândalo de corrupção da história, e levar ao caos a maior estatal do País. Apesar de tudo isso, de fatos comprovadíssimos, de seus líderes condenados e presos, o PT não foi capaz de fazer um mea culpa sequer. Ao contrário, se vende como o mais decente e probo de todos. É “coitadinho”, “perseguido”. Muito cinismo.
Viu-se um partido que poderia ter mudado o rumo destas eleições e as consequências delas se tivesse tido a grandeza de, findada a farsa da candidatura do cadeeiro, declarar apoio a Ciro Gomes (PDT). Mas como o projeto é de poder a qualquer custo lançou o laranja que vai toda segunda-feira buscar as instruções da semana no presídio, como um sicário de um PCC ou algo assim. O PT não consegue compreender o quanto ver um candidato a líder máximo do Brasil ir ao presídio atrás de conselhos de um bandido condenado por corrupção agride toda uma nação de gente trabalhadora e ordeira. Isso é simplesmente uma indecência.
O PT zomba de todas as instituições brasileiras, ataca juízes e o Estado Democrático de Direito a todo instante, e se arvora de “defensor da democracia”, e que Bolsonaro e seus defensores são os verdadeiros “fascistas”. No entanto, fala em censurar a imprensa e tirar poderes do Ministério Público e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Esses são os motivos que levarão o Brasil a “endireitar” e votar em massa em Jair Messias Bolsonaro no dia 28. É a reação dos excluídos e marginalizados pelo PT e pela esquerda, que vão mostrar a força de uma maioria de pensamento conservador, que foi desrespeitada, ultrajada, aviltada na era petista. Esse grupo é ordeiro, trabalhador, defende que todos tenham direitos iguais, condições de igualdade de competir, oportunidades, querem pobre viajando de avião, querem todos incluídos no mercado de consumo. Mas quer, acima de tudo, respeito a seus valores, crenças e desejo de um país de capitalismo pujante, de um Estado enxuto, moderno e eficiente.
Tudo o que o PT e as esquerdas não souberam dar, e agora a conta chegou. Não tem quem segure esse tsunami. Podem pintar o laranja do cadeeiro de ouro porque o voto não é em Bolsonaro, mas é contra o PT.
Essa onda gigante e arrasadora ganhou até cordel, cujo autor é desconhecido:
“Eu voto na gota serena
No filho do cramunhã
No rabo preto do cão
Na coceira da urtiga
Num filho de rapariga
Num corno lá de Bayeux
Num saci bem pererê
No pentei do cururu
Voto em catinga de cu
Mas não voto no PT.
Eu voto numa macumba
Voto em catinga de bode
Em comigo ninguém pode
Num ferrão de mangangá
Num abraço de um guará
Numa topada sem querer
Numa moita de muçambê
Em fumaça de caminhão
Me lasco na contramão
Mas não voto no PT.
Voto no negão do zap
Nas putas do cabaré
Num espirro de rapé
Num porco velho nojento
Na espada do jumento
Na lama do Tietê
Num bêbo que quer beber
Num ferro quente em brasa
Voto num carai de asa
Nas não voto no PT.
Eu voto numa mazela
Numa surra de imbira
Na curva que o carro vira
Na puta que o cão, pariu
Na ralé desse Brasil
Nos homens do PCC
Até no MDB
Na onda de um tissunami
Eu voto em qualquer infame
Mas não voto no PT”.
CT, Palmas, 9 de outubro de 2018.