Desde o carnaval que não descansava, num ritmo alucinante para entender a lógica do novo CT. Com isso, o esgotamento me pegou sem piedade na semana passada, quando ultrapassei todos os limites após mais de uma semana ainda mais acelerado após cassação do ex-governador Marcelo Miranda (MDB) e da ex-vice-governadora Cláudia Lelis (PV). Assim, tirei da Sexta-feira da Paixão à Páscoa para me desligar quase que totalmente. Para descontrair fui assistir série e filme de política.
Passei a tarde e a noite de sexta-feira, 30, encarando O Mecanismo, de José Padilha, sobre a Operação Lava Jato. A mensagem é muito clara: todos somos engrenagens do mecanismo. Como já escrevi aqui algumas vezes, a corrupção não está só na política, nem começa por ela. Está na base de nossa sociedade, entranhada em nossa cultura.
[bs-quote quote=”Um país precisa de um líder que o desperte e o encoraje diante das dificuldades mais terríveis, quando parece que não há esperança nem luz no fim do túnel” style=”default” align=”left” color=”#ffffff” author_name=”Cleber Toledo” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Não precisamos só mudar a classe política. Aliás, não vai adiantar apenas trocar as pessoas que detêm o poder. Precisamos nos repensar como sociedade, melhorar os valores que estão na base, na família. Quando isso ocorrer, a consequência imediata será uma transformação no padrão de comportamento em todas as esferas, inclusive, na política.
Como diz o agente Rufo, personagem de O Mecanismo, a corrupção é um câncer, e está em metástase na sociedade brasileira. É incrível, por exemplo, que o Supremo Tribunal Federal (STF) vá se reunir na quarta-feira, 4, para decidir se um condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, com todos os recursos esgotados no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), deve ser preso ou não. Só esta discussão na mais alta Corte do País revela muito sobre quem somos.
Também não para dá entender a histeria da esquerda diante da série de Padilha. Ela não se posicionou ideologicamente. Fica muito claro que se trata de um mecanismo que perpassa por governos de campos ideológicos distintos. Mostra até os corruptores, os empreiteiros, torcendo no final das eleições de 2014 pelo candidato inspirado em Aécio Neves (PSDB), que avaliavam que teria mais pulso para sepultar a Lava Jato do que a personagem inspirada em Dilma Rousseff (PT). Essa pecha de santidade e de mártir que a esquerda tenta impregnar em seus ídolos é de uma hipocrisia e de uma sandice absurdas.
Lula é um bandido condenado, e deveria estar preso. Sempre que se diz isso os militontos acusam de se estar na defesa de Aécio e do presidente Michel Temer. Se condenados também devem ter o mesmo tratamento. Justifica que, em nome da ideologia e de projetos partidários, se ignore que essa gente não vale nada, que abusou da confiança de seus militantes e de toda a população? Retomo o que disse o agente Rufo em O Mecanismo: a corrupção é um câncer que precisa ser extirpado.
No sábado foi a vez de me deliciar com O Destino de uma Nação, sobre a luta do primeiro-ministro britânico Winston Churchill para ser respeitado como líder, depois de erros políticos e militares que cometera no passado. A mensagem é de que um país precisa de um líder que o desperte e o encoraje diante das dificuldades mais terríveis, quando parece que não há esperança nem luz no fim do túnel. É nosso cenário hoje.
O Brasil e o Tocantins procuram este líder neste momento de extrema crise política e econômica. Um capitão que assuma a nau e a faça atravessar pela tempestade violenta que nos ameaça abater.
A questão que se põe é: ele existe? A missão de construir o Brasil é de cada brasileiro, mas o País carece de líderes que mobilizem as forças da Nação rumo ao futuro. Está é a maior tragédia do País no século 21.
CT, Palmas, 2 de abril de 2018.