Falar da crise de liderança que o Estado e o País vivem já virou lugar comum. Mas não é menos verdade por causa disso. Muito pelo contrário. É um dos maiores problemas da política brasileira e joga incertezas sobre os rumos que estamos tomando. Ou seja, nossos líderes não são confiáveis. Não que não existam bons nomes, bem-intencionados, éticos, contudo, eles não têm predominado. Diariamente o noticiário mostra isso.
O problema é generalizado, está em metástase. O processo eleitoral que se avizinha dá uma radiografia perfeita desse corpo que avança para a sua falência múltipla. A esta altura, líderes de todo o Tocantins são assediados por pré-candidatos a governador, senador, deputado federal e estadual, e o tema das discussões não são projetos para o futuro do Estado e do País, mas o preço que cada um cobra para emprestar o prestígio que tem junto ao eleitorado.
[bs-quote quote=”Um líder que mercantiliza seu prestígio de forma tão vil é totalmente destituído de espírito público e indigno do respeito que tem em sua comunidade” style=”default” align=”left” color=”#ffffff” author_name=”Cleber Toledo” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Nessa terça-feira, 27, um importante político tocantinense deu a este colunista o tom da música: quem tem voto não é governador, senador e deputados, mas prefeito e vereador, admitiu ele. É justamente essa constatação que abre o rentável balcão de negócios, pelo qual pré-candidatos querem comprar os votos que as lideranças nos municípios possuem. E quem tiver mais prestígio a oferecer fatura mais neste mercadão eleitoral, que rifa a democracia sem nenhuma consciência cívica.
Nas eleições de 2014, ouvia falar de prefeitos vendendo o plantel a R$ 200 mil, R$ 300 mil, R$ 400 mil, de “porteira fechada”, ou seja, o combo vinha com ele, a estrutura do município e os nove vereadores. Uma oferta imperdível!
Negócio fechado, o líder, então, apresenta o candidato-comprador a seus liderados como se fosse a solução para o Palácio Araguaia, Assembleia e o Congresso Nacional. Como tem prestígio na base, seu povo recebe aquele estranho apresentado como se fosse velho conhecido e lhe dá todos os votos. Dessa forma, o candidato-comprador fica satisfeito, vira freguês e promete voltar nas próximas eleições.
Esse mercado é tão enraizado que tornou a votação algo quase que matemático. Pelos líderes comprados e seu potencial eleitoral, os candidatos conseguem medir com precisão digital quantos votos conseguirão em todo o Estado.
Um líder que mercantiliza seu prestígio de forma tão vil é totalmente destituído de espírito público e indigno do respeito que tem em sua comunidade. E está cheio desse tipo pelo Tocantins.
Ainda vai chegar o tempo em que o grau de consciência cívica não permitirá que o eleitor se deixe ser vendido num combo por sua liderança. Nessa época, os candidatos serão escolhidos por sua história, projetos e conduta.
Tudo bem. Sou só um sonhador. Mas ainda acredito nisso.
CT, Palmas, 28 de fevereiro de 2018.