A propaganda eleitoral de rádio e TV começa nesta sexta-feira, 31, e vai até o dia 4 de outubro. Desta vez não só os governadoriáveis, mas também candidatos a senador, deputado federal e deputado estadual se revezarão na melhor das intenções com eles mesmos: conquistar o voto do eleitor. Esse período interessa sobretudo à oposição, que deve apostar nos poucos mais de 30 dias para tentar rever um resultado que até agora se mostra muito favorável ao governador Mauro Carlesse (PHS).
O inquilino do Palácio Araguaia saiu hipertrofiado das urnas da eleição suplementar e agora está mais preocupado em apartar as brigas dos aliados do que discutir a sucessão com os adversários. Como a coluna reafirmou nessa quarta-feira, 29, o maior desafio de Carlesse não é impedir o crescimento dos opositores, já que eles mesmos se engessaram nos arranjos mal costurados nas convenções. O governador precisa é cuidar para que a própria base não derrube seu palanque.
[bs-quote quote=”O eleitor não acredita na política e em políticos, logo, não se anima com os programas eleitorais. É um fenômeno nacional, porque o desgaste da classe política se estende por todo o País. Além disso, o crescimento da TV por assinatura tem tirado milhares de telespectadores dos canais abertos no Estado e milhões Brasil afora. Assim, a propaganda eleitoral não tem nem a força nem o charme do passado” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Enquanto isso, os rivais do candidato do PHS acreditam na possibilidade de neste período de rádio e TV convencer os eleitores a mudar de opinião e também a levar às urnas aqueles que se recusam a votar ou que preferem branco ou nulo. Essas últimas alternativas serão muito difíceis porque é um eleitor desanimado com a política e que não acredita nos candidatos. Só para lembrar: Carlos Amastha (PSB) e Márlon Reis (Rede) não conquistaram o “não voto” quando apresentaram candidaturas “puras” na suplementar. Como, então, o farão agora que se tornaram mais do mesmo aos olhos desses eleitores?
Os dois terão o maior tempo de propaganda de TV e rádio. Para Amastha serão 3min34s e, para Márlon, 2min57s. Carlesse ficou com muito menos, 2 minutos. Ou seja, nenhum dos oposicionistas poderá reclamar de desequilíbrio e eles terão a chance de colocar toda a sua artilharia aos olhos do eleitor para convencê-lo de que vale mudar o voto e ainda tirar os indecisos e desanimados da apatia.
Contra Amastha e Márlon, além do resultado altamente favorável a Carlesse na suplementar e a força dos líderes que fluem caudalosamente rumo ao Palácio desde o segundo turno, o desinteresse do eleitorado com a política e a queda vertiginosa da audiência dos programas eleitorais. Esses dois últimos fatos se imbricam.
O eleitor não acredita na política e em políticos, logo, não se anima com os programas eleitorais. É um fenômeno nacional, porque o desgaste da classe política se estende por todo o País. Além disso, o crescimento da TV por assinatura tem tirado milhares de telespectadores dos canais abertos no Estado e milhões Brasil afora. Assim, a propaganda eleitoral não tem nem a força nem o charme do passado. No Tocantins, para piorar, ainda existem as grandes regiões onde as TVs locais não entram.
O que é favorável à oposição é que os programas eleitorais terão o condão de inserir as massas no processo eleitoral do Estado, que ainda corre marginal, com debates nas redes sociais que interessam mais aos operadores da política — os próprios candidatos, seus aliados mais apaixonados e assessores.
Inclusive, são nas redes sociais, não televisão e no rádio, que estarão as maiores oportunidades de a oposição convencer o eleitorado. Com a propaganda eleitoral, as pessoas, enfim, entrarão nas discussões e caberá aos candidatos dispor de toda a artilharia possível para a difícil arte da persuasão, sobretudo nesse contexto em que estão inseridas as eleições de 2018.
Se partirem para o denuncismo puro, simples e raso, como na suplementar, a dose excessiva transformará o remédio em veneno. Terão que descobrir o equilíbrio saudável para se apresentarem simpáticos e adequados às necessidades de um Estado mergulhado na sua mais profunda crise.
A partir desta sexta-feira começa a última e decisiva fase das eleições de 2018, um processo cansativo e que parece nunca ter fim. Que acabe logo.
CT, Palmas, 30 de agosto de 2018.