O julgamento do recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira, 24, pelo caso do triplex, em Porto Alegre (RS), onde está a sede do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), tem revelado ainda mais o desapreço do Partido dos Trabalhadores (PT) pela democracia.
Apesar de a legenda, em pleno delírio, afirmar que a mobilização que faz em torno de Lula se trata de um ato em defesa da democracia, na verdade, o que se tem visto é uma sequência de atentados contra o Estado Democrático de Direito.
A começar pelas falas do réu, Lula, e da ré da Lava Jato e presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), a “Amante” ou “Coxa” na planilha da Odebrecht, uma irresponsável que chegou ao ponto de dizer que para prender seu líder máximo teria que “matar gente”. Outro inconsequente, o senador Lindbergh Farias (RJ), o “Lindinho” das planilhas da Odebrecht, também insuflou a militância à violência e atacou o Judiciário. Essa gente não está preocupada com Lula, muito menos com democracia ou com o futuro do Brasil, mas, envolta em aventuras “petroleiras”, se preocupa mesmo é com seu destino. O Lula é esse povo amanhã, parafraseando um comercial de TV de muito sucesso do anos 1980.
Tentar desacreditar a Justiça brasileira, pela politização do processo contra o ex-presidente, é por si só um ato antidemocrático. As instituições do Judiciário têm funcionado, sobretudo na Vara da Justiça Federal de Curitiba (PR). Da mesma forma, o TRF4, que chegou a anular decisões do juiz Sérgio Moro. Se é assim, onde está a “parcialidade” do Judiciário?
Na verdade, os juízes têm se detido às provas dos autos, mas o PT não tem interesse nisso, não aceita o fato e distorce, dizendo que não haveria provas contra Lula. Como não? São numerosas, e incluem notas fiscais, contratos de fornecimento de serviços e equipamentos, registros do imóvel do Guarujá, cópias de mensagens de e-mail, registros fotográficos, laudos periciais, relatórios de comissões internas da Petrobras e apurações do Tribunal de Contas da União. O que não falta neste caso são provas.
Agora, o PT quer que a Justiça brasileira seja subserviente ao partido como é a da Venezuela ao governo ditador e desumano de Nicolás Maduro. Não é, nem vai ser.
Pior agora é ver essa mobilização ridícula nacional, com vigílias e panfletos pregando contra o Judiciário e a favor de um réu, que não consegue dar conta de explicar como se enriqueceu tanto na política. A campanha “Lula é inocente” é motivo de chacota no Brasil, e não deveria ser diferente. Tem que ser muito lunático para se embrenhar por essa trilha do enfrentamento público contra a Justiça, de forma tão estrambólica.
O PT e o PSDB erraram ao proteger seus bandidos — Lula, Zé Dirceu e cia. no lado petista e Aécio Neves pelos tucanos. Deveriam ter aprendido com a União Democrática Cristã (CDU), partido do ex-primeiro-ministro Helmut Kohl, patriarca da legenda, responsável pela reunificação da Alemanha e que influenciou a adoção do euro pelo país. No entanto, um ano após deixar o governo, Kohl foi denunciado como beneficiário de caixa 2 em campanhas eleitorais dos anos 1980 e 1990. Negou no início, mas teve que admitir o recebimento de 2 milhões de marcos (cerca de US$ 1 milhão). Por isso, precisou renunciar a presidência de honra do CDU, quando surgiu a líder que marcaria a história da Alemanha e mundial, Angela Merkel. Com uma postura firme contra seu líder e grande referência, a sigla se manteve no poder.
PT e PSDB, ao protegerem seus bandidos, agridem a própria trajetória, se desacreditam e terão muitas dificuldades para reconquistarem o Palácio do Planalto. Deveriam ter jogado essa gente no lixo da história, que é o lugar dela.
Quanto às ameaças contra o Estado Democrático de Direito feitas por líderes petistas desesperados, usando da boa fé e inocência da militância, as forças de segurança saberão agir em defesa da ordem pública e da democracia pela qual o partido tem absoluto desapreço.
Assim, não há motivo para o cidadão de bem se preocupar. A Justiça fará seu papel constitucional para condenar ou absolver o réu Luiz Inácio Lula da Silva e as forças de segurança garantirão a paz nas ruas, ainda que tenham que agir contra os abusos eventualmente cometidos.
É assim que funciona uma democracia, goste o PT ou não.
CT, Palmas, 23 de janeiro de 2018.