Há pelo menos mais de um mês que este colunista cobra uma posição da Prefeitura de Palmas sobre como ficará o estacionamento rotativo, uma novela longa, tortuosa e que coloca em xeque a credibilidade da Capital diante dos investidores locais e nacionais. Apesar da insistência e das promessas de resposta, até essa quinta-feira, 2, não houve um pio sequer. Silêncio absoluto.
Na verdade, nem mesmo quando a empresa Palmas Estacionamento se autoproclamou autorizada a retomar o serviço, o município conseguiu emitir uma nota com agilidade, como a situação requeria, para se posicionar sobre o tema. Até o fechamento desta coluna, nenhuma linha a respeito de quem deveria ser o primeiro a se manifestar. Ao contrário do Paço, prontamente o Tribunal de Contas do Estado (TCE) já veio a público dizer que não há qualquer alteração na situação legal da empresa, que tem a própria licitação e depois a mudança do quadro societário questionadas pelos Ministérios Públicos de Contas e Estadual.
[bs-quote quote=”A Prefeitura de Palmas peca pela omissão, pela falta de iniciativa para chamar a sociedade para o debate, de provocar essa discussão e colocar a bola — se for o caso — no colo de TJ e TCE para que desembaracem a questão e deem solução ao caso” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Este silêncio da prefeitura é simplesmente inexplicável e inaceitável, já que é o ente concedente. Como uma concessionária se arvora no direito de retomar um serviço público com muitos questionamentos, sem manifestação da autoridade do contrato? Muito esquisito.
E a Palmas Estacionamento tenta se empurrar goela abaixo do palmense pela segunda vez, aparentemente, atropelando o Paço. Crise de autoridade?
A informação que chega dos bastidores é de que dois grupos da prefeitura se digladiam sobre o tema, um a favor e outro contrário à retomada do serviço, e a coisa toda estaria se arrastando nas disputas de força dessas facções. Mais uma vez: crise de autoridade?
Também chega a informação de que a prefeitura estaria engessada por duas decisões: uma favorável ao serviço, do Tribunal de Justiça, e outra contrária, do TCE.
De toda forma, a Prefeitura de Palmas peca pela omissão, pela falta de iniciativa para chamar a sociedade para o debate, de provocar essa discussão e colocar a bola — se for o caso — no colo de TJ e TCE para que desembaracem a questão e deem solução ao caso.
A única coisa que a prefeitura não pode é ficar no estado letárgico em que se encontra diante desse imbroglio. Porque o comércio perde sem uma rotatividade no estacionamento que torne o centro da Capital atrativo ao consumidor; o cidadão também por não ter onde parar nos bolsões; o município, que deixa de arrecadar; e a empresa, que tem funcionários e investimentos feitos e precisa sobreviver. Ou seja, com a gestão em compasso de espera, empurrando com a barriga, todos perdem.
Agora o lado mais perverso dessa história é o desgaste que dá à credibilidade de Palmas junto aos investidores. Um projeto que começou mal feito, como as principais iniciativas da gestão passada — outro exemplo: o shopping a céu aberto. Tudo feito sem discutir com a comunidade, com megalomania, sem planejamento. Só pela vontade de conseguir pontos no marketing. Todos viraram graves problemas econômicos e sociais.
Aí vem a nova gestão e finge que não está ocorrendo nada, que está tudo normal, o que só agrava os problemas. Como outro investidor vai confiar num Poder Público com esse histórico de mal-feitos, que tornam uma empresa refém de joguetes políticos, como está ocorrendo com a Palmas Estacionamento? Essa empresa teve que investir alguns milhões por pressão da gestão que findou e abril do ano passado: todo o calçamento da JK na quadra da prefeitura, o estacionamento em espinha-de-peixe na rua lateral, entre outras benfeitorias que o empreendedor teve que arcar para satisfazer egos.
Se os problemas no contrato são mesmo insanáveis, então, que se decida logo essa questão, façam a rescisão e permitam que essa empresa siga a vida dela e que o município possa abrir nova licitação. Agora esse joguete político e a letargia da gestão de Palmas são de uma irresponsabilidade monumental, que mancham a imagem de uma das cidades mais lindas deste País.
É lamentável o que todos estamos assistindo.
CT, Palmas, 3 de maio de 2019.