O Tribunal Regional Eleitoral do Tocantins (TRE-TO) ainda vai se debruçar sobre a resolução da executiva nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) que determina que o diretório regional deixe a coligação “A Verdadeira Mudança”, do candidato a governador Carlos Amastha (PSB). Os petistas tocantinenses compuseram com o ex-prefeito de Palmas já quando ele discursava no palanque da convenção no dia 22, rejeitados para a vaga de vice pela senadora Kátia Abreu (PDT), hoje candidata a governadora da coligação “Reconstruindo o Tocantins”.
Na verdade, como a coluna apurou, Kátia já havia escolhido seu vice no dia 20, o empresário Marco Antônio Costa, um dos maiores empreendedores do Tocantins, homem de total confiança da parlamentar e que até já tinha sido suplente dela no primeiro mandato de senadora (2007-2014).
Foi este o motivo de Kátia não ter aceitado as sugestões do PT estadual para vice — Márcia Barbosa e Célio Moura, que ficou com a vaga na coligação com Amastha.
[bs-quote quote=”Atender a executiva nacional seria fazer o que os adversários internos queriam. Então, José Roberto, Célio Moura e companhia optaram pela desobediência” style=”default” align=”left” color=”#ffffff” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Se o PT nacional exigia apoio à Kátia Abreu e o partido tinha pré-candidato no Estado, o deputado estadual Paulo Mourão, por que o diretório estadual insistiu recusar essas duas opções? Mourão, muito insatisfeito com a posição da executiva em Brasília — ainda que não fosse uma novidade —, não queria mais disputar e se isolou. Então, restava ao diretório regional seguir o que mandava a executiva nacional, mas preferiu confrontá-la.
São duas interpretações possíveis dessa decisão, e as duas muito possivelmente corretas. A primeira é que o PT do Estado quis mostrar uma autonomia que as gestões anteriores não tiveram. Como a coluna volta e meia relembra, o partido vai atropelado pela nacional três vezes — 2006, 2010 e 2014. Na época, a sigla era comandada pelo grupo do suplente de senador Donizeti Nogueira e do ex-prefeito de Colinas José Santana, adversários da direção atual, que tem na presidência o deputado estadual José Roberto.
Aí vem a segunda interpretação possível do episódio: atender a executiva nacional seria fazer o que os adversários internos queriam. Então, pelos dois motivos, José Roberto, Célio Moura e companhia optaram pela desobediência.
Além de ser alinhada à executiva nacional, Donizeti tem interesses diretos na candidatura de Kátia Abreu. Afinal, como primeiro suplente, é ele quem assume o Senado se a titular da vaga vira governadora do Tocantins.
Este não é o primeiro episódio de PT versus PT no Estado. Teve outro que entrou para a história, quando a então deputada estadual Solange Duailibe, que deixou o partido após forte atrito e agora retornou, disputou a presidência da Assembleia em 1º de fevereiro de 2011. Naquele momento, ela e o marido, o ex-prefeito de Palmas Raul Filho, estavam rompidos com Donizeti e Santana, que comandavam a legenda.
Solange teria sido eleita presidente da AL se tivesse os dois votos dos colegas petistas Amália Santana e José Roberto. Contudo, diante do racha interno, o PT preferiu se aliar ao seu adversário histórico, o então governador Siqueira Campos (DEM), e apoiar a candidatura palaciana do deputado Raimundo Moreira (PSDB), que recebeu 13 votos (inclusive, os dois petistas) contra 11 para Solange, placar que confirma que a parlamentar foi derrotada pelos colegas de partido.
Na época, uma das explicações da legenda para ficar contra a candidatura petista foi que, diante da crise com o casal, o PT, na prática, não teria a presidência.
Foi justamente essa falta de entendimento interno que levou o partido a se dizimar eleitoralmente no Estado, a ponto de ter saído de 96.532 votos com seus prefeitos eleitos em 2004 para míseros 3.185 em 2016.
O PT ainda tem o maior tempo de TV e de fundo eleitoral e só por isso é atrativo nas composições de chapa. Mas com o desmoronamento da bancada na Câmara previsto para este ano, nem isso lhe restará a partir de 2019.
CT, Palmas, 2 de maio de 2018.