As eleições de 2020 terão um elemento interessante que abrirá campo para a renovação política. Três das cinco principais cidades do Estado não terão reeleição — Araguaína, Gurupi e Paraíso. São municípios com boas gestões, ocupadas por políticos históricos e de larga experiência.
Na segunda maior cidade tocantinense, nossa capital econômica, o comando está com Ronaldo Dimas (sem partido). Com uma gestão muito bem avaliada em Araguaína, o grande drama para Dimas na sua sucessão será justamente escolher o nome de seu grupo para a disputa. Basicamente três políticos em ascensão na cidade estão no páreo e outro correndo por fora.
[bs-quote quote=”Além disso, é preciso considerar o peso que o governador Mauro Carlesse vai ter em Gurupi, seu domicílio eleitoral. Aí vai depender do desempenho de sua gestão. Se o Palácio Araguaia conseguir ser bem-sucedido nos ajustes que está promovendo e em recolocar o Tocantins nos trilhos do desenvolvimento, o fator Carlesse será preponderante nas eleições da cidade e de todo o Estado” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Querem a vaga do ex-presidente da Câmara e ainda vereador Marcus Marcelo (PR), muito bem votado nas eleições para deputado estadual no ano passado; o deputado estadual Elenil da Penha (MDB), em forte ascensão no município, e o presidente da União dos Vereadores do Estado (Uvet), Terciliano Gomes (PDT), eleito em 2018 segundo suplente de senador de Irajá Abreu (PSD). Por fora vem o novo presidente do PTB, agregado ao grupo de Dimas, Wagner Rodrigues.
A oposição a Dimas ainda patina, mas começa um movimento para dar musculatura ao secretário estadual da Agricultura e ex-deputado federal César Halum (PRB). Ele está muito próximo do grupo do ex-deputado federal Lázaro Botelho (PP) e da ex-deputada estadual Valderez Castelo Branco (PP). Entre outras possibilidades ainda há o deputado estadual Jorge Frederico (MDB) e o agora deputado federal Célio Moura (PT), que já foi candidato a prefeito em outras eleições.
Em Gurupi, o prefeito Laurez Moreira (PSDB) chega ao final do seu mandato sob um cenário político bem fragmentado. A primeira fissura foi na própria chapa vitoriosa em 2012 e 2016, quando rompeu com a ex-deputada federal Josi Nunes (Pros), cuja mãe, Dolores Nunes, é vice-prefeita desde o início. Assim, Josi é vista como uma possibilidade. Ela disputou a prefeitura em 2008 contra o ex-prefeito Alexandre Abdalla, beneficiado por ter assumido o comando do município, meses antes das eleições, com o falecimento do histórico prefeito João Cruz, muito popular na cidade e no Estado. A ligação com Cruz foi o maior trunfo de Abdalla, que acabou reeleito.
Há quem já vislumbre outra fissura no próprio PSDB, partido de Laurez, com o empresário Oswaldo Stival Júnior despontando com um forte nome à sucessão. Stival ja tinha se movimentado em 2012, mas, pressionado pelo Palácio Araguaia sob comando do siqueirismo, teve que ceder para Laurez.
O empresário foi candidato a vice de Carlos Amastha (PSB) nas eleições ordinárias do ano passado, e aproveitou a campanha para percorrer todo o município, onde é muito querido e respeitado. Olheiros da política local afirmam que Stival fez em 2018 uma campanha de vereador e concluem sem pestanejar: com vislumbre claro em 2020.
Além disso, é preciso considerar o peso que o governador Mauro Carlesse (PHS) vai ter em Gurupi, seu domicílio eleitoral. Aí vai depender do desempenho de sua gestão. Se o Palácio Araguaia conseguir ser bem-sucedido nos ajustes que está promovendo e em recolocar o Tocantins nos trilhos do desenvolvimento, o fator Carlesse será preponderante nas eleições da cidade e de todo o Estado. Uma das opções dele em Gurupi é o vereador Gleydson Nato (PHS), de quem é muito próximo.
O MDB local está iniciando uma guerra interna, mas há a possibilidade de disputa com o presidente municipal, Walter Júnior, que concorreu em 2016 e assustou Laurez. Walter assumiu o MDB no ano passado e os três vereadores não gostaram. O cheiro de pólvora já está no ar. Assim, para consolidar uma candidatura, o presidente emedebista terá que promover a conciliação do partido.
Em Paraíso, outro veterano se despede do comando da cidade, o ex-governador Moisés Avelino (MDB). De acordo com os olheiros políticos locais, um candidato natural é o vice-prefeito Celso Morais (MDB), que já se movimenta para consolidar o nome.
Entretanto, um fogo amigo da ala tradicional do MDB estaria tentando viabilizar a secretária de Educação, professora Lizete Coelho, esposa do presidente municipal do partido, Alípio Barbosa Neto, no comando da sigla em Paraíso há muitos anos e da extrema confiança do prefeito.
No grupo do deputado federal Osires Damaso (PSC), vários nomes buscam alavancar suas pré-candidaturas, como o ex-vice prefeito Ary Arraes e o empresário Roberto Bandeira. Uma novidade poderia ser o filho do parlamentar, o empresário Egnaldo Damaso. Nas redes sociais, o rapaz tem demonstrando interesse.
Há ainda o grupo do ex-prefeito Hider Alencar (PMB). Primeiro suplente de deputado estadual, ele próprio seria uma opção. Outra, o ex-presidente da Câmara Nando Milhomem (PHS) ou até a vereadora e presidente do Democratas municipal, Vanessa Alencar Pinto.
Em torno de um aliado do governador Mauro Carlesse também existe um trabalho silencioso. O presidente da Agência Tocantinense de Transporte e Obras (Ageto), Virgílio Azevedo (PPS), que já foi presidente da Câmara de Paraíso e teria o apoio do suplente de deputado estadual Ivan Vaqueiro (PPS).
Podem ainda surgir nomes de outras siglas, como PSL e PT.
Este é um raio-x do momento das principais cidades que não terão reeleição. As outras, que terão, são Palmas, com Cinthia Ribeiro (PSDB) e Porto Nacional, com Joaquim Maia (PV).
Mas não podemos esquecer das nuvens. Elas mexem e às vezes até rápido demais.
CT, Palmas, 18 de fevereiro de 2019.