Começa na quinta-feira, 17, o período de propaganda eleitoral de rádio e TV. Ele vem com pílulas e os tradicionais programas dos candidatos. Teremos programas às segundas, quartas e sexta, até o dia 30. Ou seja, na prática, apenas seis dias de programa — o primeiro na sexta, 18 — , fora as pílulas. Com tão pouco tempo, a TV servirá mais para despertar o eleitor para o fato de que o Estado está passando por uma eleição. Fora isso, os candidatos só precisarão evitar erros fatais.
Os programas eleitorais perderam o glamour dos velhos tempos, das eleições presidenciais de 1989, por exemplo. O forte declínio da audiência deles é relatado por vários importantes profissionais do marketing. O primeiro fator desse fenômeno é que a propaganda política foi tragada pelo mesmo buraco de descrédito em que caiu a própria política.
[bs-quote quote=”No Tocantins há o agravante de que muitas regiões não contam com programação local das principais emissoras, porque assistem a TV via antena parabólica. Isso reduz o público dos programas eleitorais praticamente aos principais centros urbanos, mas abafados por esses dois fatores restritivos” style=”default” align=”left” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
A democracia é um exercício permanente. Nela há o momento de exercitar as promessas, depois o do cumprimento delas. O brasileiro sabe hoje o que desconhecia há 40 anos: que seus políticos não têm mais palavra como os das antigas, e que a relação entre candidato e eleitor acaba no momento da vitória. Ou seja, tudo fica nas promessas.
Depois o exercício democrático nos ensinou nessas pouco mais de três décadas que a política, para os políticos, é um negócio, um grande negócio. Todos, isto é, os políticos, ganham milhões de reais, patrimônios dobram a cada eleição sem explicação lógica, ou melhor, lícita, enquanto o eleitorado vai empobrecendo, e, para isso, come as migalhas derrubadas das mesas fartas de campanhas irrigadas com tubulações agigantadas de recursos de caixa 2.
Esse exercício democrático jogou a política na vala do total descrédito e, com ela, a propaganda que a própria fazia de si e dos seus.
Além da deterioração da política, dois adventos tecnológicos derrubou absurdamente a audiência dos programas eleitorais. O primeiro foi o da TV por assinatura, e que todos os anjos digam amém porque a programação aberta está de uma qualidade cada vez mais rasteira. A outra inovação é a quem tem se mostrado muito mais eficaz do que a televisão: as redes sociais. Na verdade, todo o debate político tem se dado nelas, e delas repercute para os demais segmentos sociais.
No Tocantins há o agravante de que muitas regiões não contam com programação local das principais emissoras, porque assistem a TV via antena parabólica. Isso reduz o público dos programas eleitorais praticamente aos principais centros urbanos, mas abafados por esses dois fatores restritivos: ou o público prefere a TV por assinatura com sua programação mais variada, ou as redes sociais porque acredita que tem mais o que fazer do que ficar vendo “promessas de políticos para o enganar o povo”. Aí, então, incluso no combo, o desgaste total da política.
Por isso, o principal papel da propaganda de TV será despertar o eleitor para a eleição suplementar pela qual o Tocantins passa. E isso é muito importante para evitar o que todas as campanhas já estão prevendo e que é péssimo para a democracia: a maior abstenção de toda a história política do Tocantins.
Claro, e esse é mais um sintoma de que as pessoas não dão mais a mínima para a política e seus políticos. Quanto mais para seus programas eleitorais.
CT, Palmas, 14 de maio 2018.