Debate com muitos candidatos acaba sempre sendo xoxo. Quando as alternativas são poucas, uma hora ou outra os principais nomes terão que se encarar e ir para o confronto. Quando são muitas, como nesse debate da TV Anhanguera, o jogo correto é o que foi feito: evitar os riscos desnecessários de desgastes. Quem se dá melhor são os “nanicos”, que conseguem um espaço em horário nobre que não tiveram durante toda a campanha, nem mesmo na propaganda eleitoral.
A estratégia das candidaturas mais competitivas nesse tipo de evento, em que o risco de criar fatos contra si é elevadíssimo, é que termine sem nenhuma novidade. Ou seja, o que se espera é um zero a zero. Esse objetivo parece ter sido alcançado.
Tirando uma cutucada ou outra, que apenas serviu para salgar um pouquinho um debate insosso, nada de novo se viu. Não foram apresentadas propostas que encantassem o público — os candidatos ficaram mais no campo das generalidades, do tipo “vamos combater a corrupção”, “equilibrar as contas”, “atrair empresas”, etc.
[bs-quote quote=”Num evento tão sonolento como se viu na noite dessa quinta-feira até a ausência do governador interino Mauro Carlesse (PHS) passou despercebida” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Nos ataques, o destaque foi para a acusação de que o candidato Vicentinho Alves (PR) não votou a favor da Lei da Ficha Limpa, um fato que alimenta os debates de militantes nas redes, mas cuja relevância é pouco compreensível na ponta. Ou seja, efeito é baixo.
Outra espetada foi no candidato da coligação “A Verdadeira Mudança”, Carlos Amastha (PSB), o “campeão de taxas e impostos”, segundo Marcos Souza (PRTB). O ex-prefeito de Palmas negou, disse que fez política tributária, ainda que o Tribunal de Justiça, por exemplo, tenha visto abusividade no aumento do IPTU de 2018, que foi devidamente derrubado pelos desembargadores.
Para piorar a insipidez do encontro de candidatos, os temas se tornaram repetitivos, porque nas perguntas de temas livres um falava de educação e no bloco seguinte esse era o assunto proposto pela organização. Isso ocorreu algumas vezes, contribuindo ainda mais para que o debate se tornasse desinteressante.
Os eleitores em dúvida que assistiram devem ter terminado de ver o debate com os mesmos questionamentos que iniciaram. Assim, as discussões nas redes sociais, as conversas em família, entre amigos, os últimos movimentos de rua e a influência dos líderes serão ainda mais imprescindíveis nesta reta final.
Num evento tão sonolento como se viu na noite dessa quinta-feira, 31, até a ausência do governador interino Mauro Carlesse (PHS) passou despercebida. Tirando as cutucadas contra ele nas perguntas livres que lhe foram dirigidas no primeiro bloco, pouco se lembrou de sua candidatura. Assim, na mente do telespectador ficou — se ficou — somente alguns cutucões trocados entre os presentes.
Ou seja, desse debate insípido, nem mesmo o candidato ausente foi prejudicado. Vitória de todos com um espetacular zero a zero.
CT, Palmas, 1º de junho de 2018.