Enfim, falta pouco mais de uma semana para as eleições. Depois de seis meses entre pré-campanhas e campanhas, o Tocantins está a exatos nove dias do fim desta angústia que ninguém suporta mais. Esta é a hora do vale-tudo. Virais, pesquisas fakes e tudo o que já se sabe e que, quando se trata de uma larga desvantagem, pouco pode fazer para mudar o quadro.
Isso não é torcida, mas fato. Baseado nos números de uma série de pesquisas, porque uma só é fato isolado pouco confiável, ainda mais por aqui, e na estruturação da geopolítica regional. No caso da conjuntura desta reta final, não houve um só fato que pudesse mudar os rumos das campanhas.
Na verdade, vivemos uma eleição, como a coluna afirmou várias vezes, muito insossa, sem fatos fortes que possam impressionar o eleitorado e abalar candidaturas. Absolutamente nada. As campanhas se tornaram mais frenéticas, intensificaram a movimentação, mas não produziram fatos novos. Claro, isso favorece quem já tem uma larga margem de frente.
[bs-quote quote=”Com esse entendimento da forma de ser do jogo político-eleitoral do Estado, qualquer resultado era possível em 2006, em 2010 e 2014. Não dava para cravar com absoluta certeza quem poderia vencer, porque todas as candidaturas respeitaram as regras. Esta é a grande diferença das eleições de 2018″ style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
No campo da estruturação da geopolítica regional, o que se quer dizer é que as campanhas de oposição vêm com vício de origem. Começaram erradas, caminharam erroneamente e terão fim até óbvio — lógico que menos para os apaixonados, essas criaturas passionais que acreditam até a apuração do último voto.
O Tocantins é um Estado de organização política muito tradicional. Se pegarmos as últimas eleições estaduais veremos apenas candidaturas competitivas do campo que se apelidou de “velha política”. Em 2006, Siqueira Campos contra Marcelo Miranda; em 2010, Siqueira Campos contra Carlos Gaguim; e, em 2014, Marcelo Miranda contra Sandoval Cardoso.
Todos estes são nomes que sempre lideraram o campo tradicional da política do Estado. Havia, dessa forma, um profundo respeito com todos os líderes tocantinenses, e, sabedores que eram do peso desses possíveis aliados, o que se tentava era atrai-los. Dessa forma, um prefeito se sentiria à vontade para apoiar qualquer um dos candidatos colocados, afinal, sua força e importância, em tese, sempre foram respeitadas por todos os nomes da disputa.
Como a coluna já contou algumas vezes, foi nesse contexto que surgiram as fatídicas e indigestas emendas parlamentares estaduais em 2006, quando Marcelo Miranda não conseguia atrair prefeitos, enfeitiçados pelos recursos federais monopolizados pelos congressistas do Tocantins, em sua maioria absoluta siqueiristas empedernidos.
Marcelo não saiu xingando os prefeitos de “vagabundos”, “vendidos”, etc. Ele buscou uma saída que, ao invés de afastar, aproximasse dele os líderes do Estado. O ex-governador conhece como poucos o pensamento da classe política tradicional e, dessa forma, virou o jogo e venceu as eleições contra o ainda mito Siqueira Campos. A história é só para ilustrar como funciona a política estadual. A força do caciquismo local não pode ser desprezada.
Com esse entendimento da forma de ser do jogo político-eleitoral do Estado, qualquer resultado era possível em 2006, em 2010 e 2014. Não dava para cravar com absoluta certeza quem poderia vencer, porque todas as candidaturas respeitaram as regras.
Esta é a grande diferença das eleições de 2018. A regra de ouro — a importância e a força dos líderes locais — não foi respeitada pela oposição. Como a engrenagem tem sua forma rígida de girar e não há como mudar isso em um ano — e nossa esperança é que mude com o tempo —, suas peças, sentindo-se fortemente atingidas pelos impropérios derramados incautamente, reagiram e o resultado do dia 7 de outubro é mais do que previsível. É até óbvio.
Um candidato que soube mexer-se bem no tabuleiro convocou os melhores em campo, e a oposição teve que se contentar com quem não conseguiu se encaixar no time que deve vencer no dia 7. Este é o quadro destes últimos dias de eleições.
Falta pouco para que todos possam confirmar se essa análise está certa ou errada. Como afirmei inicialmente, não é torcida, é fato. Gosto de ver o jogo no tabuleiro e analisar o movimento das peças. Falar diferente seria querer fazer média com todas as torcidas, e esta, definitivamente, não é a minha praia.
CT, Palmas, 28 de setembro de 2018.