Apesar do momento de indefinição, a tendência do MDB é mesmo a pré-candidatura a governador do ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB). Contudo, existe uma condição: a legenda não quer fazer uma coligação para deputado estadual com o PSDB.
O temor é não conseguir votos suficientes para reeleger seus quatro deputados estaduais, Nilton Franco, Valdemar Júnior, Elenil da Penha e Jorge Frederico. Além deles, o partido tem outros nomes em ascensão, como é o caso do ex-prefeito de Sítio Novo Jair Farias.
Com o PSDB, a preocupação se deve ao fato de que os deputados tucanos tiveram em 2014 votação bem superior aos emedebistas. Olyntho Neto obteve 17.199 votos e Luana Ribeiro, 20.906. Pelo MDB, Elenil saiu das eleições com 12.043, Nilton com 12.817, Valdemar com 13.607 e Jorge Frederico com 16.682.
Como o número de vagas é definido pelo coeficiente eleitoral, que fixa uma quantidade de votos para que a coligação consiga uma vaga, que fica com obtém a maior votação, os deputados emedebistas temem perder vaga para os dois tucanos. Isso porque não acreditam que o grupo consiga o coeficiente necessário para que todos os mandatários possam retornar à AL. “Com a média de votação do MDB, Podemos e PSB, haverá uma condição de competitividade para todos. Mas a média de votos dos deputados do PSDB é bem superior à dos demais”, avaliou uma fonte emedebista.
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Rejeição de um lado e outro
Sobre a definição de apoio a Amastha, na verdade, ele é a única a possibilidade real de composição para o MDB. Apesar das frequentes agressões do ex-prefeito de Palmas ao ex-governador Marcelo Miranda, cuja gestão era tratada como “desgoverno” em dezenas de posts nas redes sociais, as divergências não passaram dessas cutucadas típicas de adolescente mimado.
Já com o governador Mauro Carlesse (PHS) havia um enfrentamento estrutural, mais grave, numa disputa intensa por espaço e poder que os caciques do MDB avaliam que extrapolou os limites das relações institucionais republicanas.
Na reunião de sexta-feira, 20, a deputada federal Dulce Miranda deixou claríssimo para quem tinha qualquer dúvida: não quer qualquer aproximação com Carlesse. Marcelo também não pensa diferente: “A chance de Marcelo apoiar Carlessse é menos que zero”, avisou uma fonte próxima ao ex-governador.
Porém, do lado do Palácio Araguaia, o sentimento não é diferente. Os governistas não demostram interesse em ter o MDB na base. Mas entre os emedebistas há quem defenda o apoio a Carlesse, caso do prefeito de Paraíso, Moisés Avelino, que recebeu uma visita do governador esta semana, com direito a fotos e sorrisos rasgados. Avelino não quer conversa com Amastha.
Com Márlon Reis (Rede) é pouco provável que a conversa avance. O advogado e ex-juiz é um dos principais idealizadores da Lei da Ficha Limpa, o carro-chefe de seu marketing. Trazer Marcelo Miranda, com a cassação, jogaria por terra o discurso do pré-candidato da Rede.
De toda forma, na sexta-feira, o MDB constituiu uma comissão para conversar com os pré-candidatos a governador. Ela é formada por Dulce Miranda, Valdemar Júnior, por Herbert Brito Barros, o Buti, e por Jair Farias. O presidente do MDB, Derval de Paiva, disse ao blog que o grupo terá uma posição definida até meados desta semana. A convenção do partido está marcada para a tarde do dia 5 de agosto.