O ex-juiz e advogado Márlon Reis foi um dos participantes do programa Painel, apresentado pela jornalista Renata Lo Prete, na GloboNews desse domingo, 11. O programa discutiu sobre a indicação juiz federal Sérgio Moro para o Ministério da Justiça e da Segurança Pública do governo Jair Bolsonaro.
Sobre a relação de Moro com o Congresso, Márlon avaliou que é “a possibilidade de ser algo bom, algo interessante para o País”. Para o ex-juiz, idealizador da Lei da Ficha Limpa, Moro pode conseguir colocar a pauta anticorrupção para ser debatida em alto nível no Congresso.
“Espero que ele cumpra esse papel de lembrar das nossas balizas constitucionais, de direitos fundamentais, de direitos humanos, porque não dá para fazer Segurança Pública sem lembrar de salvaguardas e garantias para evitar que se transforme tudo num tribunal de exceção”, afirmou o ex-juiz no encerramento do programa.
Márlon contou a Lo Prete que, sob a gestão dos ex-presidentes Eduardo Cunha (MDB-RJ) e Henrique Eduardo Alves (MDB-RN), foi impedido de participar de reuniões na Câmara dos Deputados. “Nós acompanhamos há mais de duas décadas essa discussão no Congresso [sobre transparência e combate à corrupção]. A aprovação da Ficha Limpa, eu coloco como um ponto fora da curva. Parece que depois da aprovação da Lei da Ficha Limpa foi como se o Congresso tivesse pensado assim: ‘opa, não vamos mais deixar isso acontecer’. Chegou ao ponto de sob Eduardo Cunha [e Henrique Eduardo Alves] na Câmara dos Deputados, eu ser impedido de participar de reuniões na Câmara dos Deputados”, disse.
Para ele, aquele foi “um tempo em que nós dos movimentos sociais a favor da transparência e contra a corrupção vivemos mesmo um período de Idade Média no Congresso Nacional”.
Márlon disse que a situação ainda não está melhor hoje. “E não melhorou, e agora precisa ter alguma chacoalhada, para que haja esta abertura”, defendeu. “E quem sabe se o Moro não possa cumprir esse papel de fazer com que o Congresso perceba que essas pautas têm, sim, que ser adequadamente tratadas. A minha esperança reside um pouco nisso.”
Eleições
Ele explicou que o caso dele é diferente de Moro. Márlon contou ter deixado a magistratura em 2016 e só dois anos depois, agora em 2018, entrou na vida política ao participar de uma eleição, quando disputou o governo do Tocantins por duas vezes — na suplementar e nas eleições ordinárias de outubro.
“O fato é que não deixei a magistratura para ser candidato. Foi uma oportunidade que surgiu ao ter deixado. Mas não era o motivo principal. O motivo principal tinha haver com um gargalo pessoal, achava que onde eu estava metido não havia resistência. A magistratura tinha se tornado um ambiente de sufocamento de ideias. Não podia falar o que queria por conta dos limites da magistratura. Esse foi o fator preponderante. Durante muito tempo eu planejei deixar a magistratura por causa disso”, explicou.
O ex-juiz contou que quis voltar ao Tocantins e “fazer um trabalho de formiguinha para levar a mensagem de nova política, de novos padrões, novos pensamentos”. “Considero uma experiência extremamente satisfatória porque eu queria me apresentar. Não descarto a possibilidade de voltar a participar politicamente como candidato”, avisou.
A Rede Sustentabilidade, partido de Márlon, pretende lançá-lo à Prefeitura de Palmas em 2020.