Apresentação
Esta coluna será publicada semanalmente – sempre às sextas-feiras. Trata-se de um espaço para dicas e sugestões de livros e sites especializados no assunto. Falaremos também de filmes e séries, quando baseados em livros. As críticas e sugestões são todas bem-vindas. Elas devem ser encaminhadas para o seguinte e-mail: rubensgoncalvessilva@gmail.com.
Literatura em voz alta
Os amantes de literatura têm espaço privilegiado no endereço eletrônico https://radiobatuta.com.br/tag/clube-de-leitura, dedicado a críticas dos principais autores e obras brasileiros, em forma de podcast, feitas por escritores, biógrafos e acadêmicos.
Abílio Wolney
O jornalista e escritor tocantinense Antônio Oliveira acaba de publicar O homem Abílio Wolney – a verdade sobre história e seu caráter. O livro é uma biografia deAbílio Wolney, influente líder político de Dianópolis (TO) e Barreiras (BA). Segundo o autor, Abílio Wolney ameaçava a oligarquia dos Caiado, poderosa em Villa Boa (hoje Cidade de Goiás) que tinha como líder Antônio Ramos Caiado, o “Totó Caiado”.
Chacina dos Nove
O resultado das desavenças entre os Caiado e os Wolney foi a Chacina do Duro, também conhecida por Chacina dos Nove, que aconteceu em 1918, na cidade de São José do Duro – atual Dianópolis. O episódio foi romanceado pelo escritor goiano Bernardo Elis no livro O Tronco, adaptado para o cinema em 1999. Dirigido por João Batista de Andrade, o filme mostra as disputas de poder que levaram ao rompimento entre os grandes proprietários de terra – os coronéis do sul de Goiás, que comandam o governo, e os do norte do estado.
Grande Sertão: Veredas
Um dos principais clássicos da literatura brasileira, Grande sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, ganhou nova edição pela Companhia das Letras neste ano. Publicado originalmente em 1956, o livro revolucionou o cânone brasileiro. Ao atribuir ao sertão mineiro sua dimensão universal, a obra é um mergulho profundo na alma humana, capaz de retratar o amor, o sofrimento, a força, a violência e a alegria.
A nova edição
Esta nova edição de Grande Sertão: Veredas conta com novo estabelecimento de texto, cronologia ilustrada, indicações de leituras e célebres textos publicados sobre o romance, incluindo um breve recorte da correspondência entre Clarice Lispector e Fernando Sabino e escritos de Roberto Schwarz, Walnice Nogueira Galvão, Benedito Nunes, Davi Arrigucci Jr. e Silviano Santiago.
No cinema
Grande Sertão: Veredas foi adaptado para o cinema em 1965, com direção de Geraldo Santos Pereira e Renato Santos Pereira. O filme faz parte do chamado “Ciclo do Cangaço do Cinema Brasileiro”, e está disponível no YouTube.
NOVO IMORTAL
A Academia Brasileira de Letras elegeu nessa quinta-feira, 14, o romancista e jornalista Ignácio de Loyola Brandão, para a cadeira 11, vaga com o falecimento do Acadêmico e jurista Helio Jaguaribe, ocorrido dia 10 de setembro do ano passado, no Rio de Janeiro. O romancista publicou mais de 40 livros, entre romances e contos, crônicas, viagens, infantis e infanto-juvenis e uma peça teatral. Entre eles: Zero; Não verás país nenhum; Dentes ao sol; O beijo não vem da boca; Cadeiras proibidas; O anônimo célebre; e O mel de Ocara.
Cem anos de solidão
O universo do realismo fantástico da “dinastia dos Buendía” vai virar série. Estamos falando da adaptação do livro Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez, para TV, pela Netflix. O serviço de streaming lançou na semana passada um teaser nas redes.
Mulheres na literatura
Em 2018 as mulheres faturaram os principais prêmios literários do país. No Prêmio São Paulo de Literatura foram três autoras: Aline Bei (O peso do pássaro morto/Melhor Livro do Ano – Estreantes / menos 40 anos), Cristina Judar (Oito do sete/Melhor Livro do Ano – Estreantes / mais 40 anos) e Ana Paula Maia (Assim na terra como embaixo da terra/Melhor Livro do Ano). Carol Bensimon levou o Prêmio Jabuti de melhor romance com o livro O clube dos jardineiros de fumaça (Companhia das Letras).
O peso do pássaro morto
Dos livros acima citados, este colunista leu (e recomenda), O peso do pássaro morto. A obra retrata a vida de uma mulher, dos 8 aos 52, desde as singelezas cotidianas até as tragédias que persistem, geração após geração. O estilo lembra o mineiro Luiz Ruffato, em Eles eram muitos cavalos, mas há um quê da poesia do genial Manoel de Barros. O peso do pássaro morto não está disponível – na data da publicação desta coluna – nas livrarias de Palmas, mas pode ser adquirido pela internet por R$ 30 mais o frete.
Reticência
Graduada em Letras e em Artes Cênicas, Aline Bei ganhou, em 2017, o Prêmio Toca, criado pelo escritor Marcelino Freire, com seu primeiro romance, O Peso do Pássaro Morto. Com ele, venceu o Prêmio São Paulo de Literatura de 2018 na categoria Melhor Romance de autor com menos de 40 anos.
Minientrevista
Livros & Cia – O peso do pássaro morto é sobre perda. Por que esse título?
Aline Bei – Esse título nasceu de uma memória de infância, quando um canário morreu na minha mão.
L&C – A que você atribui o sucesso do livro?
AB – Pelo que me contam, parece que o livro resgata algo da própria vida do leitor.
L&C – Sobre o que será seu próximo livro?
AB – Sobre meu próximo livro, ainda não posso dizer.
RUBENS GONÇALVES
É jornalista no Tocantins
rubensgoncalvessilva@gmail.com