O escritor tocantinense Jádson Barros Neves – autor do livro Consternação – terá um conto publicado em 2020 em uma coletânea nacional que vai marcar a comemoração do centenário de nascimento de Clarice Lispector, celebrado no próximo ano. Organizada pelo escritor mineiro Hugo Almeida, a coletânea reúne textos de vários escritores convidados, que escreveram com base em um dos contos do livro de Clarice, Laços de Família. Jadson escreveu a partir do conto Jantar.
Premiado
Jádson Barros Neves (Miranorte, 1965), residente em Guaraí, é filho de uma professora e de um vendedor de secos e molhados. Publicou seu livro de contos Consternação em 2013. O livro foi finalista do Prêmio Jabuti e da Bienal do Livro de Brasília. Vários contos de seu livro foram laureados, como Entre eles, Os corrupiões, com o Prêmio Maison de l’Amérique Latine, do Concurso Internacional de Contos Guimarães Rosa da Rádio France Internationale/Paris, em 2000. Conquistou o Prêmio Cidade de Fortaleza, em 2003, e o Prêmio Cidade de de Belo Horizonte, em 2008, dentre outros. Frequentou Jornalismo na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Letras Vernáculas na PUC Goiás, Letras (Inglês) na Ulbra e Letras (Português) na Universidade Federal do do Ceará.
A voz do autor
Nos Podcast a seguir, Jádson fala sobre o sucesso de Consternação, descreve o processo de criação do conto em homenagem a Clarice Lispector e antecipa algumas informações sobre sobre seu próximo livro, ainda sem data para publicação. Confira:
Laços de Família
Na coletânea de contos Laços de família, as personagens criadas por Clarice Lispector debatem-se nas cadeias de violência latente que podem emanar do círculo doméstico. Homens ou mulheres, os laços que os unem são, em sua maioria, elos familiares ao mesmo tempo de afeto e de aprisionamento. A obra discute temas como solidão, morte e incomunicabilidade.
Longevidade literária
Por falar em aniversário, a premiada escritora brasileira Lygia Fagundes Telles completa nesta sexta-feira, 19, 96 anos. Nascida em 19 de abril de 1923 em São Paulo, a “primeira-dama da literatura brasileira” iniciou a paixão pela literatura ainda na adolescência, publicando seu primeiro livro de contos, Porão e sobrado, aos 15 anos. Membro da Academia Brasileira de Letras, ela cursou Direito e Educação Física na Universidade de São Paulo (USP), na década de 1940, onde conheceu os escritores Mário e Oswald de Andrade.
As meninas
Lygia já publicou inúmeros livros, que conquistaram diverso prêmios, como APCA, Jabuti e Camões, o principal da Língua Portuguesa. Sua obra mais importante, na opinião deste colunista, é As meninas. Trata-se do início da vida adulta de três jovens universitárias, que têm histórias de vida muito diferentes. A burguesa Lorena, filha de família quatrocentona, nutre veleidades artísticas e literárias. Namora um homem casado, mas permanece virgem. A drogada Ana Clara, linda como uma modelo, divide-se entre o noivo rico e o amante traficante. Lia milita num grupo da esquerda armada e sofre pelo namorado preso.
A Livraria
Uma boa dica de leitura para este feriadão é o livro A Livraria, de Penelope Fitzgeraldo. A obra narra uma parte da vida da viúva Florence Green, que no final dos anos de 1950 resolve abrir uma livraria numa pequena cidade costeira da Inglaterra, chamada Hardborough. Para tal fim, ela compra um velho casarão, supostamente assombrado, reforma-o, e abre sua loja. Ao contrário do que ela imagina, porém, seu empreendimento não é bem visto pela maioria da conservadora comunidade de Hardborough.
No cinema
A Livraria foi adaptado para o cinema em 2018. Com direção de Isabel Coixet, o longa foi co-produzido pela Espanha, Reino Unido e Alemanha. O drama vale ser visto sobretudo pela atuação de Emily Mortimer, que dá vida a Florence Green.
Que você está lendo?
Ronaldo Coelho Teixeira – Jornalista e escritor – “Sou prolixo na leitura. Leio de 2 a 4 livros ao mesmo tempo. Fome voraz causada pela pobreza de lastro cultural nordestina. Atualmente, estou nos devaneios malemolentes de Madame Bovary, nas alucinações do Cavaleiro da Triste Figura (Dom Quixote), aliás, este, presente do meu amigo Paulo Aires Marinho em 2003 e que, só agora, o enfrento. Borges me salva quando disse que o livro está sempre pronto. Nós é que nunca estamos. E, pra fechar o ménage à trois literário, O Jantar, do holandês Herman Koch, para equilibrar a voragem dos clássicos com literatura contemporânea. Ler é isso: encontrar o que sempre esteve dentro de você…”
RUBENS GONÇALVES
É jornalista no Tocantins
rubensgoncalvessilva@gmail.com