A MAIS VOTADA
A primeira polêmica do segundo turno já surgiu e foi aberta pelo vereador eleito de Palmas Carlos Amastha (PSB). É que a campanha de Janad Valcari (PL) postou uma peça em seu perfil no Instagram que diz que ela é “candidata a prefeita mais votada da história de Palmas”, e traz seus 62.126 votos obtidos no primeiro turno.
FAKE NEWS
Amastha respondeu com uma postagem no perfil dele tachando a peça de Janad de fake news. Isso porque ele é o candidato que mais recebeu votos do palmense na história. Em 2016, quando disputou a reeleição, obteve 68.634 votos. “Minha gente, a corrida pelo segundo turno mal começou e já tem candidata vindo com fake news”, afirmou em seu post, lembrando que, inclusive, em 2016, havia muito menos eleitores na Capital, 172.344 contra os atuais 209.524.
MULHER MAIS VOTADA
Contudo, muitos internautas saíram em defesa de Janad e a justificativa para a afirmação da candidata do PL é que ela se referia a candidata mulher mais votada da história, não no geral.
4 PARTIDOS EM QUEDA DRÁSTICA
Dos partidos mais expressivos do Estado, quatro reduziram drasticamente o número de prefeitos eleitos em 2024. Os mais perderam comando em prefeitura foram o MDB, que caiu de 23 para 4 apenas; o PSD, de 22 para só 6; o SD, de 15 para 1; e o PL, de 6 para 3.
INIMIZADE COM WANDERLEI
No caso do PSD, o partido no Tocantins, presidido pelo senador Irajá, foi na contramão do desempenho nacional, já que a sigla comandada no País por Gilberto Kassab, foi a que mais elegeu prefeitos, 877. No Estado, a queda se deve, provavelmente, ao fato de Irajá ter se colocado como inimigo pessoal do governador Wanderlei Barbosa (Repu), fazendo com que líderes evitassem ou até deixassem o PSD, para não ter ou reduzir a rejeição do Palácio. Um caso foi o prefeito reeleito de Porto Nacional, Ronivon Maciel, que trocou a legenda de Irajá pelo União Brasil, pelas mãos do deputado federal Carlos Gaguim. A mais importante prefeitura que o PSD disputou no Tocantins foi a de Gurupi, com Eduardo Fortes, que foi derrotado pela prefeita Josi Nunes (UB).
CRISE INTERNA E TRANSIÇÃO
No caso do MDB, o mal desempenho em 2024 ainda é resultado da profunda crise interna da sigla, que passou por uma transição de comando já no final da pré-campanha, quando saiu o ex-governador Marcelo Miranda e o deputado federal Alexandre Guimarães assumiu a presidência. A legenda já vinha de uma enorme derrota de 2022, quando perdeu seus cinco deputados estaduais e a deputada federal Dulce Miranda não foi reeleita.
ADVERSÁRIO DO PRÓPRIO PARTIDO E INVERSÃO
Alexandre chegou a trabalhar contra candidatos do próprio partido que comanda por conta das acertos eleitorais de 2022. E houve algumas inversões interessantes, como em Palmeiras do Tocantins, onde o histórico emedebista e prefeito da cidade, Júnior Noleto, achou melhor deixar o MDB, já que Alexandre apoiava o grupo adversário. Noleto migrou para o União Brasil e seu oponente, Cleonaldo Batista ingressou no MDB. O resultado é que o partido de Alexandre perdeu um prefeito, já que Noleto deu uma taca no adversário: 76,99% contra 23,01%.
PL NA CONTRAMÃO DA NACIONAL
Outro partido que teve desempenho estadual na contramão do nacional foi o PL, do senador Eduardo Gomes. Enquanto no Brasil o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro encerrou o primeiro turno deste ano com 509 prefeitos, ante 351 quatro anos atrás, no Tocantins, a sigla reduziu o comando de gestões municipais pela metade, de 6 em 2020 para apenas 3 em 2024. Agora disputará o segundo turno de Palmas com Janad Valcari.
SOLIDARIEDADE TAMBÉM ENCOLHEU
O Solidariedade, do deputado estadual Vilmar de Oliveira, também encolheu em número de prefeituras, de 15 em 2020 para apenas 1 este ano. O partido tinha um importante prefeito, Wagner Rodrigues, de Araguaína, que chegou ao primeiro mandato pelo Solidariedade. No entanto, preferiu um partido maior para concorrer em 2024 e, assim, optou pelo União Brasil.
REPUBLICANOS: DE 1 PARA 56
Dos que cresceram, destaque para o Republicanos, do governador Wanderlei Barbosa, que era inexpressivo no Estado em 2020, quando elegeu apenas 1 prefeito. Contudo, foi turbinado pelo ingresso de Wanderlei em 2022 para concorrer ao governo. Sob a presidência regional do governador, o partido foi muito disputado pelos líderes em todo o Tocantins este ano e acabou a eleição com o maior número de prefeitos, 56.
O GIGANTE UB
Outro que teve gigantesco crescimento foi o União Brasil, resultado da fusão de duas grandes siglas, o PSL — partido de Bolsonaro em 2018 — e o Democratas, que elegeram juntas 29 prefeitos em 2020 — 3 do PSL e 26 do DEM, sigla com maior número de prefeitos eleitos há quatro anos. Agora, sob o nome de União Brasil, com parte dos candidatos ligados à presidente, senadora Dorinha Seabra, e outra ao vice-presidente, deputado federal Carlos Gaguim, fez 37 prefeitos. O UB ainda elegeu 27 vice-prefeitos e Dorinha apoiou mais de 50 gestores eleitos ou reeleitos por outras legendas.
CIDADES DE PESO
Entre os prefeitos eleitos pelo UB, algumas das principais cidades do Tocantins, como Araguaína, com Wagner Rodrigues, Gurupi, com Josi Nunes, Porto Nacional, com Ronivon Maciel, Guaraí, com Fátima Coelho, e Colinas, com Josemar Kasarin. Ou seja, para 2026, a base de sustentação de uma possível candidatura de Dorinha a governadora está muito bem fixada.
AMÉLIO COMEMORA
O presidente da Assembleia, Amélio Cayres (Repu), comemora o resultado que obteve no Bico do Papagaio, onde há quatro deputados estaduais — além dele, Fabion Gomes (PL), agora prefeito eleito de Tocantinópolis; Jair Farias (UB) e Wiston Gomes (PSD). Aliados de Amélio contam que ele e seu grupo elegeram 13 dos 25 prefeitos da região.
A FORÇA DE CINTHIA
Ainda sobre Palmas, merece destaque a votação de Júnior Geo (PSDB), com seus 27,99% dos votos (44.326). Muito acima do que chutavam as pesquisas e é resultado de como a prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB) se empenhou na campanha. Inicialmente, Geo foi recebido com excesso de discrição, na sua filiação em abril, e parecia que a campanha seria sem muita empolgação por parte de Cinthia. Contudo, ela e o marido, o deputado estadual Eduardo Mantoan (PSDB), abraçaram efetivamente a candidatura de Geo, o que resultou na excelente votação do tucano, que, de quebra, garantiu um segundo turno na Capital.
A FORÇA DE DIOGO
Outro prefeito eleito que ultrapassou a casa dos 80% foi o de Talismã, cidade comandada pelo presidente da ATM, Diogo Borges (sem partido). Flávio Cristo Rei (UB), candidato de Diogo, fez exatamente 80,25% dos votos contra 19,75% para a ex-prefeita Miriam Ribeiro (Progressistas). Diogo mostrou muita força na cidade. Lembrando que o atual prefeito foi reeleito em 2020 com 82,76% dos votos.
O MAIS BEM VOTADO PROPORCIONALMENTE
Contudo, o maior índice de votação foi o do prefeito reeleito de Arraias, Herman Gomes de Almeida (Repu), que obteve 85,34% dos votos da cidade. Em 2020, ele chegou ao primeiro mandato com 45,01% dos votos.
BILHETE DO CT
Caro prefeito Wagner Rodrigues,
Cumprimento-o pela expressiva vitória de domingo, quando conquistou o segundo mandato com nada menos do que 78,38% dos votos dos araguainenses. Não existe certeza maior de sua aprovação pelo povo da cidade do que constatar o quanto seu desempenho evoluiu de 2020 para 2024, já que há quatro anos obteve 50,87% dos votos. Pela história de Araguaína, sabemos que esse é o resultado não de quatro anos, mas de um grande projeto iniciado ainda em 2012, com a eleição do ex-prefeito Ronaldo Dimas e seu grupo, do qual você já era um dos protagonistas.
O deputado estadual Jorge Frederico é um imenso quadro político do Tocantins, um parlamentar com muito bons projetos na Assembleia — o que está longe de ser uma obviedade, mas, sim, um caso raro. Por isso, essa derrota que ele sofreu nas urnas não foi pessoal. Simplesmente a cidade optou por um projeto que já vem transformando Araguaína há 12 anos e ao qual você soube dar sequência com maestria. Como em time que está ganhando não se mexe, o araguainense preferiu manter o técnico no cargo.
Até porque é cidadão aí é gato escaldado. O grande projeto comandado por Dimas e você, e que divide Araguaína em antes e depois, era para ter sido iniciado em 2009, mas a população preferiu na eleições de 2008 a facilidade do populismo do que a fria realidade. Dessa forma, ao cidadão ficou o dissabor de viver numa cidade — que ainda bem que não existe mais — na época apelidada de “Buracaína”. É sempre assim: a escolha do eleitor é livre, mas, obrigatoriamente, vai colher as consequências.
Em 2012, o araguainense pôde corrigir o erro de quatro anos antes e colocar Dimas onde ele merecia estar desde 2009, no comando da cidade. E isso mudou o município. Eu avaliava, mesmo antes da campanha, que Jorge teria um obstáculo intransponível: convencer o eleitor a dar um salto no escuro. Não que ele seria um prefeito ruim, nada disso. Acho que é outro perfil, com as enormes qualidades que já demonstra no dia a dia da Assembleia. A questão é justamente esse trauma histórico de Araguaína. Por isso, minha convicção de que o choque coletivo daquela época seria o condutor de sua reeleição, além, claro, do excelente trabalho a que você deu sequência.
Parabéns, prefeito, e que a escolha da população resulte em muito mais desenvolvimento para a nossa Capital Econômica.
Saudações democráticas,
CT