CINTHIA EMBIRROU
A prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro (PSDB), não autorizou a Guarda Metropolitana e a Agência Municipal de Trânsito e Transportes (AMTT) a atuarem no tradicional desfile de Sete de Setembro, no sábado, além de não mandar as escolas municipais para participarem do evento. Além disso, Cinthia não autorizou o fechamento da avenida na ala sul da Praça dos Girassóis, onde passaram os grupos que desfilaram em homenagem à Independência do Brasil. A via teve que ser interrompida, de ofício, pela Polícia Militar e pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Para governistas, a prefeita empinou a carroça por estar embirrada com o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), que contrariou o desejo dela de unir Paço e Palácio nas eleições municipais e ainda declarou apoio à candidatura da arqui-inimiga de Cinthia, a deputada estadual Janad Valcari (PL).
CRÍTICAS E IRONIAS
Nas redes sociais, Cinthia fez uma postagem no Threads em que parece responder às críticas. Ela primeiro ironizou dizendo que “falta conhecimento e sobra má-fé em alguns candidatos”. Em seguida diz — com endereço certo e sabido — que “não saber separar sequer a competência dos órgãos federados é grotesco para quem se propõe a ser chefe do Executivo municipal”. E então entra no mérito: “Segurança pública, policiamento ostensivo e investigativo é prerrogativa do Estado”. Cinthia termina o post com ironizando o bordão de Janad na campanha — “preparada, pronta?! Só que não rsrs” — e com um vídeo que parece ser outro deboche com o mesmo endereço:
Publicado por @cinthia__ribeiroVer no Threads
JANAD NÃO FEZ QUALQUER MENÇÃO
Mas parece que Cinthia escolheu Janad para alvo nesse caso do Sete de Setembro sem razão. Isso porque a candidata do PL não fez, publicamente, qualquer menção ao episódio do desfile, segundo a assessoria dela.
O QUE AS CRIANÇAS TÊM A VER?
Quem entrou na polêmica foi o ex-prefeito e candidato a vereador da Capital Carlos Amastha (PSB). Ele criticou a infraestrutura do desfile de sábado. “Horrível”, disse. “Vão dizer que é falta de dinheiro. Milhões em emendas para shows, etc., para isso sobra dinheiro, agora, para fazer uma festa linda para o Brasil, essa estrutura é muito aquém do que o Sete de Setembro merece”, avaliou. Para ele, “pior do que isso” é que no desfile ficou sabendo que “as nossas crianças das escolas municipais não participariam”. “Gente, o nosso orgulho, as escolas cívico-militares, fantásticas, as nossas crianças não participaram do desfile. Parece que é um desentendimento entre o governador e a prefeita. Oh, gente, acordem! O que que nossas crianças, o que o Brasil tem a ver com desentendimento de políticos? Acordem para a realidade, pelo mais sagrado! Que viva o Brasil!”, afirmou Amastha.
ADESÃO A EDUARDO I
Além do ex-prefeito Raul Filho, o vice dele de 2005 a 2008, Derval de Paiva também entrará na campanha do candidato Eduardo Siqueira Campos (Podemos). Derval, como Raul, estará no comício chamado “Juntos por Palmas, nesta segunda-feira, 9, na Praça do Bosque, em frente à antiga sede da prefeitura. Derval foi um dos principais adversários do siqueirismo ao longo dos anos e um dos articuladores do rompimento da União do Tocantins em 2005. Raul também rompeu com Siqueira Campos e se tornou um de seus históricos opositores. E isso é o que torna o apoio dos dois tão simbólicos nesta campanha de Eduardo. Agora o candidato do Podemos tem quatro ex-prefeito na eleição: ele próprio, Carlos Amastha, Raul e o Derval, que assumiu a gestão de Palmas várias vezes na época.
ADESÃO A EDUARDO II
Quem também decidiu ir para a campanha de Eduardo é o vereador Júnior Brasão (PSB), que passa a ser o único parlamentar da Capital de mandato apoiando o candidato a prefeito do Podemos. Brasão seguiu presidente de seu partido, Carlos Amastha, e o próprio PSB, que decidiram ficar Eduardo nesta disputa. O vereador também estará no comício “Juntos por Palmas”, logo mais às 19 horas, na Praça do Bosque.
OUTRA SAIA JUSTA PARA LAUREZ
O vice-governador Laurez Moreira (PDT) foi enfiado em outra saia justa no final de semana. Depois de o irmão, Dida Moreira (PDT), candidato a prefeito de Dueré, dizer, semanas atrás, num comício, que não vai tratar seu vice como o governador Wanderlei trata o dele, agora Márcio Júnior, locutor oficial de Laurez, foi a Figueirópolis, no comício da prefeita Jakeline (PSD), que tem o pedetista Marcos Pelizari de vice, se empolgou no discurso e tascou ao microfone: “Eu vim aqui com o aval do vice-governador, que vai assumir o mandato e vai ser o governador”. Imagine o potencial explosivo dessa frase 15 dias após a operação Fame-19, da PF, que teve Wanderlei como um dos alvos.
NO CALOR DA EMOÇÃO
Lógico que isso repercutiu feito pólvora e Márcio Júnior teve que vir a público se explicar. Ao site Atitude, de Gurupi, o locutor contou que estava prestando serviço no palco e no decorrer do evento afirmou que Laurez vai ser governador. “Eu falei no momento da emoção que o Laurez será o próximo governador por questão política e não quis dizer que será neste mandato, pois sou ligado a ele, foi no calor da emoção”, justificou. Trocando em miúdos, Márcio argumentou que não quis dizer que o vice vai assumir agora, apostando no afastamento do titular, mas, sim, eleito em 2026.
NÃO REPRESENTAM A POSTURA DE LAUREZ
Fato é que a coisa espraiou como erva daninha e Laurez teve que emitir uma nota a respeito: “O vice governador Laurez Moreira esclarece que as falas do locutor e apresentador Márcio Júnior em Figueirópolis não representam a sua postura em relação o governador Wanderlei Barbosa, com quem tem uma relação institucional baseada no respeito e consideração”, afirmou. A nota ainda diz que Laurez “lamenta o episódio e entende que o mesmo já está superado”. “Uma vez que não encontra ressonância no seu histórico de cidadão e político que sempre se comportou dentro dos princípios da ética e da responsabilidade.”
SPRAY DE PIMENTA
Um fato ocorrido nesta madrugada, após o encerramento do último dia do Festival Gastronômico de Taquaruçu, indignou o alto escalão da Prefeitura de Palmas. Após o final do show e das atrações do dia, a prefeita Cinthia Ribeiro, vários secretários e assessores estavam num espaço reservado se distraindo e descansando um pouco antes de retornarem para o plano diretor. Abriram um vinho, ligaram o som e ficaram conversando. De repente, a sala foi invadida por spray de pimenta jogado por policiais militares. Todos começaram a tossir e passar mal. Quando conseguiram deixar o espaço tomado pelo composto químico se deram com os PMs, que disseram ter usado o spray para dispersar uma briga que estava ocorrendo nas proximidades. Detalhe: não havia uma alma viva em toda a redondeza.
NADA MUDOU
A campanha do candidato a prefeito do PSD em Gurupi, Eduardo Fortes, garantiu que nada mudou até agora em relação aos candidatos a vereador do Republicanos. Diz que eles continuam empenhados para eleger Fortes no dia 6 de outubro. O prefeiturável recebeu o apoio de 12 dos 15 candidatos a vereador do partido do governador Wanderlei. A campanha destaca a dedicação que tem demonstrado a vereadora Débora Ribeiro, que, ressalta, é muito próxima de Wanderlei — claro, e a mais contundente opositora da prefeita Josi Nunes (UB).
REAFIRMA APOIO A JOSI
Já o Republicanos de Gurupi, por sua vez, reafirmou que vai apoiar a reeleição de Josi e que, assim, a orientação aos filiados será de voto para a prefeita. Quanto aos vereadores, a legenda ressaltou que os havia deixado livres no início para apoiar quem quisessem. No entanto, a sigla garante que sete irão caminhar com Josi, sete com Fortes e um com Cristiano Pisoni (PSDB). O Republicanos local assegura que “não haverá represália alguma aos que não seguirem o partido” e que o foco continua sendo o fortalecimento da chapa de vereadores para que a sigla possa eleger o máximo possível deles.
PRATAS DA CASA
Com a nomeação na quinta-feira, 5, da nova secretária executiva do Tesouro, Ana Cristina Ribeiro Veras Nunes [à esq.], a cúpula da Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz) passa a ser formada por apenas servidores de carreira. Ana Cristina é administradora da Fazenda; a secretária executiva da Administração Tributária, Márcia Mantovani, é auditora fiscal, bem como o comandante da pasta, o secretário Donizeth Silva. Os três estão na Sefaz há mais de vinte anos.
BILHETE DO CT
Prefeita Cinthia Ribeiro,
Duas posturas suas ao longo de seu mandato me despertaram a atenção muito positivamente. A primeira foi na pandemia da covid-19 em 2020 e 2021. Nenhum outro gestor deste Estado foi tão corajoso e tão firme quanto você nas medidas de isolamento. A pressão era absurda, mas você resistiu bravamente, mantendo-se dirigida tão somente pelos indicadores produzidos pela saúde. Vimos bárbaros no campo empresarial e até religioso desrespeitarem a política sanitária que visava promover a vida, e você ali, sem recuar um centímetro fora do que preconizava a ciência. Não tenho dúvida de que, se não fosse por essa sua postura decidida e valente, os mortos pelo coronavírus na Capital teriam extrapolado em muito as 681 vítimas que lamentavelmente registramos.
Depois, vi você dura no combate ao genocida-fascista-obscurantista que tomou de assalto o país para brincar de hospício, com apoio de seus aluados no governo e Brasil afora. Foi um período em que retrocedemos absurdamente na educação, na cultura, nos direitos humanos, na ciência e no meio ambiente, com a destruição de políticas públicas que levaram décadas para serem construídas. Você, de novo, foi a mais corajosa neste enfrentamento entre os prefeitos tocantinenses que não se deixaram prisioneiros do fisiologismo e dos que não estavam enredados por um analfabetismo político crônico. Como eu e tantos outros, você também paga até hoje o preço pela coragem de enfrentar esse obscurantismo que tanto fez o país desandar. Mas tenho certeza de que, como todos nós, deve se orgulhar de ter ficado do lado certo da história. Quando esse surto psicótico que ainda provoca delirium tremens em grande parte de nossa sociedade passar, todos enxergarão a grandeza dessa luta.
Além disso, sob sua gestão, nossa Capital está cada dia mais bela, com obras importantes que a tornam mais moderna e que nos faz encher cada vez mais o peito para declamar aos quatro cantos do mundo: “Sou palmense e moro na cidade mais linda do Brasil!” Ainda que tenhamos muito a fazer para assegurar melhor qualidade de vida à nossa gente, em setores como transporte público e saúde.
Mas, prefeita, a vejo escorregar nas coisas pequenas, menores, que renegam toda a grandeza das batalhas gigantes que você travou. No final de semana tivemos uma porção desse lado nada agradável. Por que pôr óbice ao fechamento de uma rua para o desfile de Sete de Setembro e impedir que crianças participassem de um evento para o qual, imagino, ensaiaram por muito tempo e que marca suas vidas? Não sou nenhum patriota no sentido em voga nestes tempos de imbecilização coletiva: não me emociono com hino nacional (ainda que o considere belíssimo), nem com a bandeira (que é linda) e nunca usei verde-e-amarelo (e depois do que passamos nos quatro anos de idiocracia, aí que não vou usar nunca mais mesmo). Patriotismo, para mim, é educar nosso povo, promover inclusão social, combate à fome, às desigualdades e à injustiça. Qualquer outro tipo é pura hipocrisia daqueles que gostam de ostentar o lema fascista “Deus-pátria-família”.
Devo admitir, porém, que nesta época do ano, quando começa a chegar material de divulgação de desfiles do Sete de Setembro, meu coração balança ao ver crianças e adolescentes em fanfarras. Porque, por alguns anos, toquei repique e surdo no Dia da Independência, lá atrás, há coisa de 40 anos. Assim, existe uma memória afetiva que guardo daqueles momentos em que me sentia importante com a roupa cerimoniosa, os instrumentos musicais em punho e as pessoas nos aplaudindo enquanto passávamos.
A partir dessa vivência que há décadas me dá um enorme contentamento, fico pensando que a produção dessa memória afetiva tão positiva foi retirada de forma brutal dessas crianças, impedidas de participarem do desfile de sábado por conta de rusgas eleitoreiras de adultos, algo que elas não entendem e não têm nada a ver com isso.
Nesses momentos deve prevalecer a institucionalidade. Eles não podem ser tratados de forma personalista, egoísta e com birras. Por isso que o líder sempre precisa ter a envergadura que o cargo exige. Nunca deve se abaixar, reduzir o seu tamanho. Não só nos grandes momentos históricos, mas também naqueles bem pequenos e aparentemente até insignificantes. Às vezes são nessas horas menores que o líder pode ter a oportunidade de revelar a seu povo toda a dimensão de seu espírito público.
Sempre lembro nesses episódios da carta do ex-ministro Sérgio Motta, poucos dias antes de sua morte, a seu amigo, irmão e, na época, presidente da República, Fernando Henrique Cardoso: “Não se apequene. Cumpra seu destino histórico, coordene as transformações do país”. Motta resumiu aí a grande mensagem de nosso povo a seus líderes. Se se apequenarem, o custo, inevitavelmente, sempre será muito alto para o elo mais fraco, a população.
Saudações democráticas,
CT