OLHO GORDO
A revolta é grande na comunidade acadêmica da Unirg com a Câmara de Gurupi, mas também com a prefeita Josi Nunes (UB). Ex-presidente da fundação da universidade e hoje membro do Conselho Superior da instituição, o professor Sávio Barbalho defendeu para a coluna que a imposição da lista tríplice para a escolha do cargo máximo da universidade se deve ao que chamou de “olho gordo” do Executivo no caixa da instituição e de mágoa dos vereadores porque não foram atendidos no pressão para simplificar o processo de validação dos diplomas estrangeiros no curso do Medicina.
ÀS ESCONDIDAS
Conforme Sávio, o polêmico projeto já chegou à Câmara de forma inesperada, em 22 dezembro do ano passado, quando a universidade já estava de férias. “Desde o início foi proposto às escondidas”, criticou. Para ele, a tramitação toda ocorreu sem debate, apesar de a eleição para reitor ser parte da instituição desde o seu início, há 39 anos. O ex-dirigente avaliou que a decisão vai na contramão da história e do que ocorre no plano nacional, onde a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal apoiou em novembro o fim das listas tríplices nas universidades federais. Sávio disse que havia compromisso do presidente da Câmara, Valdônio Rodrigues (PSB), de avisar com antecedência se pautasse a matéria, mas o líder da prefeita pediu a inclusão na ordem do dia de forma inesperada, o que impediu a comunidade acadêmica de acompanhar a sessão.
COVARDIA
Além disso, ele lembrou que a prefeita Josi, que foi professora na Unirg, tinha “total compromisso firmado por escrito”, nas eleições de 2020, de garantir autonomia universitária e de não intervir politicamente na instituição. “Infelizmente não foi isso que aconteceu. Por isso, nós entendemos que foi uma covardia”, lamentou.
SE JOSI NÃO QUISESSE NÃO APROVAVAM
Apesar de pouco clara a origem, Sávio avaliou que o projeto “foi urdido no gabinete da prefeita”, e que ela, inclusive, teria feito várias reuniões com os vereadores em sua residência para discutir a proposta. De toda forma, para o ex-presidente da fundação, a prova de que Josi avalizou a iniciativa foi o voto favorável de toda a sua base na Câmara. “Se a prefeita não quisesse a aprovação, era só ter dito ‘não’ para a base, e ela não fez isso”, destacou.
CONTROLE SOBRE O CAIXA
O ex-dirigente interpreta o suposto aval da prefeita à matéria como uma forma de ter controle sobre o caixa da Unirg. “Josi quer fazer a fusão da Fundação Unirg, mantenedora e ordenadora de despesa e que gere o caixa da instituição, com a reitoria, mas, para isso, quer ter na mão uma pessoa que ela controle, nomeada por ela. Porque hoje, a Fundação Unirg se ergueu, após a crise que quase a faliu. É o olho gordo no caixa e para ter uma pessoa de total controle porque um reitor eleito pela comunidade tem independência”, disse.
CÂMARA MAGOADA COM UNIRG
Ainda segundo Sávio, na sessão surpresa de sexta-feira, 19, o presidente da Câmara “tomou a palavra” e disse que a Casa estava “magoada com a Unirg, com a reitora [Sara Falcão de Sousa] e com o Conselho Superior”. “Porque, durante o processo de revalidação dos diplomas estrangeiros [do curso de Medicina], nós não acatamos as demandas que eles apresentaram”, afirmou. Conforme o ex-presidente da fundação, os vereadores queriam que a universidade apostilasse “de qualquer forma” os pleitos da validação por um processo simplificado. “E, nós, do Conselho Superior, tínhamos dito que não, que os diplomas seriam apostilados, validados, por procedimento ordinário: o interessado fazia um teste teórico, depois um teste prático e, por fim, haveria a análise de sua documentação. E eles [vereadores] queriam que não tivesse o teste teórico, nem o teste prático e que fosse por simples análise. Houve pressão de céu e terra, de prefeitos, vereadores, Assembleia Legislativa, deputado federal, senador, todo mundo, porque os interesses eram os mais diversos, com parentes de todas essas esferas [querendo validar o diploma]”, contou o ex-dirigente.
SE NÃO FOSSE ELEITA…
Segundo ele, o Conselho Federal de Medicina e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) disseram que a Unirg estava correta, que tinha autonomia para deliberar. “Então, por trás dessa unanimidade [dos vereadores sobre o projeto] tem essa mágoa. Se não fosse uma reitora eleita pela comunidade acadêmica, ela teria cedido, porque a prefeita teria mandado. E a Sara se manteve firme e disse ‘nós não vamos apostilar o procedimento simplificado'”, afirmou.
VEREADORES CRITICAM DOCENTES
Já os vereadores também fazem duras críticas, mas ao corpo docente. Nenhum dos parlamentares quis se manifestar publicamente e o relator da matéria, Ivanilson Marinho, não respondeu à mensagem enviada pela coluna. Mas vereadores defenderam, em off, que cerca de 20 professores “controlam tudo” na Unirg e, dizem, apesar de ganharem o salário da prefeita mais 30% (os que têm doutorado), “vivem atrás de nós”. “Para que aumentemos o salário da prefeita e, consequentemente, o deles”, dizem. Segundo esses parlamentares, a produção científica desse grupo “é baixa” e, sobre a matéria em si, afirmam que, se não houvesse a lista tríplice, “todos os próximos reitores já estavam escolhidos”. Contam que esse grupo não aceitou nessa discussão uma emenda que previa que o corpo discente poderia participar da banca de contratação de nos professores.
POSTOU E APAGOU
O pré-candidato do PSB, Carlos Amastha, chegou a publicar um vídeo na noite dessa quarta-feira, 24, em que criticava a falta de energia e internet nos pontos de ônibus de Palmas, mas na manhã desta quinta-feira, 25, a postagem [https://www.instagram.com/reel/C6Kjkh4u-ju/?igsh=c3picHpxMHF1dDZ3] havia sido apagada. Seria a primeira crítica dele à gestão de sua quase-futura-aliada e prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB), após o armistício entre os dois. Eles chegaram a flertar a possibilidade de uma aliança para as eleições, mas, desde a filiação do deputado estadual Júnior Geo ao PSDB, a coisa esfriou.
ONDE ESTÁ WALLY?
Por falar nisso, não se viu mais nenhum movimento de pré-campanha de Geo, desde a sua filiação ao PSDB. Geralmente, após a filiação é que as pré-campanhas ganham intensidade.
A REAÇÃO VEM
Nos bastidores do MDB tradicional, a expectativa é grande para a reação do ex-vereador José Ferreira Barros Filho, o Ferreirinha, destituído da presidência do diretório de Araguaína pelo grupo do deputado federal Alexandre Guimarães, novato na sigla e seu próximo presidente regional. Uma coisa é considerada certa: a reação judicial à dissolução vai ocorrer.
PÉRIPLO PELAS ESCARAMUÇAS DO MDB
Nos últimos 20 anos, o MDB enfrentou três grandes crises, no caso do diretório regional. A primeira em 2003 e 2004, quando o então senador Leomar Quintanilha deixou o PFL para ingressar na sigla como presidente regional. O grupo de resistência, encabeçado pelo então deputado federal Osvaldo Reis e pelos principais caciques emedebistas (Derval de Paiva, Moisés Avelino, Eli Borges e Eudoro Pedroza), reagiu. Após uma sucessão de liminares de lado a lado, a guerra só acabou quando Leomar cedeu e entregou o comando a Osvaldo Reis, já na campanha eleitoral de Raul Filho em 2004.
MARCELO X COIMBRA
Depois veio a guerra que uniu a então senadora Kátia Abreu, que também havia deixado o DEM (ex-PFL), e o ex-governador Marcelo Miranda, em 2014, contra o presidente regional do MDB na época, o deputado federal Júnior Coimbra, e o também deputado federal Carlos Gaguim. Outra saraivada de liminares e a contenda terminou com uma intervenção nacional em vários diretórios municipais, a criação de uma comissão interventora e a garantia de legenda para Marcelo disputar o governo do Estado e Kátia a reeleição ao Senado. Ambos venceram.
BRIGA HOMÉRICA
Contudo, passadas as eleições de 2014 romperam numa briga homérica entre Kátia e Marcelo na residência do governador eleito, dias antes da posse. A hoje ex-senadora já havia assumido o comando do partido (era vice na comissão interventora. O presidente interventor voltou para seu Estado e parlamentar tocantinense assumiu o MDB regional). Mais brigas se seguiram entre os dois —dessa vez, no campo da política — e um acordo com a executiva nacional dividiu o diretório do Tocantins entre os grupos querelantes, com Derval de Paiva — aliado de Marcelo — na presidência. A guerra, contudo, só chegou ao fim com a expulsão de Kátia do MDB pela executiva nacional, em novembro de 2017, já como resultado do processo nacional que resultaria na cassação da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Então ministra da Agricultura, Kátia ficou ao lado de Dilma contra o então vice-presidente, o emedebista Michel Temer. Kátia e Marcelo se reconciliaram somente na campanha eleitoral de 2022, quando, ao contrário de 2018, ambos saíram derrotados — ela para senadora e ele para deputado estadual (foto acima).
ENTROU MUDO, SAIU CALADO
Houve quem esperasse outra guerra com a filiação do senador Eduardo Gomes ao MDB em 2019. Mas conhecedor de todo esse roteiro bélico do partido, o habilidoso parlamentar entrou mudo e saiu calado da sigla — se filiou ao PL em 2022. Neste ínterim, consquistou todos os que estava de bico virado por seu ingresso na legenda. Típico de Gomes.
CONFIRA AS CENAS DOS PRÓXIMOS CAPÍTULOS…
Tudo indica que outra novela desse tipo e duração no MDB pode estar sendo iniciada.
LÍDER DO PL NA CÂMARA
O veterano Jucelino Rodrigues foi escolhido na manhã desta quinta-feira para ser o líder da grande bancada formada pelo PL na Câmara de Palmas — já apelidada de “a bancada da Janad”. A legenda saiu da janela partidária com nada menos do que seis vereadores.
DANÇA DAS CADEIRAS I
O barulho foi grande nessa quarta com a divulgação pela coluna de que o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) “convocou” o ex-deputado estadual Raimundo Palito para assumir a presidência da Fundação de Amparo à Pesquisa do Tocantins (Fapt). É que o cargo foi ocupado dia 18 de abril pela professora Maria Eulessandra Sousa Castilho, indicada pelo deputado estadual Jorge Frederico (Republicanos), pré-candidato a prefeito de Araguaína. O convite para Palito visa abrigar um importante aliado do deputado estadual Marcus Marcelo (PL), que deixou o prefeito Wagner Rodrigues (UB) para acompanhar Jorge.
DANÇA DAS CADEIRAS II
Maria Eulessandra, contudo, passará, então, pela dança das cadeiras pela segunda vez por conta de um aliado de Marcus. É que ela havia acabado de deixar a Superintendência Regional da Educação de Araguaína para que outro correligionário do deputado do PL pudesse ser abrigado em seu lugar, o professor Luís Boenergio da Silva Braga, nomeado para o cargo na primeira quinzena deste mês.