BASE PALACIANA PREDOMINA
Levantamento da coluna mostra que 75,5% dos candidatos a prefeito pertencem a partidos da base do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), considerando as coligações das eleições de 2022 mais o Progressistas, que, apesar de ter ficado independente, pediu voto para o Palácio. As siglas de oposição têm 24,2% dos prefeituráveis — algumas legendas que disputam em 2024 não concorreram em 2022. São 234 candidatos da base do governador Wanderlei contra 75 de partidos que foram oposição ao governo há dois anos.
REPUBLICANOS TEM MAIOR NÚMERO DE CANDIDATOS
A sigla com mais candidatos a prefeito é o Republicanos, de Wanderlei, com 87 (28,1% dos 310 — tirando aí os considerados inaptos pela Justiça Eleitoral). Em seguida vem também partidos governistas: o União Brasil com 57 (18,4%), Progressistas com 34 (11%) e PDT com 26 (8,4%). Os oposicionistas PSD, do senador Irajá, vem em quinto com 17 (5,5%), e o MDB, que apoiou Ronaldo Dimas (PL), em sexto com 16 (5,2%). Ainda aparecem com destaque, pela base, PRD com 15 (4,8%) e PSDB com 8 (2,9%); e, pela oposição, PL com 11 (3,5%), PT com 10 (3,2%) e PSB com 8 (2,6%).
PRINCIPAIS PARCEIROS
A coluna levantou os partidos que aparecem mais juntos em majoritárias. Republicanos, do governador Wanderlei, e o Progressistas, do deputado federal Vicentinho Júnior, são os maiores parceiros destas eleições. Eles estão juntos em 33 chapas, das quais 24 com o Republicanos encabeçando e 9 com o Progressistas à frente. Depois vem o partido de Wanderlei com o União Brasil, da senadora Dorinha Seabra Rezende, juntos em 32 chapas, 20 com o Republicanos de cabeça e 12 com o UB liderando.
MAIOR ALIADO
O Republicanos é o principal parceiro da eleição. Ele encabeça 7 chapas com o MDB, 7 com PL, 15 com PDT e é vice em outras 4 com o partido de Laurez Moreira; 3 com o PSDB, em 2 com o Podemos.
OS QUE MAIS SE CONFRONTAM
Os maiores adversários do Republicanos, contudo, estão na própria base. O partido de Wanderlei enfrenta o União Brasil em 22 cidades, o Progressistas em 14, o PDT em 12 e o PRD em 10. Contra a oposição, a legenda do governador disputa com o PSD em 10 municípios e contra o MDB em 8.
OS MAIS “PURO SANGUE”
O levantamento ainda mostra os partidos que mais disputam com chapa “puro sangue”. PRD e UB estão sozinhos em 7 majoritárias, cada, com prefeito e vice; seguidos por Republicanos, Progressistas e PT em 6 cada; PSB em 5; PDT, PSDB e MDB em 4; e PL, Podemos e PSD em 3.
IRAJÁ NA BANCADA DAS BETS
Reportagem do jornal O Estado de S.Paulo coloca o senador Irajá (PSD) entre os 12 parlamentares da “bancada das bets”, que defendem os interesses da jogatina no Congresso. Agora, o lobby dos jogos, diz o jornal, quer votar no Senado a legalização de bingos, cassinos e do jogo do bicho. O Estadão diz que grupo contempla oito partidos que vão da esquerda à direita, passando pelo centrão. Seus integrantes são autores de emendas favoráveis às empresas do setor e atuaram para influenciar servidores do Ministério da Fazenda responsáveis pela regulação das apostas.
LEGALIZAÇÃO DOS JOGOS
Irajá é citado por ser relator do projeto de legalização dos jogos e apostas que tramita no Senado, por ser abertamente favorável ao mercado e ter discutido o tema, em julho, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
NILTON FRANCO NO ALVO
Em Almas, depois do deputado federal Vicentinho Júnior (Progressistas), foi a vez do deputado estadual Nilton Franco (Republicanos) entrar no alvo do candidato a prefeito do Republicanos, Goianyr Barbosa. Ele não gostou de um vídeo em que Nilton disse que a cidade “não pode mais ter retrocesso”. “Em todas as pesquisas que a gente fez aí sempre o Neri [Xavier, Progressistas] está na frente”, garantiu o parlamentar. Em outro vídeo, Goianyr questionou o fato de Neri não ter aceitado o desafio de dividir uma pesquisa, “com um instituto de credibilidade”, para ver quem está realmente liderando. O republicano ainda ressaltou que o mesmo instituto que fez a pesquisa para ele, e que o mostraria à frente, é o que realizou para o irmão deputado em Pium, Propício Franco (Republicanos).
SEM RETROCESSO
Goianyr ainda assegurou a Nilton: “Almas não vai para o retrocesso, não, meu amigo”, e insinuou de novo um suposto complô contra o governador Wanderlei: “Agora, eu já disse qual é o objetivo que vocês têm aqui de me derrotar”.
UM ASSASSINATO ABSURDO
Emocionado, o prefeito de Brejinho de Nazaré, Marquim Nobre (Progressistas) gravou vídeo para manifestar repúdio contra o episódio de sábado, 28, à noite em que um amigo dele, Fábio Lopes de Queiroz, foi assassinado. Na cidade, o que se diz que o tiro que matou Fábio teria sido disparado por um integrante da carreata adversária de Marquim. Teria havido uma discussão entre os dois e o tiro foi disparado. O autor do crime, já está identificado, encontra-se foragido. “Pergunto a vocês: a que ponto nós chegamos? A que ponto chegou Brejinho de Nazaré?”, questionou o prefeito. Para ele, “essa não é a cidade que queremos”. “Nós não merecemos essa cidade que eles querem para nós, com violência, com truculência, e ainda se escusando de suas responsabilidades. Cadê o juramento que vocês fizeram diante da medicina? Por que não pararam a carreata , por que não foram lá dar socorro ao meu compadre? Por que não foram lá no hospital? Vocês só vão lá para procurar voto, né? […] Vocês derramaram sangue inocente, e Deus vai cobrar de vocês.”
URNAS DE 2020 E 2022
No Tocantins, 4.925 urnas eletrônicas estarão em funcionamento nos 139 municípios no dia da votação, domingo, 6. São 2.919 equipamentos de 2022 e 2.006 de 2020, distribuídas entre as 33 zonas eleitorais. Os modelos foram distribuídos entre julho e agosto pelo Tribunal Regional Eleitoral do Tocantins (TRE-TO). No Estado, as urnas mais modernas e atualizadas substituíram equipamentos fabricados entre 2010 e 2016, que não serão mais usados nas eleições. As urnas atuais, além de modernas e ergonômicas, são 18 vezes mais rápidas do que as urnas de 2015, graças a um processador mais potente.
BILHETE DO CT
Caro eleitor,
Esta é a última semana em que você será tratado como alguém importante pela maioria de seus próximos representantes. Depois de domingo, vão sumir aqueles que encheram sua paciência dando bom-dia, boa-tarde e boa-noite, todos os dias, nos últimos dez meses, no WhatasApp; que ficaram no pé para ser recebido em sua casa e que sorriam mesmo diante das críticas que você lhes fazia olho no olho. Viam à frente deles um voto, não um cidadão. Voltarão a se trancar no Olimpo, de onde descem a cada dois anos para pedir votos para si ou para os aliados que contratam sua liderança em eleições das quais não participam.
Por isso, não pense neles. Pense em você. E pensar em você é pensar, antes de tudo, coletivamente. O voto é algo individual de efeito coletivo. Ao contrário do que se apresenta, cidadão não é consumidor. E a diferença entre esses dois substantivos reside justamente nas consequências do que praticam. Ir às compras é um ato individualista em si mesmo. A mercadoria é para uso da pessoa ou, no máximo, de sua família.
O cumprimento do dever cívico de votar é diferente. Precisa considerar os interesses e necessidades do conjunto da sociedade. Por isso, não há nenhuma outra prática egocêntrica mais perversa para si e para os outros do que vender o voto. Torna você um corrupto tal qual os políticos que, com razão, critica.
Nunca comercialize seu futuro e de sua cidade, o que ocorre com quem mercantiliza o privilégio de escolher seus representantes. E não tenha dúvida de que o sujeito que está indo até você oferecer dinheiro ou qualquer outro tipo de negócio é o pior dos cidadãos, um perfeito canalha. Como eleger alguém assim? Esta semana esse fluxo mercantil das eleições vai se intensificar. Vire-lhes as costas.
Esse é um dinheiro maldito, porque, com a eleição de um pilantra, sua cidade não vai avançar. Escolha um candidato de boa história de vida, que respeite os mais próximos e tenha excelentes propostas. Lembre que o voto secreto é a maior conquista da democracia liberal. É só entre você e a urna. E mais ninguém.
Saudações democráticas,
CT