MAIORES DERROTADOS
Os maiores derrotados das eleições de Palmas desse domingo, 6, para variar, foram os institutos de pesquisa. Erraram, em geral, com abismal diferença no confronto do que mostraram com os resultados oficiais do TSE. No geral, os três principais, cujos levantamentos a Coluna do CT publicou, hipertrofiaram a candidata do PL, Janad Valcari, esvaziaram Júnior Geo (PSDB) e mantiveram Eduardo Siqueira Campos (Podemos) nas proximidades da margem de erro, ainda que, na maioria, fora dela. Outros institutos regionais seguiram a mesma cartilha.
IPESPE
O Ipespe, realizado entre segunda, 30, e quarta-feira, 2, mostrava Janad com incríveis 52% (com a margem de erro, de 48,5% a 55,5%). As urnas deram à candidata do PL 39,22%. Geo foi desidratado: o instituto deu a ele 20% (de 16,5% a 23,5%) e as urnas lhe garantiram 27,99%. Para Eduardo, o Ipespe deu 28% (de 24,5% a 31,5%) e o eleitor, 32,42%.
QUAEST
A Quaest, coletada de sexta, 4, a sábado, 5, seguiu esse rumo: para Janad deu 49% (de 46% a 52%) e ela teve 10 pontos a menos, 39,22%; esmilinguiu Geo absurdamente para 16% (de 13% a 19%), enquanto as urnas deram ao tucano 27,99%. Não há ciência que explique isso, ou a estatística deixou o campo científico. O instituto manteve Eduardo dentro da margem de erro: 35% (de 32% a 38%) e as urnas cravaram 32,42%.
VERITÁ
A que chegou mais próxima do resultado oficial foi a Veritá: deu 44,4% para Janad (de 40,9% a 47,9%) e as urnas, 39,22%; 36,2% (de 32,7% a 39,7%) para Eduardo, que teve, oficialmente, 32,42%; mas também fez a intenção de votos em Geo se esvair, ao cravar ao tucano com 19,1% (de 15,6% a 22,6%), enquanto as urnas garantiram a ele 27,99%.
Confira o comparativo:
REFUNDAÇÃO DE PALMAS
O ex-prefeito e agora vereador eleito de Palmas Carlos Amastha (PSB) iniciou o dia seguinte às eleições com sua tradicional caminhada em que agradeceu a votação e já abriu o debate sobre o segundo turno inédito da Capital. Sobre sua vitória, afirmou: “Não foi fácil, pensa uma eleição difícil! A mais difícil que a gente enfrentou”. Em seguida convocou: “Agora, gente, vamos lutar para consolidar neste segundo turno a vitória do Eduardo [Siqueira Campos, Podemos]”. Para Amastha, nesse domingo, o sentimento “era de uma refundação, um renascimento de Palmas”. “Porque aquilo que estava escrito para destruir nossa cidade foi vencido. E dá esperança. Esperança de que a política ainda possa colocar nossa Palmas no caminho do desenvolvimento”, afirmou.
VOTOS DOS VEREADORES DE JANAD PARA ADVERSÁRIOS
As coligações contaram os votos dos candidatos a vereador de Janad Valcari (PL), eleitos e não eleitos, e chegaram a 106.418. Detalhe: ela teve 62.126 votos nesse domingo, 6. Já os demais pegaram caminho inverso. Eduardo Siqueira Campos (Podemos) fez 51.344 votos e seus vereadores, 20.778; Júnior recebeu 44.326 e seus candidatos à Câmara, 25.689. Ou seja, os votos dos vereadores de Janad, claramente, migraram para os adversários dela.
WANDERLEI, GAGUIM E DORINHA
Na distribuição pelos principais líderes do Estado, o Republicanos do governador Wanderlei Barbosa fez, como esperado, o maior número de prefeituras, com 56 (de 87 lançadas); o União Brasil, da senadora Dorinha Seabra e do deputado federal Carlos Gaguim, 37 (de 57); o Progressistas, do deputado Vicentinho Júnior, 15 (de 34); PDT, do vice-governador Laurez Moreira, 8 (de 26); o PSD, do senador Irajá, 6 (de 17); o MDB, do deputado federal Alexandre Guimarães, 4 (de 16); e o PL, do senador Eduardo Gomes 3 (de 11).
WANDERLEI PERDEU ONDE MAIS SE EMPENHOU
Contudo, o governador Wanderlei perdeu em cidades em que ele se empenhou pessoalmente, e com enorme diferença para seus adversários, apesar da excelente avaliação dele nesses municípios. Em Paraíso, Osires Damaso (Repu) só fez 19,43% dos votos e perdeu para Celso Morais (MDB) de lavada — o prefeito foi reeleito com 80,57%. Em Porto Nacional, Toinho Andrade (Repu) foi derrotado pelo prefeito Ronivon Maciel (UB), 65,34% a 28,02%. Em Araguaína, outra taca monstra: o prefeito Wagner Rodrigues (UB) foi reeleito com 78,38% dos votos contra 21,62% para o deputado estadual Jorge Frederico (Repu). Ainda teve Almas, onde Wanderlei apoiou o cunhado, o jornalista Goianyr Barbosa (Repu), que ficou com apenas 36,1% contra 63,9% para Neri Xavier (PP).
JÁ DE OLHO NOVOS VOTOS
A candidata do PL e seu vice, Pedro Cardoso (Republicanos) fizeram vídeo para agradecer aos mais de 62 mil votos e Janad lembrou que tudo em sua vida “foi com muita luta”, “com muita garra”. “E não seria diferente”, disse ela, então, repetindo o bordão de que está “pronta e preparada” e já pedindo o voto dos eleitores.
FENÔMENO ELEITORAL
Fenômeno eleitoral é o prefeito reeleito de Paraíso, Celso Morais (MDB). Ele conseguiu ampliar o elástico resultado que já havia obtido em 2020, quando chegou ao primeiro mandato com 72,06% e 15.899 votos. Nesse domingo, 6, Celso venceu Osires Damaso (Repu) com 80,57% dos votos, que somaram 21.892.
FILHO DE TAIPAS
Sobrinho do ex-prefeito de Taipas Joaquim Azedo, Rick Azevedo (Psol) foi eleito vereador do Rio de Janeiro. Nascido Taipas, no Tocantins, ele recebeu mais de 29 mil votos, o candidato mais votado do Psol para a Câmara carioca, o 12º no geral, em uma eleição em que o partido perdeu cadeiras no Legislativo — de sete recuou para quatro.
QUESTÕES A EXPLICAR
Na Câmara de Palmas, um vereador novato chega com questões a explicar à Justiça Eleitoral. É Thiago Borges (PL), filho do deputado federal Eli Borges (PL), eleito com 1.799 votos. Acontece que o juiz eleitoral Gil de Araújo Corrêa atendeu no sábado, 5, o jurídico da coligação de Eduardo Siqueira Campos e incluiu o rapaz no polo passivo da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) contra Janad Valcari e que traz entre as acusações a cooptação de candidatos a vereador como forma disfarçada de compra de apoio e voto. A inclusão de Thiago na ação se deve à denúncia de que no dia 29 ele supostamente teria promovido a distribuição de brindes na Quadra 22 do Setor Taquari.
SÓ ESTAVA PASSANDO
Por falar nisso, a senhora que aparece no vídeo agradecendo a Thiago e à Janad gravou um áudio explicando a situação. Ela se chama Lorenna e contou que estava na casa de outra senhora — demonstra no áudio não se lembrar do nome — nas proximidades onde ocorreria a suposta distribuição de brindes por Thiago. “De repente, eu estava passando assim no fundo do carro e um moço pediu: ‘Eu posso gravar você e você só fala que agradece a Janad e ao outro moço lá, o Thiago’. Aí eu fui e falei, mas nem analisei que poderia trazer alguma consequência para algum deles. Mesmo se eu soubesse que iria trazer, eu não teria feito, porque, atrapalhar os outros, jamais”, garantiu dona Lorenna.
Caros Eduardo e Janad,
Primeiro meus cumprimentos aos dois pelo desempenho na eleição desse domingo, quando os palmenses os selecionaram para este inédito segundo turno de nossa cidade.
A grande mensagem do eleitor foi que ele não é bobo. Ao longo de toda a campanha tentou se vender que esta disputa seria resolvida em primeiro turno. Até achei que os institutos teriam juízo e ajustariam seus números inflados na última rodada. Mas não, apostaram no pior, e quebraram a cara. Nosso povo não se deixou conduzir pelo engano. A tentativa claramente orquestrada de “fabricar” o fim da eleição nesse domingo — os números pareciam até uma espécie de copia-e-cola, tão próximos que estavam de um para outro instituto — foi frustrada pela sabedoria popular.
É um tolo qualquer um que acreditar em qualquer coisa que essa gente publicar até o dia 27. Para o bem da democracia, deveriam se abster de fazer novas fabricações, e deixar o cidadão e a cidadã decidirem tão somente com base nas propostas e na história de vocês dois. Nunca, jamais, em nenhum momento, acreditei que a eleição seria concluída em primeiro turno. Eram três candidaturas de elevada conexão popular. Avanço mais: em num momento da campanha houve esse risco. Só fabricações de gente de trânsito por São Paulo, Brasília e Palmas.
Agora vamos debater nossa Capital. O que gosto do segundo turno é a paridade de armas. Mesmo tempo de TV, mesma atenção, mesmos holofotes. É preciso mostrar mais que projetos, acima de tudo, que cidade vocês pretendem construir. Não dá para se esconder em “compromissos agendados anteriormente”. Tem que participar de debates, de entrevistas. Uma clara fuga dessa obrigação essencial não passará despercebida pelo eleitores. E nós da imprensa não deixaremos mesmo que passe.
Meus caros, também é preciso explicar pontos obscuros. Não se trata de invasão de privacidade esclarecer acusações de falcatruas em instituto de previdência ou citação em operações da Polícia Federal para investigar suposto desvio bilionário na construção de estradas. Também não é de foro íntimo acusações de destratar pessoas humildes ou possível envolvimento em fraudes em licitações em prefeituras — setor delicadíssimo para o cargo que vocês pretendem ocupar, diga-se. Tudo isso é fundamental e de interesse do cidadão porque interfere diretamente na condução da res publica e, se negligenciarmos esses pontos, pode significar colocar lobo para afagar ovelhas. Olhem nos olhos do eleitor e explique, claramente.
Esse debate em segundo turno tem que ser franco, duro, mas limpo e de alto nível. Boa sorte aos dois e que a grande vencedora desta eleição seja a nossa amada Palmas.
Alea jacta est.
Saudações democráticas,
CT