O veterinário César Halum, que foi deputado estadual e federal, secretário estadual da Agricultura, diretor do Ministério da Agricultura e hoje é apresentador do programa Mundo Agro e um dos principais articuladores do movimento do agronegócio tocantinense, publicou vídeo nas redes sociais na manhã desta segunda-feira, 27, para criticar a “menina dos olhos” do governo Wanderlei Barbosa (Republicanos), o Programa Jurisdicional de Redução de Emissões de Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+). “Não é um projeto ambientalista, é um projeto dinheirista”, disparou Halum.
EMBAIXO DO TAPETE
Segundo o ex-secretário, não há nenhuma informação para a população sobre o programa. “Tudo jogado embaixo do tapete”, disse. No entanto, comemorou: “Até que enfim algumas pessoas resolveram discutir esse projeto REDD+”.
NÃO É PROJETO DE SEQUESTRO DE CARBONO
Halum defendeu que o programa “não é de sequestro de carbono”. “Ele é um projeto de equivalência. Não desmata aqui, mas quem pagar pode desmatar em qualquer outro lugar do mundo”, afirmou. “Ninguém tem o direito de vender a natureza e ninguém tem o direito de pagar para receber autorização para desmatar. Por isso, eu convido todos os verdadeiros ambientalistas de Tocantins e o Ministério Público Estadual para promover um debate sobre essa falta [de informação] e esclarecer as verdades à população tocantinense.”
Assista:
FLORESTA NÃO SEQUESTRA CARBONO
À coluna, o ex-secretário estadual da Agricultura explicou que a floresta não sequestra carbono. “Ela é uma área de equilíbrio. Porque sequestra carbono enquanto está crescendo, está em formação. Depois que é formada, entra com a decomposição natural da floresta. A decomposição emite carbono. Então, o que ela sequestra, ela emite, assim, neutraliza. Então, a floresta neutraliza”, disse.
AS PLANTAS SEQUESTRAM
Halum disse que quem sequestra o carbono são só as plantas, através da fotossíntese. “Quando uma planta respira, ela puxa o ar, traz o oxigênio e solta o gás carbono. Ela puxa o gás carbono e solta o oxigênio. Então, lavoura, por exemplo, ela sequestra carbono. E ela é renovável”, ensinou.
COMPRA AQUI PARA DESMATAR NA EUROPA
Assim, o ex-secretário afirmou que a empresa Mercuria Energy Group, parceira do Tocantins no REDD+, vai comprar, por exemplo, 20 mil hectares no Estado e passará a ter o direito de desmatar na Suíça, ou onde ela quiser, os mesmos 20 mil hectares. “Quando você emite gás carbono, você não emite numa região, você emite para o mundo. Então, estão comprando o direito de poder desmatar lá. Isso não é preservação, isso não é projeto ambientalista”, criticou.
MUNDO INTEIRO REJEITOU
Segundo Halum, “o mundo inteiro rejeitou” essa proposta. “Aí eles [governo do Estado] estão contando um papo que Tocantins é o único estado no Brasil que está fazendo o REDD+. E você sabe por quê? Porque os outros não são bobos, não quiseram fazer. Não é que nós somos mais inteligentes, não. É porque eles [outros Estados] viram que os produtores rurais são contra, a ProSoja Brasil, as entidades todas já se manifestaram contra”, afirmou.
ESMOLA PARA O ESTADO
Sobre a estimativa de faturamento do REDD+, que o governo calcula em R$ 2,5 bilhões até 2030, Halum chamou de “esmola”. “Isso é uma esmola. Porque eu vou ter que ficar 30 anos sem desmatar essa área que vão vender. O Estado tem 5 milhões de hectares ainda para desmatar e crescer a produção agrícola. Por que o Tocantins é o Estado que mais desmata? Porque é o Estado mais novo, começou agora, não tinha nada. Mas nós temos 52% da nossa mata nativa preservada. E a lei diz que é 35%. Então, nós ainda temos 17%. Vamos aumentar muito a nossa área de produção. O PIB do Tocantins hoje está em R$ 63 bilhões. Daqui a três anos, o nosso PIB será de R$ 100 bilhões. Daqui a dez anos, de R$ 200 bilhões. Então, esses R$ 2,5 bilhões deles são esmola para travar o Estado, para não deixar o Estado crescer”, defendeu.