A colunista Mirelle Pinheiro, do portal Metrópoles, contou na sexta-feira, 3, um episódio inusitado descoberto na Operação Overclean, deflagrada pela Polícia Federal para desarticular organização criminosa suspeita de envolvimento em fraudes licitatórias, desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro, e que também envolve o Tocantins, além de Amapá, Goiás, Bahia e Rio de Janeiro. Segundo a jornalista, Amon, motorista de Alex Parente, apontado como líder do esquema criminoso, supostamente teria furtado R$ 30 mil em propinas, dinheiro que teria sido encarregado de transportar em setembro do ano passado para uma secretaria do governo tocantinense.
R$ 1,4 BILHÃO
De acordo com a PF, durante o período investigado, o grupo teria movimentado cerca de R$ 1,4 bilhão, incluindo R$ 825 milhões em contratos firmados com órgãos públicos apenas em 2024.
MODUS OPERANDI
Mirelle contou que Amon era responsável por transportar dinheiro em espécie destinado ao pagamento de propinas. “O modus operandi era claro: valores retirados de empresas ligadas à organização criminosa eram entregues a agentes públicos em diferentes estados. Para manter o fluxo, motoristas como Amon desempenhavam papel fundamental na logística”, afirmou a jornalista.
ENQUANTO CALIBRAVA PNEU
De acordo com a colunista, quando chegou à secretaria do governo do Tocantins em setembro do ano passado — que não foi especificada –, Alex Parente percebeu que o dinheiro havia desaparecido. “Amon alegou que o dinheiro sumiu enquanto calibrava os pneus em um posto de gasolina”, relatou Mirelle. “Desconfiado, Alex decidiu conferir as câmeras de segurança do local. As imagens confirmaram que Amon mentiu.” Segundo Alex, continuou a jornalista, o motorista teria usado o momento em que ele estava ausente para retirar o dinheiro escondido sob o carpete do carro, próximo ao compartimento do estepe.
OUTRO INCIDENTE
Mirelle ainda reportou que as desconfianças de Alex não eram novas. Isso porque em diálogos interceptados pela Polícia Federal ele revelou a seu comparsa apelidado de Bolo, piloto de avião do suposto esquema, que Amon já havia se envolvido em outro incidente de desaparecimento de dinheiro, dessa vez em parceria com um indivíduo chamado Daniel.
• Alex: “Ele foi cagado de sorte! Quando eu voltei pro carro, ele estava fingindo mexer na mala com uma chave de fenda. Fiquei cismado, mas segui o jogo.”
• Bolo: “Mentira! Ele foi mexer na mala com você ali?”
• Alex: “Foi. E ainda me disse que tinha ido calibrar o pneu. Fui conferir na borracharia, e as câmeras mostram que ele nunca passou por lá!”
•Alex: “Falei pra ele devolver o dinheiro, mas ele com aquela cara de São Tomé: ‘Eu? Nunca faria isso!’ Ladrão descarado!”
• Bolo: “Rapaz, isso é fogo! Roubou e ainda nega. Que doideira!”
PASSOS RASTREADOS
Inconformado, Alex, de acordo com o relato da colunista, tomou a iniciativa de rastrear os passos de Amon, pedindo sua localização. Durante a conversa com Bolo, Alex sugeriu que o dinheiro poderia ter sido escondido na casa de um contato conhecido como Robinho. “Embora pressionado, Amon nunca confessou o furto”, afirmou Mirelle.
SEM DETALHES
Além disso, Alex precisou administrar os impactos do desaparecimento da propina. Em outro diálogo com Bolo, ele relatou que teve de justificar o ocorrido para Rogério, um dos possíveis destinatários do dinheiro:
• Alex: “Expliquei o que aconteceu, mas sem entrar em detalhes. Falei que foi um problema de transporte. Não dava pra falar que Amon roubou!”