O delegado Israel Andrade, responsável pelas investigações sobre o assassinato de Patrícia Aline Santos, 29 anos, disse que houve muita contradição nos depoimentos de Iury Italu Mendanha, 24 anos, e Silas Barreira Borges dos Santos, 23 anos. “Em um momento, o Iury disse que deixou o Silas na Praça dos Girassóis, sem que o Silas tenha falado isso. Em outro, ele conta que jogou a arma fora, quando a polícia, na tarde de hoje [quinta-feira, 16], a encontrou bem escondida no assoalho traseiro do Uno utilizado no crime”, exemplificou.
Para o delegado, a discordância só reforça que os dois não estão dispostos a colaborar com a polícia nos detalhes do crime. “E que pode, inclusive, estarem escondendo algo pior. Eu creio na participação efetiva dos dois no crime. Isso só fortalece que os dois participaram sim, efetivamente. O Iury já até confessou, mas o Silas participou desse crime de homicídio”, disse o titular do caso.
Andrade disse ainda que não vai ouvi-los novamente. “Eu pretendo concluir o inquérito nos próximos dias e indiciar os dois pelo crime de feminicídio, ou seja, homicídio qualificado. Vou aguardar a juntada dos laudos. Já determinei a perícia no veículo e na arma de fogo encontrada. Quando finalizado, irei remeter os autos para o Poder Judiciário”, ressaltou.
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Depoimentos
O delegado contou que o Iury ficou calado durante o depoimento prestado na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), de Palmas, nesta quinta-feira, 16. “Porém, quando ele foi interrogado em Araguaína, na quarta-feira, 14, ele confessou ter matado patrícia. Ele contou que ela estava o traindo. Disse que matou porque recebeu um vídeo dela com outro homem e por isso discutiram e ele a matou com disparo de arma de fogo”, contou
Já o Silas, em Araguaína, não falou muito. “Ele disse apenas que não viu nada. Que não presenciou nada e que Iury teria deixado ele de carro na Praça do Bosque e depois tinha saído com a Patrícia”, contou.
Contudo, no depoimento desta quinta-feira, o Silas resolveu falar. “Ele contou que foi realmente na casa da Patrícia, conforme mostra o vídeo e a convenceu sair com eles dois para tentar que ela reatasse com o Iury. Os três foram a um bar. E indo para outro bar, nas mediações do shopping, a Patrícia teria confessado que teria traído o Iury com outro homem. Nisso o Iury desceu do carro, Patrícia tentou correr pelo lado do motorista, enquanto o Iury rodeava o veículo. Ele disse que estava no banco de trás e viu o momento em que o Iury deu quatro tiros nela e ela saiu correndo. Ele disse que não sabe se os tiros acertaram ou não a Patrícia. Então resolveram fugir”, contou o delegado.
Silas acrescentou mais no depoimento, conforme o delegado. “Ele contou também que o Iury disse que não acertou a Patrícia, mas que tinha apenas dado um susto e que eles deveriam fugir. Passando na ponte do Luzimangues, eles jogaram a arma e a munição fora”, narrou.
“Eles já estão detidos na Casa de Prisão Provisória de Palmas e vão continuar lá até a decisão judicial onde serão processados e devidamente julgados”, disse.
Entenda o caso
O corpo de Patrícia, que foi localizado por volta das 11 horas, dia 9, na Quadra 107 Norte, próximo a um shopping de Palmas. Depois que o corpo da vítima foi localizado, as investigações se concentraram no atual namorado dela, Iury.
Na casa do suspeito, ainda segundo o delegado, foram localizadas no quarto dele duas armas longas e munições calibre 32 para revólver. “Encontramos um coldre para revólver que possivelmente é do que ele matou a vítima”, contou.
O delegado contou, que conversando com amigas da Patrícia, verificou que havia histórico de um relacionamento conturbado. “Eles se conheciam e namoravam a apenas dois meses. Ele já tinha batido nela, tinha feito várias ameaças e que se intensificaram na última semana quando ela terminou com ele e ele não aceitava o fim do relacionamento”, relatou.
Na segunda-feira, 13, a DHPP, de Palmas, identificou o segundo suspeito de participar do assassinato de Patrícia. O Silas.
De acordo com o delegado, assim como Iury, Silas estava desaparecido desde o dia do crime. “O que reforçou a suspeita sobre a participação dele foi o fato de que Iury, no dia que o corpo de Patrícia foi encontrado (quinta-feira, 9), postou uma foto no WhatsApp [com Silas] com o seguinte status ‘Tamo junto meu irmãozinho’”.
Conforme o delegado, pelo fato de Silas não ter sido achado em casa nem se apresentado à polícia, um pedido de prisão será feito contra ele. O suspeito já foi condenado a cinco anos e sete meses de reclusão e multa por tráfico de drogas em 2015.
Na terca-feira, 14, Iury e Silas Barreira foram presos em Campos Lindos, próximo a Goiatins. A dupla foi detida após uma denúncia de que ambos estariam tentando comprar passagem para Goiânia (GO) com nomes falsos.
Se condenados, podem pegar de 12 a 30 anos de prisão.