Os caminhoneiros do Tocantins não aceitaram o acordo que foi feito com o governo federal para suspensão da paralisação por 15 dias. De acordo com o organizador do movimento no Estado, Amaury Lima, os sindicatos que participaram da reunião com a União, não representam a categoria.
“Nós estamos firmes. Aquele acordo foi feito por pessoas que não nos representam. Quem nos representam é nós que estamos aqui dia e noite, queimando no sol e pegando sereno. Agora esses que estão lá com gravatinha não nos representam”, afirmou ao CT na manhã desta sexta-feira, 25.
De acordo com Lima, o governo federal precisa convocar os caminhoneiros para participar das discussões e não só os presidentes dos sindicatos. “Tem que ir uma comissão pelo menos de cinco motoristas para reivindicar realmente o que nós precisamos. Porque esses presidentes de sindicatos não conhecem os sofrimentos que a gente passa, eles não sentem na pele, no dia-a-dia, o que a gente sente. Eles só ouvem falar”, reivindicou.
A pauta de reivindicações da categoria, segundo o caminhoneiro, aborda quatro pontos: redução no preço de todos os tipos de combustíveis, unificação do imposto, construção, duplicação e manutenção de rodovias, bem como a diminuição da taxa de pedágio.
LEIA MAIS
— Entenda os 12 pontos do acordo entre governo e caminhoneiros
— Mesmo com acordo, caminhoneiros mantêm protestos nas rodovias federais
— Com greve, supermercados de Palmas ficam sem frutas, verduras e leite
Adesão de produtores
Na tarde desta sexta-feira, produtores rurais e comerciantes vão aderir a paralisação, em Paraíso do Tocantins. “O Sindicato Rural e a Associação Comercial e Industrial vão vir com a gente para rua. Estamos intensificando o movimento”, contou o caminhoneiro.
Quinto dia de paralisação
Nesta sexta já completa o quinto dia de paralisação dos caminhoneiros. Em todo o país começa a faltar alimentos e combustível. Em Palmas, há registros de que todos os postos estão com estoque de combustível zerado. Em várias cidades do interior também não há mais produto. Filas de dezenas de carros se formaram desde quarta-feira nas revendedoras que ainda tinham combustível em seus estoques.
A Infraero também já avisou que o nível de combustível do Aeroporto de Palmas está crítico e que um voo da empresa aérea Azul já foi cancelado. Prefeituras e Estado estão trabalhando com frota reduzida e utilizando a reserva de combustível da garagem central somente nas viaturas e ambulâncias.
Manifestação nacional
Por volta das 8 horas desta segunda-feira, 21, caminhoneiros do Tocantins decidiram aderir ao protesto que ocorre em vários pontos do País contra a alta do preço dos combustíveis. Em Paraíso do Tocantins, a categoria realizou uma carreata, com apoio da Associação Comercial e Industrial do município, e agora se encontra paralisada na BR-153 (Belém – Brasília). Após esse ato, mais dez trechos foram bloqueados.
Além do Tocantins foram registrados atos em ao menos 23 Estados. Insatisfeitos com o preço do diesel, que subiu 1,76% nas refinarias, na semana passada, os condutores de veículos de carga queimaram pneus nos acostamentos e bloquearam rodovias. Segundo a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), que reúne 700 mil caminhoneiros autônomos, o objetivo é mudar a política de preços da Petrobras, zerar a alíquota de PIS/Pasep e Cofins e isentar o setor da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico.
Os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Carlos Marun (Secretaria de Governo), Valter Casimiro (Transportes), além do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Sérgio Etchegoyen, se sentaram à mesa com 11 entidades que se dizem representantes dos caminhoneiros.
Eles pediram a suspensão da paralisação por 15 dias. Em troca, a Petrobras manteria a redução de 10% no valor do diesel por 30 dias enquanto o governo costura formas de reduzir os preços; o governo zeraria a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) para o diesel até o fim do ano e negociaria com os Estados buscando o fim da cobrança pelo eixo suspenso, em caminhões que trafegam vazios. O governo também prometeu uma previsibilidade mensal nos preços do diesel até o final do ano sem mexer na política de preços da Petrobras.
Das onze entidades do setor de transporte, uma delas, a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), que representa 700 mil caminhoneiros, recusou a proposta. O presidente da associação, José Fonseca Lopes, deixou a reunião no meio da tarde e disse que continuará parado. “Todo mundo acatou a posição que pediram, mas eu não. […] vim resolver o problema do PIS, do Cofins e da Cide, que tá embutido no preço do combustível”, disse Lopes.
Nas estradas de todo país, os protestos continuam.