À frente da Operação Jogo Limpo, o delegado Guilherme Rocha Martins confirmou ao CT que a Delegacia de Repressão a Crimes de Maior Potencial Contra a Administração Pública (Dracma) já cumpriu 22 dos 24 mandados de prisão temporária expedidos nesta segunda fase da investigação. O vereador Rogério Freitas (MDB) e o ex-parlamentar Waldson da Agesp já foram detidos, enquanto o presidente da Câmara de Palmas, Folha Filho (PSD), e o vereador Major Negreiros (PSB) já são considerados foragidos.
Guilherme Rocha Martins também confirmou que o suposto esquema criminoso de desvio de verbas públicas através da realização de convênios entre entidades do terceiro setor e a Fundação de Esportes e Lazer de Palmas (Fundesportes) e a Secretaria de Governo e Relações Institucionais (Seagri) irrigou campanhas eleitorais dos políticos alvos da operação. Os contratos entre Poder Público e ONGs foram firmados em pleno ano eleitoral. “Já a comprovação de recursos ilícitos depositados em contas de cabos eleitorais e militantes políticos”, disse o delegado.
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De acordo com a Dracma, alguns políticos receberam o dinheiro diretamente, sem intermediários. “Todos estes agentes políticos que foram presos comprovadamente receberam recursos ilícitos oriundos deste esquema criminoso”, contou Guilherme Rocha Martins. É confirmado pela Polícia Civil que as empresas fantasmas envolvidas no esquema transferiram R$ 40 mil diretamente para Rogério Freitas (MDB), e R$ 10 mil para Folha Filho. Major Negreiros teria sido beneficiado com a transferência dos recursos ilícitos para pessoas próximas.
Nesta segunda fase da Operação Jogo Limpo quatro empresas foram investigadas: a Entre Rios Equipamentos, P2 Produções, ADS Barbosa Empreendimentos, que se utilizaram das federações de arbitragem e de karatê, além da Casa Crer, que recupera dependentes químicos, para fazer o desvio dos recursos. Por mais que algumas organizações realize algum trabalho, Guilherme Rocha Martins entende que todas tinham ciência do esquema ilícito.
“Na verdade, estas entidades precisavam fazer projeto e assinar. Não tem como não ter conhecimento. Não quer dizer que ficaram com a integridade do dinheiro desviado, mas tinham a consciência de que estavam sendo usados para esquema de dinheiro público, por mais que fizessem algum tipo de evento”, disse o delegado do Dracma à imprensa.
Sobre os próximos passos da Operação Jogo Limpo, Guilherme Rocha Martins disse ser difícil prever. “É prematuro. A gente precisa avaliar o que tem apreendido e efetuar os interrogatórios”, comentou por fim.
Entenda
A Operação Jogo Limpo investiga um suposto esquema em que entidades sem fins lucrativos recebiam recursos por meio de convênios com a prefeitura para desempenhar políticas na área de esporte e lazer. Entretanto, estas organizações não-governamentais celebravam contratos com empresas fantasmas ou com um estabelecimento que emitia notas frias ou superfaturadas. A Polícia Civil calcula que os desvios podem chegar a R$ 7 milhões. O dinheiro teria abastecido campanhas eleitorais de 2014.