Os líderes do Exército, Marinha e Força Aérea do Brasil publicaram uma nota nesta sexta-feira, 11, em que criticam “eventuais excessos cometidos nas manifestações” ocorridas no país desde a derrota de Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições em 30 de outubro. No entanto, o comunicado também faz críticas veladas ao Judiciário.
“Assim, são condenáveis tanto eventuais restrições a direitos, por parte de agentes públicos, quanto eventuais excessos cometidos em manifestações que possam restringir os direitos individuais e coletivos ou colocar em risco a segurança pública; bem como quaisquer ações, de indivíduos ou de entidades, públicas ou privadas, que alimentem a desarmonia na sociedade”, diz o comunicado.
Os militares ainda afirmam que tem “compromisso irrestrito e inabalável com o povo brasileiro, com a democracia e com a harmonia política e social do Brasil” e que “a solução a possíveis controvérsias no seio da sociedade deve valer-se dos instrumentos legais do estado democrático de direito”.
Recentemente, as Forças Armadas divulgaram um relatório em que também constataram, assim como outras entidades, que não houve fraude nas eleições. O documento foi feito a pedido de Bolsonaro que acusou por meses, sem provas, que as urnas eletrônicas poderiam ser fraudadas.
Já os apoiadores do atual mandatário, que perdeu a disputa para Luiz Inácio Lula da Silva, estão se reunindo em frente a quartéis militares em alguns estados – depois de bloquearem ilegalmente rodovias nacionais – pedindo intervenção federal dos militares (o que atenta contra o estado democrático de direito e é contrário à Constituição).
Em discurso nesta quinta-feira, 10, Lula afirmou que Bolsonaro deveria “pedir desculpas” para a população brasileira “pelas mentiras que foram contadas nessa eleição” e por “humilhar” as Forças Armadas brasileiras, usando-as politicamente.
NÃO É PAPEL
Em sua conta do Twitter, a presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), condenou a nota das Forças Armadas. Segundo ela, “não é papel dos comandantes militares opinar sobre o processo político, muito menos sobre a atuação das instituições republicanas”. “O direito de manifestação não se aplica a atos contra a democracia, que devem ser tratados pelo nome: golpismo. E combatidos, não são pacíficos nem ordeiros”, afirmou.