Com apenas 43 dias de vida e pesando aproximadamente 2 kg, um bebê diagnosticado com Persistência de Canal Arterial (PCA) realizou cateterismo cardíaco e se tornou o primeiro paciente prematuro do Tocantins a fazer um fechamento percutâneo de canal arterial. O procedimento ocorreu na sexta-feira, 27, pelo serviço de hemodinâmica do Hospital Geral de Palmas (HGP).
A mãe Railany Pereira dos Reis, de Araguaína, veio com a filha Heloísa Iris dos Reis, para Palmas para passar pelo procedimento. “Eu descobri que ela tinha um problema no coração nos exames que foram feitos quando ela nasceu, entre eles um ecocardiograma. Antes dela ter que fazer o cateterismo, ela tomou três medicamentos para ver se fechava, mas como não deu resultado ela teve que passar pelo cateterismo. Graças a Deus, ocorreu tudo bem, ela está ótima e devemos ter alta em breve”, relatou.
O cateterismo é um procedimento minimamente invasivo e que trata doenças cardíacas desde o nascimento (cardiopatias congênitas), evitando a necessidade de cirurgia de peito aberto. Cerca de 200 crianças já passaram por esse procedimento que é feito no Tocantins, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e permite tratar até 2/3 das cardiopatias congênitas.
O médico responsável pelo cateterismo cardíaco pediátrico no Tocantins, Paulo Correia Calamita, explicou o motivo do procedimento de cateterismo ser indicado nesses casos. “A Persistência do Canal Arterial nessa faixa etária pode acelerar os processos de agressão ao pulmão [broncodisplasia], bem como causar quadros de insuficiência cardíaca, enterocolite, prejuízo e infecção do intestino, prejuízo do funcionamento dos rins e neurológico. Esses pacientes têm dificuldade em ganhar peso e se alimentar pela boca, geralmente ficam com sonda e precisam usar oxigênio por muito tempo”.
O médico cardiologista pediátrico, Jonathan Guimarães Lombardi, falou sobre a recuperação da paciente. “No caso específico dessa paciente, que é um recém-nascido prematuro de 30 semanas, com 43 dias de nascida, pesando aproximadamente 2 kg, as 24 horas pós-procedimento foram surpreendentes, ela já se encontrava sem sonda, mamando sem cansaço e sem uso de oxigênio, uma recuperação incrível que confirma o sucesso do cateterismo”, comemorou.
PCA
A Persistência do Canal Arterial (PCA) é um largo vaso do coração que conecta a aorta (que leva sangue ao corpo) à artéria pulmonar (que leva sangue aos pulmões). Este ducto geralmente se fecha no recém-nascido a termo com 12 a 15 horas de vida. Esse fechamento tem que ocorrer, pois só assim a circulação se dá de forma normal, ou seja: o sangue circula pelo corpo e não retorna aos pulmões, o que poderia causar sérios problemas respiratórios. Nos bebês prematuros, o canal arterial permanece aberto por um período mais prolongado, e a frequência da PCA é proporcionalmente maior quanto mais imaturo for o recém-nascido. (Da assessoria de imprensa)