A monarquia britânica anunciou nesta quinta-feira, 8, a morte da rainha Elizabeth II, de 96 anos de idade. “A rainha morreu pacificamente em Balmoral nesta tarde. O rei e a rainha consorte permanecerão em Balmoral nesta noite e retornam para Londres amanhã [sexta, 9]”, diz um comunicado do Palácio de Buckingham, referindo-se ao novo monarca, Charles, e sua esposa, Camilla.
A situação de saúde da soberana já havia deixado os britânicos em alerta desde as primeiras horas da manhã, quando foi emitido um comunicado informando que ela estava “sob supervisão médica”.
“A rainha permanece confortável em Balmoral [residência da realeza na Escócia]”, diz a nota de apenas três linhas divulgada por volta das 8h30.Nas horas seguintes, a apreensão ganhou corpo com a notícia de que os membros da monarquia começaram a se dirigir às pressas para Balmoral, incluindo o príncipe Harry, que vive nos EUA.
Todos os quatro filhos da rainha – Charles, Anne, Andrew e Edward – estão na residência real de Balmoral.
Além disso, súditos já se aglomeram nos arredores do castelo, e o Palácio de Buckingham, em Londres, suspendeu a tradicional cerimônia de troca de guarda.
Elizabeth II era rainha desde 6 de fevereiro de 1952, totalizando mais de sete décadas como soberana, reinado mais longevo na história do Reino Unido.
MAIS DE 70 ANOS DE ESPERA
Nunca antes um herdeiro havia esperado tanto tempo para assumir o trono britânico. Aos 73 anos de idade, Charles III se tornou nesta quinta-feira a pessoa mais velha a tomar posse da monarquia do Reino Unido, sucedendo Elizabeth II, rainha mais longeva da história do país e morta aos 96 anos.
Após uma vida como herdeiro, Charles viu cumprir-se o destino previsto desde seu nascimento, em 14 de novembro de 1948, no Palácio de Buckingham, quando seu avô George VI ainda era o rei.
E o reinado de Charles III começa marcado por incertezas, alimentadas pela indiscutível popularidade alcançada por Elizabeth II e que será um peso a mais para seu primogênito.
O “eterno herdeiro” tem a seu favor a paciência de quem – apesar dos altos e baixos na vida pública e privada – soube ater-se por décadas ao papel a ele designado, preparando-se para o momento de ser colocado à prova.
Charles III também pode se apoiar em um precedente histórico de um rei que assumiu o trono após um longo e bem-sucedido reinado da mãe. Trata-se de Edward VII, filho e sucessor da rainha Victoria, figura-chave de uma época definida por seu nome – a Era Vitoriana – e que coincide com um reinado de quase 64 anos, o segundo mais longo da história britânica, atrás apenas do de Elizabeth.
Tataravô de Charles, Edward VII ascendeu ao trono britânico no início do século 20 e ficou conhecido pelas capacidades diplomáticas, que lhe renderam o apelido de “pacificador”.
Os tempos, no entanto, são outros: o filho de Victoria foi rei de um império no auge de sua extensão e tinha muito mais liberdade de ação que Charles III. O novo monarca também atravessou momentos turbulentos, como o escandaloso divórcio com sua primeira mulher, a superpopular Diana, que morreria em 1997, as acusações de interferência na política britânica e as doações milionárias de monarquias árabes para sua fundação de caridade.
Ainda assim, Charles III conseguiu superar os momentos de dificuldade e ganhou inclusive uma certa imagem de sensibilidade para questões atuais. Não apenas por ter normalizado o próprio divórcio e se casado pela segunda vez, com a agora rainha consorte Camilla, mas também pelo empenho público em defesa do meio ambiente.
Mas tudo isso ainda precisa ser consolidado por um homem que chega depois dos 70 anos a seu encontro com a história, ciente de que precisa surpreender os céticos se quiser vencer o único desafio que importa para a sobrevivência da monarquia: proteger a tradição sem perder o rumo do tempo.
FAMOSO COMO A RAINHA DA INGLATERRA
“Quero ser famoso como a rainha da Inglaterra”. A frase foi proferida certa vez pelo artista Andy Warhol e se referia a Elizabeth II, personagem capaz de atravessar sete décadas como um ícone pop conhecido no mundo todo.
Com seu estilo original e as roupas em tons pastel, a monarca foi capaz de ditar tendências inclusive na velhice, como suas bolsas de pele em formato retangular, com imitações vendidas como água entre suas súditas.
Nos últimos anos, Elizabeth II teve sua popularidade impulsionada pela cultura pop. Do célebre “A Rainha”, filme de 2006 no qual é interpretada por Helen Mirren, até a bem-sucedida série “The Crown”, que narra a história da monarca desde a juventude e vai para sua quinta temporada.
A rainha também foi presença constante no mundo da arte, a começar pelos muitos retratos oficiais feitos por alguns dos mais renomados pintores britânicos, mas passando ainda pelo mundo alternativo.
Há cerca de 10 anos, o misterioso artista Banksy fez um retrato da monarca inspirado em David Bowie em versão Ziggy Stardust.
Elizabeth ainda foi retratada em canções, como “God Save The Queen”, música da banda punk Sex Pistols que chegou a ser censurada em alguns veículos por conta de suas críticas à monarquia.
Tudo isso contribuiu para criar uma imagem destinada a ser lembrada por décadas pelos fãs da realeza.
LUTO DE 3 DIAS NO BRASIL
O presidente Jair Bolsonaro decretou nesta quinta-feira luto oficial de três dias por causa da morte da rainha Elizabeth II, do Reino Unido. O ato foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União (DOU).
Pela legislação, durante o luto oficial a Bandeira Nacional fica hasteada a meio mastro em todas as repartições públicas.
Uma das últimas manifestações oficiais da rainha Elizabeth II foi justamente em relação ao Brasil. Ela publicou mensagem, dirigindo-se ao Presidente da República, para enviar felicitações ao povo brasileiro pela celebração dos 200 anos da Independência. Na mensagem, a rainha disse que lembrava com carinho da visita que fez ao país em 1968.
Nas redes sociais, outras autoridades brasileiras manifestaram pesar pela morte da monarca britânica, que foi a mais longeva rainha da histórica da Coroa. “Em nome do Congresso Nacional brasileiro, presto condolências à família e a todo o povo do Reino Unido”, escreveu o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
O presidente da Câmara dos Deputados também emitiu um comunicado. “Ao transmitir nossas condolências ao povo britânico e à sua família real, relembro as históricas ligações entre o Brasil e o Reino Unido, que datam desde os primeiros anos de nossa vida como Nação independente e que se fortaleceram enquanto a Rainha Elizabeth reinou”, escreveu o deputado Arthur Lira.
O vice-presidente Hamilton Mourão também foi as redes sociais para se manifestar sobre a morte de Elizabeth II. “Deixa hoje o nosso convívio a Rainha de nossa geração, dos nascidos na década de 1950 que se acostumaram a vê-la como símbolo do próprio Reino Unido. O momento é de homenagem a essa figura ímpar de estadista”, postou.
ITAMARATY
Por meio do Ministério das Relações Exteriores (MRE), o governo brasileiro prestou condolências pela morte da rainha Elizabeth II. Em nota oficial, a pasta destacou a trajetória da monarca em sete décadas no poder e sua passagem pelo Brasil, há 54 anos.
“Ao longo de seus mais de 70 anos de reinado, a monarca mais longeva na história do Reino Unido foi símbolo de liderança e estabilidade para o país e para o mundo. Sua visita em 1968, ao lado do Duque de Edimburgo, a Recife, Salvador, Brasília, São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro é lembrada pelo Governo e pelo povo brasileiro como marco da amizade entre o Brasil e o Reino Unido. Rememorar a visita da Rainha Elizabeth II e do Duque de Edimburgo ao Brasil é valorizar a parceria estratégica entre o Brasil e o Reino Unido, que abrange grande número de áreas – comércio, saúde, investimentos, intercâmbio acadêmico, ciência e tecnologia – e que tem, como objetivo maior, contribuir para o bem-estar de brasileiros e britânicos, em prol do progresso de ambos os países”, diz a nota. (Com informações da Agência Brasil)