O colar é simples, mas de rara beleza. Apenas três sementes de jarina, chamada demarfim da Amazônia, chamam a atenção, e mais ainda por ter composto o look da personagem de Glória Pires na novela O Outro Lado do Paraíso. Para ter uma peça igual, ou outra bela biojoia, basta visitar o estande de artesanato do Espaço Empresarial, montado pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia, Turismo e Cultura (Seden), na 18ª Feira de Tecnologia Agropecuária do Tocantins (Agrotins).
Os colares têm assinatura XambiArt e são produzidos por artesãs da Cooperativa dos Artesãos de Biojoias (Cooabx), de Xambioá. O trabalho reconhecido nacionalmente é comercializado pelas próprias artesãs, em feiras de artesanato e duas lojas, em Palmas (Aeroporto) e Rio de Janeiro. De acordo com a expositora Rosângela Ribeiro Amâncio, no Espaço Empresarial, estão expostas peças da coleção passada, que privilegia o uso de sementes, e da nova, com uso de madeira reciclada. “Procuramos sempre inovar”, explica, lembrando que a cooperativa tem parceria com uma movelaria. As sobras de madeira, antes sem serventia, tornaram-se meio de sustento para as artesãs.
Aproveitamento total também é a essência do trabalho com o babaçu. Do coco se extrai o óleo, transformado em azeite ou sabonete, a casca pode ser aproveitada em construções ou artesanato, assim como a casca do coco. O farelo se torna ração para consumo humano ou animal. Um pouco deste conhecimento está presente na Agrotins, no estande da Cooperativa Multifuncional de Economia Solidária do Estado do Tocantins (Coome-Sol), que reúne artesãos de Xambioá, Araguaína e Piraquê. O expositor Carleon Costa da Silva conta que este projeto social, que reúne 35 cooperados, faz sua segunda participação na Agrotins.
O artesanato indígena também se faz presente, com peças da Casa de Cultura Karajá, de São Félix do Araguaia. A expositora Patrícia (Inybiá) Karajá mostra que madeira, miçangas, cabaças, penas, fibras e argila são as matérias-primas de bolsinhas, colares, remos, arcos e flechas ornamentais, além das famosas bonecas Ritxòkò, consideradas patrimônio imaterial brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Outra entidade voltada para a economia solidária, presente no Espaço Empresarial, é a Associação Capim Dourado Ponte Altense, que apresenta uma diversidade de peças produzidas em capim dourado, biojoias, bolsas, artefatos domésticos e decorativos. “Participamos de feiras pela troca de conhecimento, possibilidade de expor nossos produtos e vender, claro”, revela a expositora de Ponte Alta, Rosirene Pereira Meneses.
A alguma distância, as peças parecem de ferro. Somente após um segundo olhar percebe-se que são feitas com bucha e jatobá e pintadas para ter um efeito metalizado. Este trabalho, hoje comercializado em 32 lojas, em vários estados, nasceu há 14 anos, com Guilhermo dos Santos. “Meu pai ainda guarda a primeira peça criada por ele”, conta o filho, também Guilherme. Hoje, são seis pessoas envolvidas na produção artesanal, apresentada com sucesso em diversas feiras pelo país. “Sou criado pela arte”, concluiu orgulhoso.
A 18ª edição da Feira de Tecnologia Agropecuária do Tocantins ocorre até sábado, 12, no Centro Agrotecnológico de Palmas. Este ano, a feira traz como tema O Futuro da Agroindústria sustentável. (Com informações da Secom Tocantins)